Vontade de viver, essas são palavras que definem quem Elizabeth Santos, de 43 anos, moradora de Rio Claro, é! Dona de uma alegria ímpar, a vendedora viveu tempos difíceis nos últimos anos, mas recentemente sua batalha chegou ao fim: há pouco mais de um mês, Beth recebeu um novo rim, após dois anos de hemodiálise e um na fila para conseguir o órgão.

A vendedora levava uma vida normal, trabalhava, realizava os afazeres domésticos, saía para compromissos, foi quando sentiu o corpo inchar.

“Foi tudo muito de uma hora para outra, eu estava trabalhando, fazendo tudo normalmente, mas de repente os pés começaram a inchar, eu tinha muito enjoo, procurei um especialista, Dr. Sidney do Nascimento, e recebi o diagnóstico de Doença de Berger, que também é conhecida como nefrite. Fiz o tratamento durante quase dois anos e existe a possibilidade de você perder ou não o rim, no meu caso acabei perdendo, foi quando recebi o encaminhamento para as sessões de hemodiálise e foi um choque muito grande”, conta Beth.

Já inscrita na lista de transplante desde o início da hemodiálise e sendo atendida pelo nefrologista e médico responsável pelo Instituto do Rim de Rio Claro, Ricardo Garcia, a vendedora enfrentou muitos outros desafios, como por exemplo a necessidade do cateter e a fístula. Elizabeth também foi acompanhada nesse processo de fístula pelo médico Gustavo R. Fink.

Mas no meio desse processo, um diagnóstico errado acabou atrasando a espera pelo novo rim em cerca de um ano.

“Fui erroneamente diagnosticada com um câncer de cólon de útero e meu nome não podia seguir na lista, fiquei inativa até conseguir provar que não estava com o câncer. Foi então que voltei para fila, que não é sequencial e, depois de um ano de espera, no dia 29 de julho deste ano, recebi meu novo rim. A equipe da Unicamp foi responsável pelo procedimento e eu estava sendo acompanhada por eles durante todo o processo”, conta.

A ALEGRIA

Casada e mãe de três filhos, Beth sabia que tudo ia dar certo, com muita fé, esperança e um sorriso carregado de alegria, conta que acordou no dia seguinte do transplante já respondendo muito bem.

“Meu marido recebeu a ligação, eu estava trabalhando, foi um choque, eu havia feito a hemodiálise no dia anterior ao transplante, entrei na sala de cirurgia às 8 da noite e saí às 3h20 da madrugada. No mês de agosto eu completaria um ano na fila de espera, desde que fui inserida novamente”, explica.

Sobre o tratamento que recebeu durante todo o processo, Elizabeth é grata e inclui todos os profissionais e companheiros de hemodiálise – os encontros aconteciam três vezes na semana, durando quatro horas cada um deles, com sua família.

“Minha família me deu muita força, família é tudo na vida da gente, agradeço também todos os amigos, companheiros nessa batalha e profissionais, é uma realidade que poucas pessoas conhecem e a doação de órgãos salva literalmente a nossa vida, sou muito grata por poder continuar minha caminhada, a todos e principalmente aos profissionais”, agradece.

SETEMBRO VERDE

O mês de setembro é dedicado à conscientização da doação de órgãos e transplantes. Profissionais que atuam na área da saúde falam abertamente sobre a necessidade de abordar o tema ainda em vida, já que no momento do falecimento – se for possível a doação dos órgãos, a vontade da pessoa seja respeitada e feita.

Dr. Ricardo Garcia, o médico que acompanha Elizabeth Santos, é também presidente da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes da Santa Casa de Rio Claro, e fala sobre a importância do tema.

“Antigamente, quando uma pessoa entrava na hemodiálise, ela creditava que sua sentença de morte estava decretada e hoje a interpretação é outra, você está entrando para fazer uma ponte para o transplante. Quando você transplanta, você tem uma doença crônica, assim como um diabético, hipertenso, que precisa tomar medicamento diariamente, o transplante é a mesma coisa, vida normal, qualidade de vida e tomando imunossupressor de manhã e à noite, então esses conceitos estão mudando, e o tema da doação de órgãos, que não era tão conhecido, acaba sendo cada vez mais divulgado. A comissão da qual faço parte trabalha exatamente nisso, a informação. As famílias antes não tinham muito conhecimento sobre isso, agora está sendo um pouco mais fácil de falar sobre o assunto”, explica o médico.

Como ser um doador?

No Brasil, para ser um doador não é preciso deixar nada por escrito, nem registrado em documentos. Basta comunicar sua família do desejo de ser um doador, pois a doação de órgãos e tecidos só será realizada após a autorização familiar.

Dr. Garcia conclui. “Converse com sua família, fale da sua vontade em doar seus órgãos, é preciso que as pessoas próximas de você saibam disso para que essa vontade seja respeitada”.

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