Proclamação da República (Benedito Calixto)

Em 15 de novembro de 1889, militares reuniam-se no centro do Rio de Janeiro e clamavam pelo fim do Império. A monarquia havia sido o modelo de governo do Brasil pós-colônia por 67 anos – desde 1822. O movimento republicano efervesceu durante o Império por diversos motivos, dentre eles a relação entre Estado e Igreja, a abolição da escravatura e a posição dos militares na sociedade. Uma das questões foi a interferência de Dom Pedro II nas decisões dos religiosos. No fim do século XIX, quando o papa da época condenou os católicos ligados à maçonaria, o imperador defendeu o culto maçom.

Sobre os militares, o conflito ocorreu após a Guerra do Paraguai (entre 1864 e 1870) e a saída vitoriosa do exército brasileiro. Os militares tentaram expandir suas exigências, mas não foram contemplados pelo imperador. Promulgada em 1888, a Lei Áurea promoveu a abolição da escravatura – e, ao mesmo tempo em que permitiu a modernização do trabalho no Brasil, desagradou os grandes latifundiários. Esses então juntaram-se ao movimento republicano e pediram o fim do Império.

Transição

Em 1890, Marechal Deodoro da Fonseca tomou posse do governo provisório, tornando-se o primeiro presidente da República Velha (período entre 1889 e 1930). Derrotado, o imperador Dom Pedro II retornou a Portugal com sua família.

O mandato de Marechal Deodoro foi conturbado e durou até 1891. Por ter dissolvido o Congresso Nacional e decretado estado de sítio, o presidente enfrentou a oposição tanto de parlamentares, quanto dos militares. Além disso, discordava das propostas que definiam os crimes de responsabilidade para os cargos do Poder Executivo.

Naquele ano, os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul deram início a uma revolta na baía da Guanabara, que ficou em clima de guerra civil. Em 23/11, Deodoro renunciou ao cargo e quem assumiu foi seu vice, Marechal Floriano Peixoto, que completou o mandato (até 1894) e deu prosseguimento ao projeto da República.

Arte e cultura

Construído para ser a residência de uma abastada família, o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, foi a sede da Presidência da República entre 1887 e 1961 – quando a capital federal foi transferida para Brasília. Com projeto assinado pelo arquiteto Gustav Waehneldt e decorado pelos pintores Emil Bauch, Gastão Tassini e Mario Bragaldi, o prédio é considerado patrimônio por sua relevância histórica e beleza arquitetônica e artística.

Hoje sede do Museu da República, o palácio expõe também sua história. A obra “Barão e Baronesa de Nova Friburgo”, do alemão Emil Bauch, mostra os moradores originais do palacete: o casal Antônio Clemente Pinto e Laura Clementina da Silva – remetendo à nobreza cafeeira do Vale do Paraíba.

Desde 1920, a pintura pertencia ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, mas esteve sob a guarda do Museu da República a partir de 1974. A aquisição definitiva pelo museu ocorreu neste ano, pelo valor de R$ 450 mil, pagos com recursos do Fundo Nacional de Cultura.

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