O estado de São Paulo está promovendo a ampliação tecnológica na área da segurança pública para fortalecer o programa Muralha Paulista no combate ao crime organizado, com o objetivo de desarticular a cadeia logística das quadrilhas que atuam no tráfico de drogas e de armas. 

Neste ano, até dezembro, 19,3 mil infratores foram detidos pelas forças de segurança com auxílio da tecnologia. Desse total, mais de 7,6 mil permanecem presos. O monitoramento das rodovias estaduais também favoreceu a apreensão de drogas, que no ano chega a 250 toneladas, aumento de 12% em comparação com 2022. O número de armas ilegais retiradas de circulação com avisos emitidos através do programa chegou a 88 até novembro.

Por meio de convênios, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) interligou as câmeras do estado, de municípios e da polícia em um único sistema para monitorar a movimentação de veículos suspeitos ou procurados pela Justiça. Ao todo, já são mais de 7,4 mil câmeras ativas.

Desde o início da gestão, houve um aumento dos municípios conveniados para o monitoramento por meio do programa, expandindo o número de cidades conectadas ao sistema, saltando de 200 para 641 prefeituras. “Fizemos a integração com o estado, trouxemos as câmeras desses municípios que já existiam, integramos no programa, emitindo novos alertas de veículos produtos de roubo e furto”, explicou o secretário Guilherme Derrite. 

“Quando os convênios começaram a ser concretizados, houve um aumento na produtividade policial”, lembrou o secretário. Um exemplo disso é que cresceu o número de veículos recuperados. No final de 2022, eram pouco mais de 300 apreendidos. Neste ano, até novembro, foram quase 7,5 mil automóveis devolvidos aos donos.

O projeto foi estabelecido para interligar as informações das câmeras de todo o território estadual às forças de segurança, facilitando a atuação no combate ao crime organizado, com monitoramento de rodovias e cidades, além da integração com o sistema Córtex, software de inteligência que reúne várias bases de dados do país com análise de informações a partir do CPF, num acordo celebrado em 2023.

O sistema permite a consulta sobre pessoas desaparecidas, registros de óbitos, veículos furtados ou roubados e pesquisa de procurados da Justiça na base nacional de mandados de prisão.

Grandes eventos

O Muralha Paulista também consolidou neste ano o monitoramento em grandes eventos. Com o compartilhamento da base de dados, a polícia conseguiu recapturar 38 procurados da Justiça que tentavam ingressar em eventos esportivos ou grandes shows no estado. 

Uma das ações da SSP em parceria com o Palmeiras resultou na prisão de infratores com mandado de prisão em aberto que tentavam assistir aos jogos no Allianz Parque. Um dos detidos era procurado por tráfico internacional de drogas — ele fugiu em março de 2020, após a queda de um avião com mais de 400 quilos de drogas —, e foi preso antes de entrar no estádio.

Em outra ação, a polícia deteve dez procurados da Justiça durante o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1. A prisão foi realizada depois que o programa Muralha Paulista identificou a presença dos procurados entre o público, graças ao compartilhamento dos dados dos frequentadores pela organização.

Desde então, o sistema verificou mais de 220 mil ingressos de eventos pela nova ferramenta da Secretaria da Segurança Pública. Além disso, 53 pessoas que estavam descumprindo medidas judiciais foram interceptadas e o aviso, encaminhado para a Vara de Custódia do Tribunal de Justiça. 

A iniciativa ainda localizou 275 desaparecidos, que foram abordados e qualificados. Outras nove pessoas constavam na base de óbitos do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil.

Novos investimentos em tecnologia

O governo de São Paulo anunciou que o programa vai receber o maior investimento da história ao longo de 2024. Está prevista a aplicação de R$158 milhões na área. 

A previsão é que os municípios que possuem convênio com o estado recebam câmeras de monitoramento. Elas estarão acopladas com softwares de inteligência para auxiliar na leitura de placas de veículos, por exemplo.

“Será a maior contratação de serviço de tecnologia voltada para a segurança pública”, destacou o secretário Guilherme Derrite. A expectativa da SSP é criar um “cerco” digital com o sistema de monitoramento. 

“As câmeras vão ampliar a vigilância sobre as rodovias, entradas e saídas de cidades, beneficiando a população. A intenção é quebrar a cadeia logística do crime organizado que se aproveita da estrutura do estado para cometer crimes”, reforçou o secretário de governo.

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