Folhapress

Pela quinta edição consecutiva da Copa do Mundo, o Brasil será representado por uma seleção com menos de cinco atletas que atuam em clubes do país.

A convocação do técnico Tite tem apenas três jogadores em atividade no Brasil. São eles o goleiro Weverton (Palmeiras), o meia Everton Ribeiro e o atacante Pedro (Flamengo).

O número se repetiu em 2006, 2010 e 2018. Como o total de convocados aumentou para 26 –devido ao calor no Catar e à pandemia da Covid–, esta será a seleção mais “estrangeira” de todas as Copas, com 23 atletas que atuam no exterior e apenas 11,5% em clubes do Brasil.

No Mundial de 2014, quando o torneio foi disputado em solo brasileiro, quatro atletas de clubes nacionais foram chamados pelo então treinador Luiz Felipe Scolari.

A última convocação com maioria caseira foi a de 2002, ano do pentacampeonato no Japão e na Coreia. Também montado por Felipão, o elenco tinha 13 nomes atuando no país. Alguns foram titulares na campanha, como o goleiro Marcos (Palmeiras) e os volantes Gilberto Silva (Atlético-MG) e Kleberson (Athletico-PR).

Se chegar ao hexa no Catar, esta será a primeira seleção brasileira campeã do mundo com mais representantes atuando fora do país.

A maioria “forasteira” ocorre pela sétima vez na história, consolidando uma tendência observada desde a década de 1990. O principal fator para essa mudança foi a abertura dos clubes da Europa para os jogadores de outros continentes.

Até então, os europeus contavam para o limite de estrangeiros se atuassem fora do próprio país -por exemplo, um italiano jogando na Inglaterra. Com a queda das fronteiras de trabalho na União Europeia, a cota passou a não incluir os jogadores comunitários, abrindo mais espaço para atletas de outros continentes nas equipes de ponta.

A primeira seleção majoritariamente “estrangeira” foi a da Copa de 1990, formada pelo técnico Sebastião Lazaroni com 12 jogadores de clubes europeus e 10 de times brasileiros.

Desde então, aproximadamente 71% dos convocados para vestir a amarelinha em Copas do Mundo foram de clubes estrangeiros (148, contra 59).

Em 1994, a delegação de Carlos Alberto Parreira teve uma composição dividida ao meio. Conquistou o tetracampeonato nos Estados Unidos com 11 representantes de times nacionais e 11 de outros países.

A primeira presença internacional aconteceu ainda em 1934, com a convocação do atacante Patesko, que atuava no Nacional-URU.

Foi também a única nas 11 primeiras edições da Copa, até 1978. Quatro anos depois, Telê Santana quebrou essa sequência e inaugurou a nova era ao incluir na lista o volante Falcão (Roma-ITA) e o atacante Dirceu (Atlético de Madrid-ESP).

A convocação do técnico Tite para o Catar tem 12 jogadores que atuam no Campeonato Inglês, o mais valioso do mundo. O país lidera esse ranking pela terceira vez seguida desde 2014. A Espanha aparece bem atrás na segunda colocação, com cinco nomes neste ano.

Manchester United-ING, Real Madrid-ESP e Juventus-ITA são os clubes com mais convocados: três atletas cada um.

Com a nova lista, o Flamengo se iguala ao Vasco no pódio dos clubes que mais cederam jogadores para a seleção em todos os Mundiais, com 35 cada um. O Botafogo lidera (47), seguido pelo São Paulo (46).

O Real Madrid, do zagueiro Eder Militão e dos atacantes Rodrygo e Vinicius Júnior, passa a ser o primeiro clube estrangeiro a aparecer no Top 10 dessa lista, com 13 atletas cedidos na história. O time espanhol agora ocupa o nono lugar, superando o Atlético-MG, que tem 12.

A convocação tem três jogadores revelados pelo São Paulo (Eder Militão, Casemiro e Antony) e outros três pelo Corinthians (Weverton, Marquinhos e Everton Ribeiro).

América-MG, Flamengo, Fluminense, Internacional e Santos aparecem em seguida, com dois atletas cada. Athletico-PR, Atlético-MG, Audax, Avaí, Bahia, Ituano, Juventude, Palmeiras, Ribeirão-POR e RS Futebol Clube fecham a conta, com um atleta profissionalizado em cada um desses clubes.

A seleção terá no Catar 12 jogadores nascidos no estado de São Paulo, 5 do Rio de Janeiro e 3 do Rio Grande do Sul. Bahia e Minas Gerais contam com 2 representantes. Acre e Espírito Santo completam a lista, com um selecionado cada.

O “baixinho” da turma é o volante Fred (Manchester United-ING), que mede 1,69 m, e o “grandalhão”, o goleiro Alisson (Liverpool-ING), de 1,91 m.

O caçula é o atacante Gabriel Martinelli (Arsenal-ING), de 21 anos, e o mais experiente é o lateral Daniel Alves (Pumas-MEX), de 39. Ele se tornará o brasileiro mais velho a defender o Brasil em uma Copa, superando Djalma Santos, que tinha 37 no Mundial de 1966.

Outro veterano na lista é o zagueiro Thiago Silva (Chelsea-ING). Ele será apenas o oitavo brasileiro da história a disputar quatro Copas na carreira, depois de Castilho, Nilton Santos, Djalma Santos, Pelé, Emerson Leão, Cafu e Ronaldo.

Dos 26 chamados por Tite, dez já jogaram ao menos uma Copa. Além dos já citados Alisson, Daniel Alves, Thiago Silva e Fred, defenderão novamente a seleção o goleiro Ederson (Manchester City-ING), o lateral Danilo (Juventus-ITA), o zagueiro Marquinhos (PSG-FRA), o volante Casemiro (Manchester United-ING) e os atacantes Gabriel Jesus (Arsenal-ING) e Neymar (PSG-FRA).

Principal estrela do elenco, Neymar se tornará o primeiro jogador brasileiro depois de Pelé a disputar três Mundiais vestindo a lendária camisa 10 da seleção eternizada pelo Rei.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.