É no fim de novembro ou início de dezembro que as pessoas começam a tirar das caixas os enfeites que decoram as casas para a chegada das festas de fim de ano. É o fim de um ciclo e o início de outro. O verde e o vermelho predominam, junto do prata e do dourado.

Seguindo a tradição que veio da Europa, a árvore de Natal deve ser montada em 6 de dezembro e desmontada um mês depois. Na casa da Silvia Maria Reducino, de 63 anos, moradora de Cordeirópolis (SP), já está tudo pronto. O detalhe fica para sua sala de estar, onde a magia do Natal acontece. E é nessa parte da casa, que fica o cenário escolhido para a gravação da ‘Reportagem da Semana’ deste domingo (19), há exatos seis dias da data mais esperada do ano.

Entretanto, além da árvore, outro elemento, também de tradição importada do continente europeu, predomina nas decorações de locais públicos, empresas e claro, residências de pessoas comuns: o papai noel.

Os primórdios da origem de papai noel remontam aos séculos III e IV d.C, na Turquia, onde viveu São Nicolau, o arcebispo da Mira, canonizado bem depois de sua morte, devido à sua generosidade para com os necessitados.

A lenda foi influenciada por tradições nórdicas, germânicas e até mesmo holandesas. Aliás, foram os holandeses que levaram a tradição para a América do Norte, onde imigrantes dos países baixos integravam o grupo que se estabeleceu na ‘Nova Amsterdã’, hoje, Nova Iorque. Foi lá que o personagem, já chamado de ‘Santa Claus’, consolidou-se e acabou popularizado no mundo cristão por campanhas publicitárias da Coca-Cola, nos anos 1920 e 1930.

Silvia não se importa com todos esses detalhes históricos. Mas, na casa da autônoma, que fica no Jardim Florença, ela mantém carinhosamente, e expõe todo ano, uma coleção de quase 500 papais-noéis de todos os tipos, tamanhos e nacionalidades. Entre os importados, têm bonecos da Holanda, Espanha e Estados Unidos. Já os nacionais vieram de cidades como, Gramado/RS, Nova Petrópolis/RS, Canela/RS, e daqui de perto, como de Piracicaba, Limeira, Rio Claro e Cordeiro.

Tem peças de tudo quanto é jeito no chão da sala, em cima das mesas, no sofá, armários e até dentro da lareira. A figura mais popular do Natal aparece de várias formas: dançando, tocando violão, guitarra, bateria, batendo sinos, subindo escadas. E tem até o papai noel de férias.

A coleção já ocupa três guarda-roupas e um baú, mas ela disse que enquanto der para comprar, continuará aumentando o acervo. Para guardar a coleção, Silvia disse que é cuidadosa e embala todos os exemplares. A maioria ainda têm suas caixas, mas os que não têm, ela embala em plásticos para que não estraguem.

A autônoma contou ao JC que o primeiro boneco da coleção foi comprado em Cordeirópolis, e o tem como um xodó. Desde então, ela não parou mais e nem pensa nisso.“Comprei um. De repente, mais um, mais um. Mas, quando mudei para essa casa, há 14 anos, que fui mesmo me encantando cada vez mais com esse clima”, comentou.

Atração da cidade e novas gerações

Silvia afirma que a decoração é famosa na pacata Cordeirópolis e que muita gente já veio nos visitar, mas que tem gente na cidade que nem sabe que a coleção existe. “Não é todo mundo que já viu, mas muita gente sabe que eu tenho. Quando as pessoas vêm para cá, eles olham diretamente pela cozinha, que tem umas coisas menores. Ao olharem para a sala, ficam sem reação. Nem sabem o que falam e colocam a mão no rosto. É até bonito de ver”, disse.

Para quem deseja visitar, a casa dela fica na Rua Glomercidio Della Coletta 1536, no Jardim Florença. “Estou de portas abertas. Não posso deixar aglomerar, mas venham conhecer e se encantar.

Silvia tem sete netos e espera que a tradição siga por bons anos, mesmo quando ela não puder mais montar a exposição caseira. “Acredito que quem ficará com minhas coisinhas é a minha neta Manuela. Ela e meu neto Miguel são os que mais se encantam com essa magia”.

Para a cordeiropolense de coração, essa época lembra suas fantasias de criança, nem sempre realizadas, por conta da falta de recursos.  “É que durante a infância, me lembro que esperávamos o dia todo pelo papai noel, e muitas vezes, ele não chegava devido às condições financeiras”.

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