Parar de fumar pode reduzir pressão arterial de hipertensos em apenas 12 semanas

Parar de fumar pode reduzir pressão arterial de hipertensos em apenas 12 semanas

Um estudo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP) mostrou que parar de fumar leva à redução da pressão arterial de fumantes hipertensos em apenas três meses, mesmo entre aqueles que já fazem uso de medicamentos para controle da hipertensão. A queda da pressão arterial média em pessoas que pararam de fumar chegou a 6Mmhg (milímetros de mercúrio, medida utilizada pelos aparelhos que medem a pressão).

Os pesquisadores avaliaram 361 participantes, em um estudo randomizado, entre eles 113 fumantes hipertensos. Dessa segunda parcela, 72 pessoas pararam de fumar (grupo cessação) e 41 participantes não pararam, mas diminuíram o consumo de cigarro (grupo sem cessação).

Comparando os resultados antes e depois da intervenção, o grupo de cessação apresentou diminuição da pressão arterial sistólica (o maior valor encontrado ao medir a pressão no braço) em quase 10Mmhg e a diastólica (o menor valor encontrado ao medir a pressão no braço) em 4Mmhg. Outra confirmação foi sobre a frequência cardíaca, que diminuiu mais de 5 batimentos por minuto em pessoas que pararam de fumar.

Conforme os participantes diminuíram o consumo de cigarros, a concentração de monóxido de carbono exalado por eles também caiu após 12 semanas de tratamento, e os valores foram superiores entre aqueles que realmente pararam de fumar. O monóxido de carbono é um componente da fumaça do cigarro que ao ser inalado entra em contato com a corrente sanguínea e dificulta o processo de oxigenação no organismo, e sua alta concentração pode causar dificuldade em realizar atividades como correr, pular, subir escadas e até caminhar, por exemplo.

“Este trabalho ajuda a demonstrar como rapidamente o ato de parar de fumar interfere de forma benéfica no controle da hipertensão arterial, melhorando a qualidade de vida e permitindo que os pacientes se aproximem dos objetivos do tratamento para a hipertensão e obtenham melhores resultados”, afirma Dra. Jaqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo em Cardiologia, do InCor.

Os resultados foram apresentados durante sessão no encontro científico anual da Sociedade para Pesquisa em Nicotina e Tabaco (SRNT, na sigla em inglês) realizado em março deste ano, na cidade de San Antonio, Texas (EUA).

Fumar de castigo

É do mesmo grupo de especialista a aplicação do método chamado “fumar de castigo”, no qual o paciente é liberado para fumar se tiver vontade, porém, sob condições específicas: ele deve estar em pé, sozinho, olhando para a parede, sem utilizar qualquer dispositivo (celular, computador, televisão, etc.) e não consumir alimentos ou bebidas. Após 3 meses de tratamento, a taxa de cessação do tabagismo foi de 45% entre aqueles que seguiram o método e, em 13 meses de tratamento a taxa aumentou para 65%.

O objetivo da estratégia é levar o paciente a diminuir o consumo de cigarros ao causar uma separação do ato de fumar com hábitos e sensações de prazer. “Essa técnica comportamental, associada ao tratamento medicamentoso, dobrou a chance do paciente deixar o cigarro com a combinação de terapia”, explica Jaqueline Scholz.