Comércio e shopping poderão abrir com restrições em Rio Claro

O Governador João Doria apresentou nesta quarta-feira (27) o Plano São Paulo para reabertura de setores da economia durante a quarentena de enfrentamento ao coronavírus. A partir de 1º de junho, índices de ocupação hospitalar e de evolução de casos em 17 regiões do estado vão definir cinco níveis restritivos de retomada produtiva segundo critérios médicos e epidemiológicos para que o sistema de saúde continue em pleno funcionamento.

“Até o dia 31 de maio, a quarentena em São Paulo vai salvar 65 mil vidas. Abrimos sete hospitais de campanha, aumentamos em 60% o número de leitos em hospitais públicos, já temos 600 novos respiradores em operação”, afirmou o Governador. “A fase denominada retomada consciente seguirá a orientação da ciência, com dados técnicos para permitir a gradual e segura retomada”, acrescentou Doria.

O plano foi elaborado por autoridades estaduais em sintonia com especialistas do Centro de Contingência do coronavírus e do Comitê Econômico Extraordinário que atuam voluntariamente em apoio ao Estado. Os eixos principais das cinco fases de reabertura também foram discutidos com prefeitos e representantes de diversas associações comerciais e empresariais.

As normas do Estado autorizam prefeitos de cidades a conduzir e fiscalizar a flexibilização de setores segundo as características dos cenários locais. Os pré-requisitos para a retomada são adesão aos protocolos estaduais de testagem e apresentação de fundamentação científica para liberação das atividades autorizadas no Plano São Paulo.

As cinco fases do programa vão do nível máximo de restrição de atividades não essenciais (vermelho) a etapas identificadas como controle (laranja), flexibilização (amarelo), abertura parcial (verde) e normal controlado (azul). O objetivo da classificação é assegurar atendimento de saúde à população e garantir que a disseminação do coronavírus em níveis seguros para modular as ações de isolamento.

A escala será aplicada a 17 regiões distintas do território paulista, de acordo com a abrangência dos DRSs (Departamentos Regionais de Saúde), que são subordinados à Secretaria de Estado da Saúde. São os DRSs que determinam a capacidade de atendimento, transferências de pacientes e remanejamento de vagas de enfermaria e UTIs nos municípios.

As fases são determinadas pelo acompanhamento semanal da média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes contaminados pelo coronavírus e o número de novas internações no mesmo período. Uma região só poderá passar a uma reclassificação de etapa – com restrição menor ou maior – após 14 dias do faseamento inicial, mantendo os indicadores de saúde estáveis.

Em todos os 645 municípios, a indústria e a construção civil seguem funcionando normalmente. A interdição total de espaços públicos, teatros, cinemas e eventos que geram aglomerações – festas, shows, campeonatos etc – permanece por tempo indeterminado. A retomada de aulas presenciais no setor de educação e o retorno da capacidade total das frotas de transportes seguem sem previsão.

Nenhuma das 17 regiões está na zona azul, que prevê a liberação de todas as atividades econômicas segundo protocolos sanitários definidos no Plano São Paulo (https://www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/planosp). A zona verde, segunda mais ampla na escala, também não foi alcançada até o momento e permanece como meta de curto prazo para cada região.

Com exceção da capital, todos os municípios da Grande São Paulo e também da Baixada Santista e de Registro permanecem na fase vermelha e não terão nenhum tipo de mudança na quarentena em vigor desde o dia 24 de março. Nas três regiões, o sistema de saúde está pressionado por altas taxas de ocupação de UTI e avanço de casos confirmados de pacientes com coronavírus.

Nas demais fases, haverá flexibilização parcial em diferentes escalas de capacidade e horário de atendimento. A etapa laranja, que abrange a capital e outras dez regiões no interior e litoral norte, prevê retomada com restrições a comércio de rua, shoppings, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias. Os demais serviços não essenciais continuam fechados.

Na fase amarela, haverá reabertura total de serviços imobiliários, escritórios e concessionárias segundo protocolos sanitários. Comércio de rua, shoppings e salões de beleza, além de bares, restaurantes e similares poderão funcionar com restrições de horário e fluxo de clientes.

As regiões que chegarem à fase verde poderão atenuar as restrições ao funcionamento de todos os setores da fase amarela. Academias de ginástica e centros de prática esportiva também voltarão a receber frequentadores, desde que respeitados limites de redução de atendimento e as regras sanitárias definidas para o setor.

Isolamento

O distanciamento social ainda é a principal recomendação para conter a disseminação do coronavírus. Mesmo com a reabertura em São Paulo, há exigência do isolamento social das pessoas de grupos de risco, como maiores de 55 anos, portadores de doenças cardíacas e/ou crônicas e pacientes imunodeprimidos ou em tratamento oncológico.

De acordo com Dimas Covas, que coordena o Centro de Contingência do coronavírus e dirige o Instituto Butantan, a população ainda precisa encarar o isolamento como meta para permitir que os serviços de saúde continuem com capacidade para atender os pacientes com COVID-19 em enfermarias e UTIs.

“Sem medidas de isolamento, nós chegaríamos a algo em torno de 1 milhão de casos no estado de São Paulo. Nós estamos com 84 mil neste momento. Isto mostra quão efetivas foram as medidas de isolamento”, afirmou Dimas Covas. “Com as medidas, foi possível até o momento poupar 65 mil vidas”, concluiu.

RIO CLARO

A cidade de Rio Claro faz parte da Regional de Saúde de Piracicaba, que atualmente se encontra na fase 2 do programa de retomada, que ainda indica um controle maior sobre as atividades, com algumas flexibilizações.

Portanto, em Rio Claro será feita a retomada com restrições a comércio de rua, shoppings, escritórios, concessionárias e atividades imobiliárias. Os demais serviços não essenciais continuam fechados.

Carlos Colabone morre aos 60 anos deixando legado no teatro

Amigos e familiares prestaram nesta quarta-feira (27) as últimas homenagens ao cenógrafo, figurinista, ator, arte educador e artista plástico Carlos Eduardo Colabone, que morreu aos 60 anos.

Nascido em Rio Claro, Colabone “revolucionou” o teatro local com peças encenadas enquanto era aluno da escola Batista Leme. Aos 18 anos, foi para São Paulo, onde cursou Artes Plásticas na Faap. A partir daí, desenvolveu uma sólida carreira no teatro brasileiro, deixando sua assinatura em espetáculos de grande sucesso de público e de crítica. No final do ano passado, voltou aos palcos para atuar ao lado de Clóvis Gonçalves na peça Reflexo Guimarães.

Colabone deixa os irmãos Regina, Aldo e Marta, a sobrinha Giovanna e a sobrinha-neta Catarina. Deixa ainda o companheiro, Alex. Seu corpo foi trazido para Rio Claro, onde aconteceu o sepultamento na manhã desta quarta-feira. A família não informou a causa da morte.

Roberto Jefferson, Luciano Hang e ativistas bolsonaristas são alvos de operação contra fake news

FÁBIO FABRINI E BRUNO BOGHOSSIAN – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Polícia Federal cumpre 29 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (27) no chamado inquérito das fake news, que apura ofensas, ataques e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Políticos, empresários e ativistas bolsonaristas estão entre os alvos da investigação.

Policiais buscam provas nos endereços do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, do dono da Havan, Luciano Hang, e de assessores do deputado estadual paulista Douglas Garcia (PSL).

O principal foco da operação é um grupo suspeito de operar uma rede de divulgação de notícias falsas contra autoridades, além de quatro possíveis financiadores dessa equipe.

Além de Hang, estão entre esses supostos patrocinadores o empresário Edgard Corona, dono da rede de academias Smart Fit, e o investidor Otávio Oscar Fakhoury, também alvos de busca e apreensão.

As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, no Supremo e estão sendo executadas no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. A investigação corre em sigilo.

Oito parlamentares são investigados, mas não há mandados para recolhimento de material em seus endereços. Moraes determinou que eles sejam ouvidos em dez dias e proibiu que suas postagens em redes sociais sejam apagadas.

Trata-se dos deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Lúcio da Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio do Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP), além dos deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP).

A possível tentativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de proteger aliados de apurações da PF está no centro de outra investigação que corre no Supremo, aberta após denúncias do ex-ministro Sergio Moro (Justiça).

Numa mensagem enviada no mês passado ao ex-juiz da Lava Jato, o mandatário disse que um motivo para a troca do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, era a notícia de que o inquérito das fake news mirava deputados do seu espectro político.

De acordo com as investigações, o ex-congressista Roberto Jefferson fez ameaças à democracia ao publicar uma foto com um fuzil “os traidores”.

Ex-aliado de Fernando Collor de Melo e um dos condenados no escândalo do mensalão, Jefferson preside um dos partidos do centrão e passou a defender efusivamente Bolsonaro nos últimos tempos.

O próprio presidente da República chegou a assistir e recomendar uma live em que Jefferson acusava o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de arquitetar um golpe parlamentar. Bolsonaro tem se articulado com siglas do centrão, distribuindo cargos a essas legendas em troca de apoio no Congresso.

Outros alvos da operação são os bolsonaristas Allan dos Santos (blogueiro) e Sara Winter (ativista).

Allan dos Santos é apoiador de Bolsonaro e editor do site Terça Livre. Ele prestou depoimento à CPMI das Fake News, no ano passado, e negou receber verba oficial do governo para manter a página.

Já a ativista Sara Winter lidera um grupo denominado 300 do Brasil, que formaram um acampamento para treinar militantes dispostos a defender o governo Bolsonaro. Em entrevistas recentes, ela reconheceu que alguns de seus integrantes estão armados.

Outros alvos de mandados são os assessores de Douglas Garcia Edson Pires Salomão e Rodrigo Barbosa Ribeiro. O primeiro é presidente nacional do Movimento Conservador (ex-Direita SP).

Também sofrem medidas de busca e apreensão o humorista Rey Bianchi, que postou em suas redes sociais um vídeo com o mandado de Moraes, no qual critica a operação, além dos ativistas Marcos Dominguez Bellizia, do Nas Ruas, Bernardo Kuster, que faz postagens no Youtube, e Marcelo Stachin, que participou de acampamento em Brasília.

O capitão da reserva da Marinha Winston Rodrigues Lima, mais conhecido como Comandante Winston, também está na lista.

A Folha de S.Paulo mostrou no dia 25 de abril que as investigações identificaram indícios de envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, no esquema de notícias falsas.

O inquérito busca elementos que comprove sua ligação e sustente seu possível indiciamento dele ao fim das apurações. Outro filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de SP, também é suspeito.

Nesta manhã, em meio à operação da Polícia Federal, Carlos escreveu em rede social. “O que está acontecendo é algo que qualquer um desconfie que seja proposital. Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta? Você que ri disso não entende o quão em perigo está.”

A operação da Polícia Federal contra fake news mira também oito deputados bolsonaristas. Eles não são alvo de mandados de busca e apreensão, mas Moraes determinou que sejam ouvidos em dez dias e que suas postagens em redes sociais sejam preservadas.

Trata-se dos deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Lúcio da Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio do Amaral (PSL-MG), Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP), além dos deputados estaduais Douglas Garcia (PSL-SP) e Gil Diniz (PSL-SP).

Como mostrou a Folha de S.Paulo, enquanto procuradores e juízes da primeira instância têm arquivado, nos estados, os desdobramentos do inquérito aberto pelo STF para apurar fake news e ameaças contra integrantes do tribunal, há em Brasília uma confluência entre Supremo, governo federal e Ministério Público que respalda o prosseguimento da investigação.

A AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo Jair Bolsonaro, tem dado pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.

No entendimento da AGU, o ministro Moraes, que preside a investigação, não será o responsável por denunciar e julgar os suspeitos, o que assegura a separação entre as funções prevista na Constituição.

Moraes tem remetido braços da investigação às Procuradorias nos estados onde considera haver indícios de crimes. A ideia é que os procuradores locais avaliem as provas colhidas pelo STF e, se entenderem que houve crime, ofereçam denúncia.

Numa guinada em relação a Raquel Dodge -que buscou arquivar o inquérito em diversas ocasiões e entrou em atrito com o STF por causa disso-, o novo procurador-geral, Augusto Aras, afirmou que não há inconstitucionalidade na apuração, desde que suas conclusões sejam submetidas ao Ministério Público, único órgão capaz de propor ações penais.

No Supremo, com exceção do ministro Marco Aurélio, mesmo os críticos ao procedimento têm evitado comentá-lo, seja para não enfraquecer o tribunal perante o público, seja porque, como observam, desconhecem a gravidade do que a apuração ainda pode encontrar.

O motivo dos questionamentos sobre o inquérito é que, segundo seus críticos, há uma série de vícios de origem.

A investigação foi aberta em março pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, sem provocação de outro órgão -no jargão jurídico, foi instaurada de ofício.

Moraes foi escolhido relator por Toffoli sem que houvesse um sorteio entre todos os ministros. E o objeto da apuração é amplo demais, sem um fato criminoso bem definido, o que permite que várias situações sejam enquadradas no escopo da investigação, como tem ocorrido.

POLÊMICAS SOBRE O INQUÉRITO DO STF

ORIGEM
Em março de 2019, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, abriu inquérito para apurar fake news, ameaças e ofensas caluniosas, difamatórias e injuriosas a ministros da corte e seus familiares. Ele apontou como relator o ministro Alexandre de Moraes

COMO A PGR RECEBEU A MEDIDA

A então PGR, Raquel Dodge, disse que a investigação era inconstitucional, violou o devido processo legal e feriu o sistema acusatório, segundo o qual o órgão que julga não pode ser o mesmo que investiga.
O novo procurador-geral, Augusto Aras, que assumiu em setembro, afirmou não ver nulidade no inquérito e disse ser contra o arquivamento da apuração, como defendeu sua antecessora

PONTOS CONTESTADOS

offoli abriu o inquérito por ato de ofício, sem provocação de outro órgão, o que é incomum. Para os críticos, ele deveria ser encaminhado ao Ministério Público. Além disso, Moraes foi designado para presidir sem que houvesse sorteio ou consulta em plenário

O QUE PREVÊ A LEI

Pelo Código de Processo Penal, o arquivamento de um inquérito passa pela avaliação do juiz (artigo 28). No mesmo sentido, o regimento interno do STF dispõe que é atribuição do relator determinar a abertura ou o arquivamento de um inquérito quando a Procuradoria assim requerer (artigo 21)

PRÓXIMOS PASSOS

Uma ação da Rede questiona a investigação, e o caso deveria ser levado ao plenário do Supremo a pedido do relator, o ministro Edson Fachin. Mas o julgamento não tem prazo para ocorrer

DESDOBRAMENTOS

O STF tem desmembrado o inquérito, remetendo pedidos de investigações de casos concretos à Polícia Federal, em uma manobra para colocá-los dentro do rito processual normal e tentar fazer com que tenham prosseguimento em ações na Justiça

Doria anuncia início da reabertura “consciente” do comércio a partir de 1º de Junho

Em entrevista coletiva nesta quarta (27) no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o Governador João Doria apresentou a nova fase do “Plano São Paulo” contra o coronavírus, que inclui o que ele mesmo chamou de “retomada consciente” da economia.

“Estamos anunciando a retomada consciente a partir do dia 1º de Junho. Desta data, ainda teremos 15 dias de quarentena, porém com a a reabertura de maneira consciente de alguns serviços no Estado de São Paulo”, afirmou o Governador na abertura da coletiva desta quarta.

Após comentar as ações do Governo de SP nos primeiros meses de quarentena, reforçando que “todas as decisões foram tomadas com base na ciência e na saúde”, Doria explicou algumas das medidas que passam a valer a partir do início do próximo mês.

O anúncio da retomada não significa que o Estado determinou o fim do combate ao avanço da Covid-19. “Estaremos acompanhando dia-a-dia a
evolução do processo. Se tivermos que dar um passo atrás, não hesitaremos”, disse o governador.

Segundo Doria, a próxima fase do Plano São Paulo conta com cinco etapas, que devem ser seguidas para que mesmo com a retomada a preocupação com a saúde e com a vida das pessoas não seja deixada de lado.

A retomada será regionalizada, ou seja, deve variar de cidade para cidade dependendo do número de casos da doença, dos índices de ocupação de UTIs, do nível de isolamento social e de outros fatores.

Mais detalhes sobre o anúncio do Governo de SP feito nesta quarta serão publicados ao longo do dia em jornalcidade.net e na edição impressa do JC desta quinta (28).

Infraestrutura e obras públicas perdem mais espaço na construção, diz IBGE

NICOLA PAMPLONA- RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Obras públicas e de infraestrutura continuaram perdendo relevância na indústria de construção no país em 2018, segundo pesquisa divulgada nesta quarta (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados mostram ainda que os trabalhadores do setor tiveram naquele ano os menores salários em uma década.
A perda de espaço de obras públicas e de infraestrutura em 2018 repete tendência que vem sendo observada desde 2014, quando a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato paralisou diversas obras e o país entrou em um período de recessão que apertou os orçamentos dos governos.
De acordo com o IBGE, o valor de incorporações da indústria brasileira da construção, que somou R$ 278 bilhões em 2018, praticamente no mesmo patamar do ano anterior. O IBGE destaca que, apesar de um aumento de 1,3% no PIB naquele ano, a construção caiu 3,8%. O ritmo de queda, porém, foi menor do que o registrado no ano anterior, de 9,2%.
Os resultados da pesquisa divulgada nesta terça, diz o IBGE, “sugerem que o contexto da instabilidade econômica e institucional iniciado em 2015 não foi plenamente superado pela indústria da construção”, que ainda convivia em 2018 com adiamento de investimentos e cancelamento de projetos.
O cenário teve reflexo no emprego do setor, com queda de 1,7% no número de pessoas ocupadas e de 3,2% no valor de salários e outras remunerações pagas aos trabalhadores do setor. Com relação a 2009, diz o IBGE, o número de trabalhadores caiu 35,3% e os salários, 43,2%.
Em 2018, o salário médio pago ao trabalhador da indústria de construção foi de 2,3 salários mínimos, o menor valor em uma década e 0,3 salários mínimos menor que em 2017. A renda média da construção de edifícios (2,1 salários mínimos), que ganhou espaço, são menores do que os de obras de infraestrutura (2,8).
Segundo o IBGE, as obras de infraestrutura representaram 31,3% do valor total de incorporações, contra 32,2% no ano anterior e 46,5% em 2009. Já a participação da construção de edifícios foi de 45,5%, um pouco menor que os 45,8% do ano anterior. Em 2009, a fatia deste segmento era de 39,5%.
“A diminuição dos investimentos governamentais, bem como a paralisação ou desaceleração de programas de estímulo ao setor da construção, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), podem ter refletido a perda de dinamismo do setor e, sobretudo, da atividade de infraestrutura”, disse o IBGE.
A participação do setor público como contratante das obras caiu de 31,7% em 2017 para 30,7% em 2018. Em 2009, os projetos pagos por governos representavam 43,2% do valor total das obras. Mesmo em infraestrutura, a participação dos governos caiu para 50,4%, o que significa que metade das obras foram feitas pelo setor privado.
Com a derrocada dos grandes grupos construtores após a Lava Jato, a concentração dos negócios entre as oito maiores empresas do setor também vem caindo ano a ano. Em 2018, elas foram responsáveis por apenas 4,4% do valor total da construção, contra 6% no ano anterior e 12,4% em 2009.
Nas obras de infraestrutura, as oito maiores representaram 10,8% do mercado, contra 26,5% em 2009. Das oito maiores empresas da pesquisa, diz o IBGE, seis eram de infraestrutura, uma a menos do que em 2009.
Esse cenário se reflete também no porte das empresas. Em 2018, as construtoras que atuavam em obras de infraestrutura tinham em média 43 trabalhadores, quase metade dos 92 verificados em 2009. Na média, as construtoras brasileiras empregaram 15 pessoas em 2018, contra 33 dez anos antes.
A região sudeste concentra quase metade tanto do pessoal ocupado quanto do valor de incorporações da indústria de construção, mas essa participação vem caindo ao longo dos anos. A fatia no pessoal ocupado caiu de 50,5% para 48,2% e no valor de incorporações, de 54,5% para 49,2%.

Bonner fala sobre ataques e intimidações em entrevista

CRISTINA CAMARGO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O jornalista William Bonner disse na madrugada desta quarta-feira (27), em entrevista ao programa Conversa com Bial, que a suspeita sobre a utilização indevida do CPF de seu filho Vinícius, 22, para pedir o auxílio emergencial de R$ 600 ao governo federal teve o objetivo de “encurralar” ele e a ex-mulher, a apresentadora Fátima Bernardes e, dessa forma, atingir a TV Globo.
A Globo informou nesta terça-feira (26) por meio de nota que Bonner tem sofrido uma campanha de intimidação.
O editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional contou que o filho é vítima de estelionato há três anos, desde que sofreu um acidente de carro. Um bombeiro teria divulgado a carteira de habilitação do jovem na internet e desde então a família precisa contar com a atuação de advogados para desfazer golpes.
A fraude mais recente foi a tentativa de vincular o nome do filho de Bonner e Fátima Bernardes a um pedido de auxílio emergencial. O jornalista foi informado que um jornal do Rio preparava reportagem sobre o assunto e, por meio de advogados, mostrou ao veículo as provas de que era um golpe e alertou a Caixa Federal para não fazer o pagamento. A reportagem não foi publicada.
Mesmo sem nada ter sido divulgado, segundo ele, o filho começou a receber insultos pelas redes sociais. Bonner então fez um desabafo em público e, a partir disso, afirma que começaram a acontecer “coisas estranhas”.
“Circularam vídeos que o acusavam de ter feito o pedido e recebido. E cobravam isso do pai e da mãe. De William e de Fátima. E dele”, disse durante a entrevista a Pedro Bial.
Para Bonner, o material estava pronto para ser divulgado nas redes sociais antes mesmo dele fazer o desabafo.
“Quem em meio a uma pandemia, com milhares de mortes, teria a ideia, do nada, de entrar no site do Ministério da Cidadania ou do Dataprev e verificar se o filho do William Bonner tentou se inscrever para receber os R$ 600?”, questionou. “Esse é o tempo que estamos vivendo hoje, mas vamos em frente”
Para Bial, ficou evidente o caráter doloso do que aconteceu.
Com a voz embargada, Bonner contou que a polarização política faz com que ele evite frequentar lugares públicos desde as eleições presidenciais de 2018. A tentativa é de evitar ataques e agressões verbais.
Um episódio ocorrido em uma padaria na Lagoa, região nobre do Rio, foi citado como marcante pelo jornalista.
Segundo ele, uma mulher embriagada às 10h disparou insultos contra ele a uma curta distância, o que provocou grande constrangimento no ambiente.
“Eu, no meu constrangimento, querendo me livrar de uma situação em que estava sendo insultado, me senti culpado por estar estragando o dia de outras pessoas”, lembrou.
A decisão de evitar viagens de avião foi tomada antes, em 2016, quando passou um ano indo de carro do Rio a São Paulo para visitar o pai doente nos finais de semana. A mesma situação foi vivida em 2018, quando quem estava doente era a mãe.
Ex-frequentador do Twitter, o jornalista disse ter visto a intolerância ganhar força nas redes sociais e depois extrapolar para as ruas.
“O que era diversão foi se transformando em campo de batalha”, afirmou. “A gente vai para as ruas e assiste essa mesma incivilidade. A cada eleição vai piorando”.
Hoje, além de ser mais recluso, ele evita as redes sociais, que utiliza apenas profissionalmente ou em episódios como o do golpe com o documento do filho.
O jornalista comentou também a insegurança vivida por jornalistas que cobriam diariamente a rotina do presidente Jair Bolsonaro em frente ao Palácio do Alvorada. Ele disse ter a sensação de que foi criada uma situação para dificultar o trabalho da imprensa.
A Folha de S.Paulo decidiu suspender a cobertura jornalística na porta do Palácio da Alvorada temporariamente até que o Palácio do Planalto garanta a segurança dos profissionais de imprensa. O Grupo Globo tomou a mesma decisão.
Ainda na entrevista, Bonner falou sobre a cobertura da pandemia do novo coronavírus como a mais dramática de sua carreira jornalística. Até mesmo o tom de sua narração mudou diante da tragédia.
“Estou me permitindo respirar. Estou respirando na minha necessidade de respirar”, disse.
Para o jornalista, a situação é avassaladora, o que inclui o perigo dos negacionistas que têm o poder da comunicação direta e divulgam fake news para enganar a população.
Sem citar nomes, Bonner definiu como “maldade humana” a atitude de uma pessoa que inventa informações como a de que um medicamento teria o poder de salvar pessoas.
“O que é isso, senão maldade?”

PF cumpre mandados de busca e apreensão em inquérito do Supremo contra fake news

FÁBIO FABRINI- BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Polícia Federal cumpre 29 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira (27) no chamado inquérito das fake news, que apura ofensas, ataques e ameaças contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
As ordens foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e estão sendo executadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.
A investigação corre em sigilo.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, enquanto procuradores e juízes da primeira instância têm arquivado, nos estados, os desdobramentos do inquérito aberto pelo STF para apurar fake news e ameaças contra integrantes do tribunal, há em Brasília uma confluência entre Supremo, governo federal e Ministério Público que respalda o prosseguimento da investigação.
A AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo Jair Bolsonaro, tem dado pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.
No entendimento da AGU, o ministro Moraes, que preside a investigação, não será o responsável por denunciar e julgar os suspeitos, o que assegura a separação entre as funções prevista na Constituição.
Moraes tem remetido braços da investigação às Procuradorias nos estados onde considera haver indícios de crimes. A ideia é que os procuradores locais avaliem as provas colhidas pelo STF e, se entenderem que houve crime, ofereçam denúncia.
Numa guinada em relação a Raquel Dodge -que buscou arquivar o inquérito em diversas ocasiões e entrou em atrito com o STF por causa disso-, o novo procurador-geral, Augusto Aras, afirmou que não há inconstitucionalidade na apuração, desde que suas conclusões sejam submetidas ao Ministério Público, único órgão capaz de propor ações penais.
No Supremo, com exceção do ministro Marco Aurélio, mesmo os críticos ao procedimento têm evitado comentá-lo, seja para não enfraquecer o tribunal perante o público, seja porque, como observam, desconhecem a gravidade do que a apuração ainda pode encontrar.
O motivo dos questionamentos sobre o inquérito é que, segundo seus críticos, há uma série de vícios de origem.
A investigação foi aberta em março pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, sem provocação de outro órgão -no jargão jurídico, foi instaurada de ofício.
Moraes foi escolhido relator por Toffoli sem que houvesse um sorteio entre todos os ministros. E o objeto da apuração é amplo demais, sem um fato criminoso bem definido, o que permite que várias situações sejam enquadradas no escopo da investigação, como tem ocorrido.

POLÊMICAS SOBRE O INQUÉRITO DO STF
ORIGEM
Em março de 2019, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, abriu inquérito para apurar fake news, ameaças e ofensas caluniosas, difamatórias e injuriosas a ministros da corte e seus familiares. Ele apontou como relator o ministro Alexandre de Moraes

COMO A PGR RECEBEU A MEDIDA
A então PGR, Raquel Dodge, disse que a investigação era inconstitucional, violou o devido processo legal e feriu o sistema acusatório, segundo o qual o órgão que julga não pode ser o mesmo que investiga.
O novo procurador-geral, Augusto Aras, que assumiu em setembro, afirmou não ver nulidade no inquérito e disse ser contra o arquivamento da apuração, como defendeu sua antecessora
Quais alguns dos pontos contestados Toffoli abriu o inquérito por ato de ofício, sem provocação de outro órgão, o que é incomum. Para os críticos, ele deveria ser encaminhado ao Ministério Público. Além disso, Moraes foi designado para presidir sem que houvesse sorteio ou consulta em plenário

O QUE PREVÊ A LEI
Pelo Código de Processo Penal, o arquivamento de um inquérito passa pela avaliação do juiz (artigo 28). No mesmo sentido, o regimento interno do STF dispõe que é atribuição do relator determinar a abertura ou o arquivamento de um inquérito quando a Procuradoria assim requerer (artigo 21)

PRÓXIMOS PASSOS
Uma ação da Rede questiona a investigação, e o caso deveria ser levado ao plenário do Supremo a pedido do relator, o ministro Edson Fachin. Mas o julgamento não tem prazo para ocorrer

DESDOBRAMENTOS
O STF tem desmembrado o inquérito, remetendo pedidos de investigações de casos concretos à Polícia Federal, em uma manobra para colocá-los dentro do rito processual normal e tentar fazer com que tenham prosseguimento em ações na Justiça
Galeria Relembre afirmações falsas de Bolsonaro Presidente errou em falas sobre meio ambiente, economia, políticas públicas e causa indígena https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1666583333816585-relembre-afirmacoes-falsas-de-bolsonaro *

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