Após muita polêmica com direito a manifestação na Câmara Municipal em fevereiro deste ano, passeata e abaixo-assinado por parte de alguns moradores da região da Avenida 24-A, no bairro Vila Alemã, tiveram início na manhã de ontem (18) os trabalhos para a instalação de uma torre de telefonia entre as ruas 8-A e 9-A.

“É com muita tristeza e até uma certa revolta que observo o início desse trabalho que já começa todo errado. Muitas das considerações feitas por nós moradores foram derrubadas e ignoradas. Dizem que aqui é um bairro de estudantes, rotativo, o que é mentira. São todos moradores antigos. Afirmam também que o maior fluxo de veículos é pela Avenida 26-A, outra mentira, pois é aqui na 24-A, e por fim que a escoação de água é perfeita. Basta chover alguns minutos que por aqui alaga tudo. Então ao que me parece é que estudaram muito bem as possíveis situações para já virem armados com argumentos que deem ganha de causa aos interessados”, disse o morador Milton, que está no bairro desde os anos 70.

Já a aposentada Celia disse que reviu o pensamento: “Eu era contra, mas se formos avaliar somos todos dependentes da tecnologia. A vida muda, os costumes mudam. Tenho 84 anos, meu marido 86 e meu filho é cadeirante. Hoje nos comunicamos com outros familiares através de celulares. O terreno é particular e o proprietário pode alugar para quem ele quiser. Não vou colocar impedimento”.

Ana Frida pondera o estudo de impacto na vizinhança e ressalta a questão da saúde: “Existe uma tese de doutorado da pesquisadora brasileira da UFMG, Drª Adilza Condessa Dode, de 2010, relacionada à radiação das torres de telefonia com vários tipos de neoplasias. Repassamos tudo isso para a promotoria pública, que fez vários questionamentos e nos recebeu muito bem há alguns meses. Acontece que, para a nossa surpresa, logo após as eleições, o promotor Gilberto Porto encaminhou ao Conselho Superior do Ministério Público uma nota favorável à instalação”.

Pendência

Acontece que a instalação da torre de telefonia só poderia ter início depois que o Conselho Superior dissesse “Sim” ao promotor Gilberto Porto. Sem que esse aval fosse concedido, funcionários da empresa chegaram ao local ainda de madrugada com máquinas e ferramentas, o que causou espanto ao advogado Edmundo Dias Canavezzi, que representa os interesses dos moradores contrários à instalação: “Isso foi um total abuso de poder e falta de pensamento com os moradores”, afirmou.

Canavezzi foi até o local e fez contato com os funcionários, explicando que o trabalho não poderia prosseguir, mas diante da negativa de paralisação acionou a Prefeitura Municipal, que deu parecer favorável ao pedido do advogado, determinando o embargo da obra. O documento foi assinado por Ricardo Gobbi e Silva, secretário de Governo de Rio Claro.

Empresa

A empresa responsável pela instalação da torre também foi contatada, no entanto não respondeu aos questionamentos.

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