Folhapres

Cerca de 24 horas depois de ter fugido do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo e de ter mobilizado até outro cão -um farejador-, o vira-lata Beethoven finalmente chegou a Florianópolis (SC) no início da tarde desta quinta-feira (20).

O cachorro desapareceu por volta das 13h30 de quinta, durante uma conexão. Ele foi colocado em uma caixa fechada com cadeado, própria para transporte, no compartimento de um voo da Latam que partiu de Cuiabá (MT) e deveria ter embarcado em outro, mas sumiu.

Conforme apurou a reportagem com um funcionário do aeroporto, o animal, de dez anos, correu para o pátio dos aviões. Pilotos que se preparavam para decolar foram informados de que era preciso esperar pelo resgate. Foi emitido um alerta de emergência.

A Infraero, estatal que administra o aeroporto, disse que a pista ficou fechada por seis minutos, das 13h37 às 13h43. Dois voos sofreram atrasos para pousar, um de 25 minutos e outro de 27 minutos.

Segundo a tutora, a terapeuta sistêmica Valquíria Lopes, 34, que viajava de mudança para a capital catarinense, Beethoven, que já havia mordido o comedouro durante a viagem, conseguiu abrir a grade traseira da caixinha de transporte de animal quando ela foi colocada no chão por um funcionário da empresa aérea.

E foi aí que a saga começou. A tutora falou que estava na área de embarque quando seu nome foi chamado pelo sistema de som do aeroporto. “Uma funcionária da Latam me avisou que o cachorro havia sumido e disse que precisávamos entrar em um carro para procurar nas ruas pois ele teria saído de Congonhas pela área dos bombeiros.”

A busca pelo animal, segundo ela, teve até ajuda de um cão farejador requisitado pela Latam, além de várias pessoas. O primeiro sinal do cão quando uma funcionária da empresa aérea, que estava em um ponto de ônibus, disse ter visto o vira-lata, que fugiu mais uma vez quando a mulher tentou correr atrás dele.

Sem beber água havia várias horas, Beethoven parou diante de um bebedouro que o dono de uma barbearia próxima ao aeroporto coloca na calçada para cachorros de rua. “Um vigia viu e desconfiou que era ele, pois já tínhamos movimentado toda a vizinhança. Ele o prendeu com uma coleira que pediu emprestado”, afirmou Lopes, que encontrou o animal por volta das 20h30.

Como haviam perdido o voo para Florianópolis, tutora e vira-lata foram levados para um hotel pago pela empresa aérea. “Ele dormiu em uma cama e eu, em outra”, afirmou Lopes.

O conforto continuou nesta quinta, pois desta vez o animal não foi no compartimento de bagagem, mas solto na cabine com os demais passageiros, em uma poltrona só ele.

“Não pretendo processar a empresa, pois reconheço o esforço que tiveram, mas foi muito descuido terem colocado a caixa no chão e deixarem ele escapar”, afirmou. “Espero que nunca mais permitam que isso aconteça de novo.”

Em nota, a Latam disse lamentar profundamente o ocorrido e que estava atuando com equipes de buscas no entorno do aeroporto para encontrar o cachorro, o que foi confirmado pela tutora, que chegou a procurar o posto da Polícia Federal no aeroporto. “Tinha gente a pé, de moto e de carro, além do cão farejador.”

Essa não é a primeira vez que um animal foge da área de bagagens em São Paulo. No fim do ano passado, a vira-lata Pandora desapareceu durante uma conexão no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. O animal só foi encontrado 45 dias depois e voltou para seu tutor em 30 de janeiro.

Pandora ia do Recife para Navegantes (SC) quando escapou da caixa de transporte -obrigatória para esse tipo de viagem- e desapareceu durante conexão de voo da Gol, em 15 de dezembro.
Nesse período, o tutor fez mobilizações nas redes sociais e contou com apoio jurídico e de grupos em busca da cachorra.

Na ocasião, a Gol informou que nunca deixou de prestar assistência e que lamentava o incidente. Afirmou, ainda, que, após o caso, adotou uma série de medidas na tentativa de encontrar Pandora.

Essa é a segunda vez no mês que Congonhas sofre com fechamento de pista por causa de um incidente. No último dia 9, a pista principal de Congonhas foi bloqueada por cerca de nove horas após o estouro de um dos pneus de um jato executivo.

O acidente provocou um efeito cascata nos principais aeroportos do país. Ao todo, 230 voos tiveram de ser cancelados de domingo (9) a segunda-feira (10), quando o saguão registrou longas filas e esperas de até quatro horas.

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