Natural de Brotas mas rio-clarense de coração, a fotógrafa Patrícia Gonçalves, 44 anos, tem na veia o DNA do talento. Nasceu com uma deficiência visual por falta de oxigenação no cérebro. Esse fator afetou o nervo ótico e por isso tem apenas 10% da visão. A limitação, que a acompanha até hoje, não a impediu de lutar por objetivos e conquistar metas e reconhecimento. Confira na entrevista!

JC: Quais recordações você tem e como lidou com essa limitação ao longo dos anos?

Patrícia: “Eu fui uma criança invisível. Sentava no chão para conseguir copiar a lição da lousa, pois da carteira não enxergava. Eu lembro de comer o meu lanchinho da escola dentro do banheiro sozinha, porque eu não queria sofrer bullying. Naquela época não era chamado dessa forma, mas tinham atitudes de colegas que me doíam. Com o passar dos anos eu fui criando mais forças e vendo que algumas coisas eu não queria mais viver, mas abandonei a escola por dois anos voltando depois, pois vi que somente eu ia ser a prejudicada”.

JC: A paixão pela fotografia começou quando? E o trabalho nesta área?

Patrícia: “Trabalhei como conselheira tutelar e também fui sacoleira. Nesta época, por volta de 2013 eu tinha algumas pessoas que faziam as campanhas fotográficas para eu vender as roupas e uma dessas pessoas me deu um golpe em um projeto que eu criei e foi quando eu decidi que eu iria tirar as minhas próprias fotos das coleções. Comprei a minha primeira câmera fotográfica, um modelo simples, chamei uma amiga e fui treinar. No começo me chamaram de louca, porque eu só enxergava 10%, mas eu pensei: se outras pessoas podem, eu também posso! Quando eu coloquei os meu olhos na câmera e vi que podia enxergar melhor, foi a melhor sensação que eu tive. A partir daí não parei mais. Fui fazer cursos, conhecer outras lentes. Foi a descoberta da minha vida”.

JC: Algum trabalho ou ensaio te marcou mais até hoje?

Patrícia: “Cada fotografia que tiro é única, tem a sua essência, mas posso citar um caso de uma mãe que me procurou porque ela estava vivendo o luto pela perda de um filho há dois anos. Ela me disse que precisava se ver de novo como mulher. Teve uma outra situação também de uma gestante que chegou para fazer o ensaio e estava muito triste, pois o bebê que ela esperava estava muito doente antes mesmo de nascer. Naquele momento dei todo o apoio para ela, fizemos o ensaio e ela curtiu cada momento. Quando a criança nasceu, após 10 dias veio a óbito e eu vi a foto que eu fiz dela grávida escrito ‘Luto’. Eu como mãe isso me marcou demais, porque eu registrei um momento para que ela possa guardar pela vida inteira”.

JC: Seu trabalho tem ganhado notoriedade e reconhecimento. Comente sobre suas últimas conquistas/cursos.

Patrícia: “Tenho dado um passo de cada vez nestes sete anos como fotógrafa e há três abri o meu estúdio. Fiquei em segundo lugar no treinamento ‘Prosperar’ do mentor Marcos Fiel em Campinas com mais de 200 empresários de todo o país e isso abriu um leque de oportunidades para mim, com o qual hoje fotografo muitos empresários em Sorocaba, Limeira, Americana e Campinas. Agora no dia 8 de abril, também vou receber um prêmio em Campinas e sair em uma revista como reconhecimento pelo meu trabalho e por ser uma mulher empreendedora”.

JC: Que mensagem você deixaria para quem possui algum tipo de limitação, porém sonha em empreender?

Patrícia: “A verdade é que todos nós temos algum tipo de limitação. Uns sabem cantar e outros não. Uns fazem tão bem crochê e outros não têm a menor habilidade. O que precisamos aprender é conviver. Portanto se você quer empreender você é o único responsável pelo seu fracasso ou sucesso. Nós precisamos ser ousados, corajosos e fortes”.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Patrícia Gonçalves o Facebook dela é: https://web.facebook.com/pattygoncalvesfotografia

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