Um patrimônio segue preservado e cheio de histórias nas dependências da Escola Estadual Cel. Joaquim Salles, localizada na Rua 7, área central de Rio Claro. O primeiro Grupo Escolar da cidade iniciou as atividades em 1º de março de 1900 e construiu seu legado educacional ao redor de uma figueira que já estava lá bem antes disso.

A imponente árvore é a última que restou das três centenárias da região central do município. As figueiras são árvores geralmente encontradas em regiões de clima tropical, que alcançam uma altura significativamente maior comparadas a outras espécies; por isso, não é aconselhável o cultivo próximo a residências, pois as raízes podem danificar a estrutura dos imóveis. Na Cidade Azul, entretanto, na região central, três importantes figueiras compuseram o cenário muito antes da chegada da urbanização. Destas, apenas a que está plantada no terreno da escola permanece viva.

“Eu não sou rio-clarense, moro aqui há mais de 40 anos, e aprendi com a população que a figueira é um marco tradicional. Eu vejo quando têm eleições e os eleitores e ex-alunos que vêm até aqui a nossa escola votar fazem questão e pedem para ver a figueira com saudade. Eu acabei incorporando esse carinho e fico muito feliz por ela estar viva”, afirma Isabel Lopes da Silva, diretora do Joaquim Salles há 15 anos.

Quem também não esconde seu afeto pela figueira é o funcionário mais antigo da instituição de ensino, Darci Ferraz de Toledo: “Trabalho aqui na escola há 24 anos e como é bom ter a companhia de algo tão representativo como a figueira. Neste tempo aqui na escola quantas histórias eu já ouvi desta figueira. Ex-alunos que vinham brincar aos pés da árvore, namorar. A memória afetiva é algo que não tem preço”, pontua.

Se o passado está vivo, o futuro também está garantido. Atualmente a escola tem 430 alunos com idade entre 11 e 14 anos e a figueira já foi apresentada a essa nova geração: “Trabalhamos sim a importância da figueira na escola e a conservação”, declara a diretora.

Professora Cristiane Nalin junto com alunos em atividade aos pés da figueira na Escola Estadual Cel. Joaquim Salles

Quem também divide esse pensamento é a professora de Ciências, Cristiane Nalin: “Em datas comemorativas procuro incluir na prática a importância da figueira. Já viemos fazer atividades alusivas ao Dia da Consciência Negra, também em relação à parte histórica de tombamento do prédio, enfim procuro repassar que é muito precioso termos essa figueira nas dependências”.

Relembre

A primeira figueira a ser retirada foi a da Praça VII de Setembro, no mês de novembro de 2005; dez anos depois, em setembro de 2015, a Praça General Antônio G. Ribeiro perdeu também o seu secular sombreiro. Ambas foram removidas devido aos problemas que apresentaram ao longo dos anos, como apodrecimento do tronco e as constantes quedas de galhos.

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