O início deste segundo ano de mandato na Câmara Municipal tem ocorrido despertando os ânimos dos vereadores. A maioria faz parte da base governista do prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) após uma longa costura no ano passado para a aprovação da Reforma Administrativa e consequente indicação de cargos comissionados em troca de apoio dentro da Casa Legislativa. O clima que era de amizade foi se alterando com o aumento da pressão da população sobre os parlamentares que, em troca, transferem as cobranças ao chefe do Poder Executivo.

Problemas envolvendo atendimento nas unidades de saúde com o ‘boom’ dos casos de gripe e avanço da Covid-19, a preocupante situação do asfalto com buracos se espalhando pelos bairros da cidade, a falta de diálogo para se debaterem projetos, a convocação de vários secretários municipais para audiências, entre outras situações agravaram o relacionamento neste começo de 2022. O estopim foi a questão envolvendo o reajuste salarial dos servidores. Com a dinâmica em crise envolvendo o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal e a Prefeitura, a Câmara tentou ajudar de alguma forma, mas sobrou para ela própria o abacaxi para descascar.

Na última semana, o vereador Serginho Carnevale (Democratas) foi o único a se posicionar sobre o fato envolvendo o reajuste. Em tom alarmante, declarou que “nunca vi um prefeito que derreteu tão rapidamente em um ano e dois meses de trabalho. Não é falta de aviso. Reaja, senhor prefeito, porque desse jeito infelizmente não dá mais”. Dentro da equipe do prefeito, a declaração recebeu certo apoio, mas foi considerada sensacionalista por outros.

A verdade é que com a falta de uma oposição recai sobre a base governista o papel de criticar e elogiar, ou vice-versa. Demais parlamentares, ainda que também vistam a camisa da gestão, também vêm mostrando certa impaciência no Plenário. Além dos próprios governistas, que ressaltam em diversos momentos que estão dando um ‘voto de confiança’ à administração de Perissinotto, há aqueles que estão ‘independentes’ ou ‘em cima do muro’ que também demonstram certo apoio, ainda que façam as cobranças.

Um fato que chama a atenção é a líder do Governo Gustavo, a vereadora Carol Gomes (Cidadania), que desempenha um papel ativo nas cobranças e pressões sobre a municipalidade. No entanto, a posição de “líder”, natural e historicamente, atribui-se a um posicionamento de defesa de algum governo. Isso não acontece dentro do Legislativo de Rio Claro.

Essa liderança, inclusive, está em jogo. Há a possibilidade real de Carol deixar o cargo. E não por vontade do prefeito – ao menos não publicamente. O fato é que a própria vereadora já externa um descontentamento com esse papel de líder. Sabe-se que, apesar de reconhecer muitas melhorias que o prefeito tem proporcionado ao município, os problemas em geral são maiores e não há espaço para defesas, mas sim cobranças. Quem sabe Adriano La Torre (PP) não herde esse cargo de líder, visto que é um dos poucos que mantêm a linha de elogios durante todas as sessões.

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