Jovem de 22 anos que aguardou uma semana por internação morre em RC

O jovem Diego Almeida, de 22 anos, que aguardou cerca de uma semana para conseguir uma vaga de internação na Santa Casa de Misericórdia morreu nesta segunda-feira(12) em Rio Claro.

O rapaz ficou internado em estado grave de anemia, do dia 4 de outubro até a última sexta-feira(9) na UPA da Avenida 29, quando conseguiu a transferência para a Santa Casa.

A mãe Fabiana Graff lamentou a morte precoce de filho e a demora para conseguir a internação.

“Demorou muito para ele ser transferido, ficou uma semana na UPA e apenas na sexta transferiram, ele estava muito fraco e não resistiu. Não tenho palavras para expressar o que estou sentindo”, disse a mãe do jovem.

Diego será velado no Velório Municipal nesta segunda(12) das 16h às 18h e amanhã(13) da 9h às 10h com o sepultamento acontecendo logo em seguida no Cemitério São João Batista. Amigos e familiares prestam homenagens e lamentam nas redes sociais o falecimento de Diego.

Em nota a prefeitura informou que: “O paciente faleceu na UTI da Santa Casa, onde foi internado no final da tarde de sexta-feira, conforme providenciado pelo governo do Estado, que gerencia o sistema da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross). Enquanto aguardou vaga, o paciente recebeu toda a atenção e cuidados na UPA da 29”.

Dia das Crianças: geração conectada ainda gosta de brincar de bonecos

Agência Brasil

Nativos digitais, as crianças que comemoram o dia dedicado a elas na data de hoje – 12 de outubro – não conhecem o mundo sem os tablets, internet e toda a gama de conexão e tecnologia que existe atualmente. Chamada de geração alfa, as crianças nascidas a partir de 2010 ainda sonham em ser médico ou dentista quando crescerem, mas, como o Rubens Benith Belo, de 6 anos, também querem fazer robô.blankblank

“Quero ser dentista como minha irmã, quero ser médico e ser mecânico para consertar carros. Mas, também quero fazer robô”, disse o garoto, que é irmão gêmeo da Lorena, que quer ser dentista. “Porque gosto de mexer no dente!”, disse a menina.

Enquanto não crescem, os irmãos gostam de brincar de boneco, boneca, lego, jogos de tabuleiro, mas, como a maioria das crianças dessa geração, adoram uma tela e gostam dos jogos digitais. “Gosto de encontrar o meu irmão no jogo do Roblox [jogo online]. Gosto de assistir desenho, mas também de brincar de mico [jogo de baralho]. Acho o mundo maravilhoso, mas tenho medo de gente malvada. Não gosto da pandemia, nem das queimadas, não acho legal”, opinou Lorena, que contou ainda que pediu uma boneca de presente de Dia das Crianças, já que “dá para inventar mundos, como se estivesse montando um filminho.”

O irmão contou que também pediu um boneco “porque ele tem máscara”. E continuou: “Gosto de brincar de Lego, aí eu monto coisas, eu sou criativo. Também gosto de jogar Roblox e de ver filmes na TV. Acho o mundo legal, mas é meio malvado, porque tem ladrão e ladrão que mata policial”, disse Rubens.

A mãe dos gêmeos, a professora Angélica dos Santos Benith Belo, disse que eles acham engraçado quando conta que na infância dela não existia celular. “A tecnologia para eles é uma realidade, mas não entendem quando a gente fala, por exemplo, que na nossa época não tinha celular, que não tinha isso ou aquilo, eles acham engraçado porque eles já nasceram na era digital”.

Apesar de eles gostarem de jogos digitais, ela disse que coloca limite no tempo de tela. “Com relação à tecnologia, se a gente não colocar um limite, eles querem o tempo todo ficar com o tablet, mas a gente está sempre de olho e explica que tem que ser com moderação”.

também mãe de uma bebê de um ano, Angélica espera que no futuro suas crianças sejam pessoas de bem. “Imagino um futuro no qual eles possam fazer o que quiserem, no sentido de ter a profissão que quiserem, e eu imagino que serão pessoas de bem, engajadas, porque a gente tenta, de toda a maneira, criar com apego e com carinho para que eles não sintam necessidade de buscar fora de casa alguma coisa para eles. A gente tenta criá-los com empatia, ensinando a se colocar no lugar do outro.”

Futuro da geração alfa

Assim como a Angélica, a relações públicas Lays Ribeiro, mãe do Vincenzo, espera um futuro mais empático para o seu filho viver. “Um futuro em que a escolha do gênero não interfira em que somos, em 2020 ainda vivemos com estereótipos. E que a educação dada agora o ajude a ser emocionalmente saudável e que busque para si sempre o melhor. E que o sucesso tão procurado por todos, seja em se sentir bem, estar com alguém que goste e amar o que ele faça.”

O pequeno Vincenzo, de 4 anos, também falou que gosta de jogos digitais, mas ainda de outras brincadeiras. “Gosto de montar o parque do Jurassic World, com muitos dinossauros”. Quando perguntado sobre o que acha do mundo em que vive, ele ainda não tem noção das malícias, e responde: “Gosto muito de tomar sol lá fora”. Sorte do Vincenzo, que quer ser paleontólogo e pescador.

A mãe dele conta que ele vê o mundo como uma grande brincadeira. “No dia a dia lidamos as tarefas como missões, para que possa ter noção de responsabilidades. Não ligamos noticiários, então ele não sabe o que está acontecendo lá fora exatamente. Sabe os porquês da restrição de não sair de casa, e de nós cuidarmos para não passar o vírus aos avós”.

Lays conta ainda que as telas são usadas com cautela, mesmo em tempos de isolamento. “Tem dias que passam um pouco do combinado, mas vemos claramente que a restrição de telas ajuda a ter criatividade, proatividade e desperta o livre brincar. Como consequência, tenho uma criança mais ativa e que interage com todos ao redor, é muito curiosa, menos ansiosa e irritada”, detalhou.

“A geração denominada Alfa já nasceu com a tecnologia inserida em seu contexto diário, mas se bem estimadas, também adoram o brincar desconstruído”, afirma a pedagoga com especialização em educação transdisciplinar, autora de literatura infantil e infanto-juvenil, Elisabete da Cruz. “O que observo é este brincar precisa ser mais instigante. Elas não gostam do jogo pronto, mas da possibilidade de criar suas próprias regras. São mais autônomos e frequentemente desafiadores.  Precisam de outros estímulos que estimulem seu lado criativo e imediatista.

É o que também pensa a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano. “A criança precisa se pautar pelo toque, pela leitura do corpo, das expressões e das atitudes do outro. A lição mais importante que os pais podem ensinar aos filhos pertencentes a geração alfa é a de saber equilibrar as relações tecnológicas e presenciais, entender que não podemos banir a tecnologia de nossas vidas , mas fazer dela ferramenta que nos ajuda a ler o mundo”, aconselha.

Tecnologia, infância e pandemia

Como a tecnologia faz parte dessa geração, cabe aos pais o papel de não cercear, e sim, auxiliar os seus filhos a utilizar a tecnologia com equilíbrio, defende Viviani.  “Os pais podem ensiná-los a estabelecer uma relação de “usuário e consumidor consciente” dos meios tecnológicos desde cedo, pois eles impactam diretamente nas relações sociais e acadêmicas que os filhos estabelecerão por toda a vida.”

A neuropsicopedagoga explica que, devido a intensa influência tecnológica, as crianças alfa são muito inteligentes, curiosas, multitarefas e tem intensa necessidade de interagir, inventar e se conectar. “Boa parte das brincadeiras são realizadas por meio da tecnologia, ou seja, os amigos podem ser virtuais ou não, mas o meio de relação entre eles é o mesmo: a tecnologia,”

A pandemia intensificou o uso das tecnologias e a sala de aula virou a tela do computador/tablet/celular. Esse “novo normal” para as crianças pode mudar a relação delas com o mundo. “O período de quarentena vivenciado por todos nós aumentou consideravelmente o “tempo de tela” de adultos e crianças, gerando alguns problemas que são notados de perto por todos: a exposição intensa gera dificuldades de concentração, atenção, memória e irritabilidade, problemas ocasionados pelo isolamento social e também pela instabilidade do sono”, disse.

“A tecnologia, nesse caso, nos possibilitou algumas situações que eram feitas presencialmente. A viabilização dessas situações por meio da tecnologia foi o que nos permitiu continuar, mesmo que em adaptação, algumas atividades essenciais do nosso cotidiano”, destacou a pedagoga especialista em Gestão e Docência no Ensino de EaD [Educação à Distância], Regina Madureira.

Para Regina, esse período de pandemia vai refletir no futuro das crianças. “Temos que considerar as mudanças na rotina, a incerteza – não só da criança, mas dos adultos que convivem com ela – enfim, teremos impactos no futuro, que podem ser positivos ou de melhoria para os seres humanos.”

Na opinião da Elisabete da Cruz, o uso das tecnologias pelas crianças não é responsável por despertar inseguranças. “Nesse isolamento, as dificuldades, a ausência do convívio dos amigos e familiares pode gerar inseguranças, medos e até aflorar outras emoções no futuro, o uso da tecnologia não, ela faz parte do contexto desta geração alfa e para eles é apenas uma ferramenta”, afirmou.

“O que não podemos perder de vista é que somos seres humanos geneticamente sociais e apesar dos relacionamentos interpessoais se darem também por meio da tecnologia, necessitamos do afeto físico. Nossas crianças precisam ser educadas também para se relacionar de forma física. O afeto ultrapassa as telas de computadores e dispositivos móveis”, ressaltou a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano.

Conteúdos infantis e tempo de tela

Nem herói, nem vilã, as telas devem ser vistas como uma realidade, apontaram as especialistas. Mas o que muito se discute entre os pais é se limitar o tempo de tela é necessário. A pedagoga Elisabete destaca a importância da família para estabelecer regras.

“A criança não tem discernimento do que é bom para ela, a família é seu norteador, os limites são necessários para seu crescimento como ser humano. Não existe uma quantidade de horas pré determinadas, porque cada família possui sua própria rotina. Acredito no equilíbrio. Brincar, comer, se exercitar, usar o tablet ou celular, assistir um filme, ler um livro. A vida tem nos mostrado que o equilíbrio é o caminho. Opte pelo equilíbrio e não deixe de acompanhar as atividades que a criança tem tido acesso”, aconselha.

A pedagoga Regina Madureira completa que é preciso orientar e otimizar. “O tempo precisa ser de qualidade, principalmente com os recursos tecnológicos. Não podemos só focar na tecnologia e deixar as outras atividades como brincadeiras que estimulem coordenação motora e lateralidade, por exemplo. O desenvolvimento infantil precisa ser holístico e diversos fatores precisam ser considerados para termos um processo sólido e de efetividade para facilitar esse processo das crianças”.

Para as especialistas, é necessário pensar também no conteúdo a ser acessado pelas crianças. “Estar atento, acompanhar, buscar informações sobre a programação, limitar acessos e principalmente fazer parte disto. Ser presente, se familiarizar com o que está sendo o centro de interesses da criança, participar quando possível desta experiência e oferecer também possibilidades de conteúdo”, disse Elisabete, que ainda orienta aos pais a utilizarem ferramentas de moderação.

“Hoje existem centenas de plataformas, sites, blogs, empresas de projetos educativos e outras infinidades de recursos facilmente encontrados na internet para dar este suporte, até a contratação de um profissional especializado para estas orientações.”

Construir uma relação saudável das crianças com a internet/telas, é possível, concorda  Regina. “Estar junto à criança nas atividades, entender o propósito delas, se conectar com as crianças. Todos os momentos são únicos porque são momentos de orientação para o uso efetivo e consciente da tecnologia, tendo em mente o propósito dela que é ser uma ferramenta para facilitar e servir o ser humano.”

Outro conselho da pedagoga Elisabete é usar a tecnologia a seu favor promovendo atividades fora da tela, mas usando suas referências. “Frequente mais a cozinha, faça receitas encontradas nos aplicativos e coloque a criança para cozinhar com você, faça atividades manuais, brincadeiras, jogos. A felicidade está nas coisas simples, então, descomplique. Exercite o equilíbrio porque não existe receita pronta. Cada criança é um ser único, e independente de sua geração, precisa de afeto e proteção.”

Aparecida tem missa vazia e minuto de silêncio

ATIANA CAVALCANTI
APARECIDA, SP (FOLHAPRESS)

Bem diferente dos anos anteriores, o Santuário Nacional Aparecida estava esvaziado na manhã desta segunda-feira (12), dia da celebração da Padroeira do Brasil, na cidade a 170 km de São Paulo. Padres e todos os convidados usavam máscaras e mantinham distanciamento social.
A primeira missa, às 9h, contou com a presença 1.000 devotos, entre funcionários, colaboradores e representantes da Arquidiocese de Aparecida, composta por cinco cidades: Aparecida, Guaratinguetá, Potim, Roseira e Lagoinha. Normalmente, a lotação é de 35 mil na missa.
A entrada de visitantes não era permitida para evitar aglomerações. A missa, transmitida pela TV Aparecida, acabou com uma chuva de papéis e a plateia entoando “viva a Padroeira do Brasil”.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) marcou presença junto ao candidado a vice na chapa com ele, Ricardo Nunes, na disputa pela reeleição à Prefeitura de São Paulo. Covas rezou e chegou a proclamar a palavra de Deus durante o evento.
A cerimônia começou com a entrada de uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, vestida com a coroa e manto azul.
Em seguida, foi feita uma homenagem às Bodas de Caná, em referência ao primeiro milagre de Jesus Cristo.
Um minuto de silêncio também foi feito em homenagem aos 150 mil mortos pela Covid-19.
Enquanto isso, do lado de fora, fiéis pagavam suas promessas na sala das velas. A fisioterapeuta Andrea Rodrigues, 39 anos, foi até Aparecida nesta segunda-feira para agradecer, segundo ela, a duas graças alcançadas. “Minha mãe foi diagnosticada com câncer cerebral e há um ano os médicos disseram que ela tinha dias de vida e que não sairia do hospital. Prometi que se ela saísse de lá, viria hoje aqui, no dia da Santa, acender uma vela. Ela me atendeu e aqui estou para cumprir o prometido.”
O marido dela, o mecânico de manutenção Luís de Paula, fez a mesma promessa há dois anos, quando o filho do casal, Filipi de Paula, 5 anos, foi operado após ser diagnosticado com câncer de bexiga. “Estamos aqui para ele mesmo acender a vela”, diz o pai.

Coppe desenvolve sistema para ajudar no tratamento da covid-19

Agência Brasil

Pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) desenvolveram um sistema computacional para apoiar médicos e enfermeiros no acompanhamento de pacientes internados com covid-19.blankblank

Como parte da ferramenta, um oxímetro (aparelho que afere a quantidade de oxigênio presente nas células, ajudando no monitoramento da oxigenação sanguínea) capaz de se comunicar com o sistema, sem a utilização de fios, foi desenvolvido pelos pesquisadores para ser acoplado em cada paciente disponibilizando, online e em tempo real, os dados sobre o índice de oxigenação no sangue, frequência cardíaca e temperatura.

Monitoramento mais eficiente

Segundo a Coppe, o sistema foi estruturado para atender, com baixo custo, a demanda de hospitais públicos por monitoramento mais eficiente em unidades como as enfermarias e leitos de isolamento. O próximo passo inclui a avaliação em laboratórios da Faculdade de Medicina e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ.

De acordo com os pesquisadores, com o uso da nova tecnologia, caso algum dos sinais vitais, continuamente aferidos, apresente alteração de padrão que indique ou possa indicar mudança no estado clínico do paciente, um alerta então é emitido a um computador ou tela instalada na enfermaria, ou ainda, enviado ao celular do profissional de saúde.

“Tal procedimento reduz os tempos de resposta da equipe assistencial ao paciente e diminui os riscos associados à mudança de estado clínico, o que o torna especialmente útil para as pessoas que podem ter seu estado agravado rapidamente, como é o caso dos pacientes com infecção por coronavírus”, informa a Coppe.

O sistema está estruturado para monitorar até dez pacientes por enfermaria continuamente. Segundo a Coppe, os dados do monitoramento podem ser armazenados e automaticamente utilizados para produzir gráficos e relatórios dos registros, por paciente monitorado, permitindo que os profissionais de saúde transportem ou integrem as informações no prontuário do paciente e acompanhem sua evolução clínica.

Novas funcionalidades

Segundo os pesquisadores, novas funcionalidades estão sendo avaliadas e devem ser incorporadas ao projeto, como a adição de um botão acoplado ao dispositivo, para que o paciente possa avisar que está com alguma necessidade. Esse sinal deverá gerar um alerta para ser visualizado na tela instalada na enfermaria, acionando a equipe assistencial.

Segundo a enfermeira Patrícia Furtado da Silva, técnica em gestão e sistemas de saúde do Programa de Engenharia de Sistema e Computação da Coppe, que auxilia no levantamento e definição de requisitos para o projeto, a utilização dessa tecnologia será útil à gestão de serviços de saúde, pois permitirá melhorar a alocação de recursos críticos, o desempenho das equipes e, principalmente, refletirá sobre a segurança do paciente, já que aumenta a resiliência em todo sistema de prestação de cuidados, indicando, e até prevendo, situações críticas no menor tempo possível

Patrícia disse que o sistema foi idealizado para que pudesse dar suporte aos hospitais no atendimento de um grande volume de pacientes, como na pandemia por covid-19. Porém, sua utilidade se estende ao monitoramento de pacientes, por qualquer doença ou razão, internados em enfermarias e leitos de isolamento.

Criação

A ferramenta foi desenvolvida pelo engenheiro Ricardo Padilha Pareto, do Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho da Coppe, e por pesquisadores e alunos do Programa de Engenharia de Sistema e Computação da Coppe e da Escola Politécnica da UFRJ, sob a coordenação do professor Guilherme Horta Travassos.

Incêndio na Chapada dos Veadeiros é controlado

Agência Brasil

O Corpo de Bombeiros de Goiás anunciou que o incêndio na região da Chapada dos Veadeiros foi extinto. As queimadas duraram cerca de duas semanas e também foram contidas por equipes de brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários. A chuva que caiu na região no último fim de semana também ajudou a conter o fogo. A estimativa é de que 75 mil hectares tenham sido destruídos.blankblank

No Twitter, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, postou um vídeo anunciando o fim do incêndio e no qual a equipe do ICMBio é aplaudida pela realização do trabalho.

No sábado (10), Salles sobrevoou a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros para verificar o trabalho de combate aos incêndios na região. O trabalho contou com ajuda de cinco aeronaves do tipo Air Tractor, usadas para despejar agua com produto retardante de fogo em locais de difícil acesso.

O fogo teve início no dia 25 de setembro em uma propriedade rural no município de Cavalcante, no interior da Área de Proteção Ambienta (APA) do Pouso Alto. A baixa umidade e alta temperatura na região contribuíram para o fogo se espalhar.

Empresário morre ao ser atingido por pedra durante rapel em Santa Catarina

MATHEUS MOREIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) –

O empresário e alpinista Lucas de Zorzi morreu neste domingo (11) ao ser atingido por uma pedra durante a escalada do cânion Espraiado, na cidade de Urubici, a cerca de 170 km de distância de Florianópolis. Um segundo alpinista, que estava com Zorzi, ficou preso a 200 metros de altura até ser resgatado.
O acidente aconteceu por volta das 10h da manhã, quando um deslizamento de uma pedra que atingiu Zorzi na cabeça e o deixou inconsciente. O colega conseguiu usar o celular para pedir socorro.
O resgate dos alpinistas durou cerca de seis horas devido à dificuldade de acesso ao local. Os socorristas utilizaram um helicóptero águia e foi necessário que um dos socorristas descesse de rapel até onde estavam os alpinistas para dar sequência ao resgate.
Zorzi foi resgatado primeiro e levado de helicóptero para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres sem sinais vitais.
Apaixonado por esportes, o empresário tinha experiência em escalada e também era atleta, instrutor e campeão brasileiro de Wingsuit artístico. O Wingsuit é um esporte cujo praticante plana utilizando um traje que simula asas. Além disso, Zorzi também praticava snowboard e paraquedismo. Ele deixa filho e esposa.
O FlyBrothers, clube de Wingsuit do qual fazia parte, divulgou ainda no domingo nota de pesar pelo falecimento do companheiro.
“E com grande pesar que comunicamos a toda comunidade a perda do nosso grande irmao Lucas, um amigo incrivel, pai e marido dedicado, que na qualidade de atleta estava entre os melhores do esporte! Voce sempre estara em nossas mentes e nossos coracoes. Descanse em paz nosso querido irmao.”
Zorzi era diretor da Mil Indústria de Serras, uma empresa dedicada a fabricação de maquinas utilizadas em madeireiras. A empresa publicou em suas redes sociais uma nota de pesar e divulgou informações sobre o velório do alpinista.
O segundo alpinista teve apenas ferimentos leves.

Vagner Mancini é o novo técnico do Corinthians

Vagner Mancini, 53 anos, se desligou do Atlético-GO e acertou com o Timão para comandar o clube com contrato válido até o fim de 2021.

Mancini chega para substituir o interino Dyego Coelho, que ficou no cargo no Corinthians em sete partidas. Ele venceu o Bahia, perdeu para Fluminense, Sport e Ceará e acumulou três empates consecutivos, contra Atlético-GO, Red Bull Bragantino e Santos.

Atualmente, após 14 rodadas, o Corinthians acumula 15 pontos e está em 17ª, na zona da degola no Brasileirão. 

Maioria quer que vacina para Covid seja obrigatória, mostra Datafolha

LUCIANA COELHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) –

Mais de 70% da população de quatro grandes capitais do país se declara favorável à obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 uma vez que um imunizante seguro e eficaz esteja disponível, mostra pesquisa do Datafolha em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.
Nessas cidades, ao menos 75% dos entrevistados afirmaram que pretendem se vacinar tão logo seja possível.
O apoio à vacinação e à obrigatoriedade é majoritário em todos os estratos identificados pela pesquisa, que ouviu 1.092 eleitores a partir de 16 anos na capital paulista, 900 na fluminense, 800 na mineira e 800 na pernambucana nos dias 5 e 6 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais em todos os casos.
O índice mais alto daqueles que declaram pretender se vacinar foi registrado em Belo Horizonte, onde 81% dos entrevistados manifestaram a intenção, patamar similar o do Rio (80%) e de São Paulo (79%) e superior ao do Recife (75%). Os que afirmam que não vão se vacinar oscilam de 15% a 20% conforme a cidade.
Já a obrigatoriedade encontrou maior apoio dos cariocas (77%) e dos belo-horizontinos (76%), e aderência pouco menor entre recifenses (73%) e paulistanos (72%) –com estes últimos, a rejeição à obrigatoriedade bate em 27%.
Esta é a primeira vez que o Datafolha aborda a questão, levantada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 31 de agosto quando uma simpatizante o interpelou com críticas ao imunizante e ele respondeu que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, mensagem reforçada depois por seu governo.
Lei sancionada em fevereiro, contudo, prevê a possibilidade de vacinação compulsória.
Em pesquisa nacional Datafolha feita por telefone nos dias 11 e 12 de agosto com 2.065 brasileiros em todas as regiões e margem de erro de dois pontos percentuais, 89% afirmaram que pretendiam se vacinar contra a Covid-19 quando houvesse imunizante disponível, e apenas 9% recusavam uma eventual vacina. Embora sirvam de referência, os dados não podem ser comparados diretamente por terem amostragens distintas.
Ainda sem haver remédio que possa curar a Covid-19, a vacina é vista como única solução para estancar uma pandemia que já matou 1,07 milhão de pessoas no mundo, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins (EUA), e mais de 150 mil no Brasil, além de ter infectado ao menos 36,8 milhões de pessoas no planeta desde que foi identificada, em dezembro –o número é considerado subestimado, dada a insuficiência de testes.
No entanto, nenhum imunizante contra a Covid está disponível para a população. Até o início deste mês, dez candidatas a vacina no mundo estavam na terceira e última fase de testes clínicos, com dezenas de outras nas fases 1 e 2.
As previsões mais otimistas são de que as campanhas possam começar, com grupos de risco, em dezembro. Mas a vacinação de populações inteiras pode levar mais alguns meses.
No Brasil, as vacinas mais próximas do uso em massa são a CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e testada em consórcio com o Instituto Butantan, em São Paulo, e a vacina de Oxford, criada pela farmacêutica AstraZeneca com a universidade britânica a qual lhe empresta o nome e que no Brasil tem como parceira a Fiocruz.
Apesar do apoio maciço manifestados pelos eleitores das quatro capitais brasileiras à vacinação, há nuances.
No Rio e em São Paulo, por exemplo, a intenção de se vacinar é mais alta entre os homens (82% e 81%, respectivamente, ante 77% e 71% entre as mulheres), enquanto em Belo Horizonte são elas que mostram mais interesse (83%, ante 80%). Todos esses resultados, porém, ficam dentro da margem de erro, alargada quando se observa um estrato específico.
Aqueles com renda familiar acima de 10 salários mínimos mostram menos predisposição para a vacina do que os que têm renda de até 2 salários em Belo Horizonte, Recife e São Paulo, onde as diferenças entre os dois grupos são, respectivamente, de 8, 11 e 11 pontos (todas na margem de erro). No Rio, entretanto, os mais ricos são os que mais aguardam a vacina: 90%, ante 77% dos mais pobres.
Já a escolaridade parece ter peso apenas em São Paulo e Rio, em sentidos inversos: a adesão à vacina é maior entre os que têm curso superior por margem de 8 pontos sobre os que têm só o ensino fundamental no Rio, e menor por margem de 6 pontos em São Paulo (desta vez, fora da margem de erro no primeiro caso e no limite no segundo).
Ironicamente, os mais novos, que têm de 16 a 24 anos, se mostram mais dispostos a se vacinar do que aqueles com mais de 60 anos –justamente a faixa mais afetada pela Covid-19– por diferenças que vão de 6 pontos (no Rio e em BH, dentro da margem de erro) a 15 (em Recife; em São Paulo o salto é de 10 pontos, ambos fora da margem).

Celebrações na Basílica de Aparecida vão ser realizadas sem devotos

Agência Brasil

O Dia da Padroeira do Brasil, celebrado hoje (12), vai ser bem diferente este ano. Acostumada a receber muitas pessoas – só em 2019 foram 162 mil romeiros, a Basílica de Aparecida este ano vai fazer celebrações sem a presença de devotos em seu interior, de forma virtual. Isso tudo por causa da pandemia do novo coronavírus, que chegou ao Brasil em fevereiro deste ano.blankblank

Para possibilitar a participação dos fiéis, a Rede Aparecida de Comunicação e as redes sociais do Santuário Nacional  vão transmitir ao vivo as festividades em louvor à Padroeira.

A principal missa do dia ocorre às 9h no Altar Central da Basílica Nova. A celebração será presidida pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. No mesmo local, haverá ainda outra celebração às 18h, encerrando as comemorações.

Na Basílica Velha, as missas ocorrem às 7h e às 12h. Às 15h, a tradicional Consagração Solene será dedicada aos membros da Família dos Devotos, que devem assistir a celebração de casa este ano.

Durante as celebrações, pessoas que atuam em instituições diretamente ligadas à Arquidiocese de Aparecida e às obras sociais e de evangelização do Santuário Nacional vão representar os fiéis no interior das Basílicas.

Outro evento que sofreu alteração foi a tradicional procissão, que no ano passado foi acompanhada por mais de 20 mil pessoas. Este ano ela não será realizada, assim como os shows.

Fotos

Os fiéis que desejarem participar da festa de forma mais ativa, poderão enviar fotos durante a Novena. O envio das imagens pode ser realizado durante a Novena das 15h às 19h. As fotos podem ser publicadas no Instagram com a hashtag #EuNaNovena ou enviadas por meio de um formulário no site https://santuarionacional.org.br/eunanovena/. As imagens poderão ser divulgadas na TV Aparecida ou nas redes sociais do Santuário Nacional. No fim do dia, as fotos recebidas serão veiculadas em um conteúdo especial nas redes sociais do Santuário.

“Vamos realizar esta iniciativa de tal modo que a gente consiga, ao longo da Novena, mostrar as fotografias das pessoas que, do conforto de suas casas, estão rezando conosco”, disse o padre Eduardo Catalfo, reitor do Santuário Nacional.

Também será possível enviar intenções de missa, acender velas virtuais e acompanhar imagens ao vivo de espaços do Santuário por meio do site https://www.a12.com/reze-no-santuario .

Romeiros

Apesar das restrições de público presente no Santuário, alguns romeiros decidiram se arriscar e mantiveram a caminhada este ano. Segundo a concessionária CCR NovaDutra, que administra a Rodovia Presidente Dutra, por onde passa o maior fluxo de romeiros com destino à Basílica, entre os dias 1º e 9 de outubro deste ano, 1.288 romeiros passaram pela rodovia com destino a Aparecida. No mesmo período, no ano passado, foram contabilizados 3.708 romeiros.

Por meio de nota, a CCR NovaDutra informou que não recomenda este tipo de manifestação de fé, em função do risco para os peregrinos, que se utilizam do acostamento para caminhar. Além disso, ressaltou a concessionária, os eventos na Basílica este ano serão todos virtuais por conta da pandemia do novo coronavírus.

Coronavírus devasta famílias e multiplica luto de parentes

JOÃO PEDRO PITOMBO E JOÃO VALADARES
SALVADOR, BA E RECIFE, PE (FOLHAPRESS) –

Na família de Raquel Pessoa de Oliveira, 38, o legado se perpetuava em forma de frevo. Na de Odilon Padilha, 58, as tradições gaúchas passavam de geração em geração.
Raquel era conhecida pelo entusiasmo e mantinha uma loja de produtos para cabeleireiros em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. Odilon viveu cresceu entre os campos de São José dos Ausentes, na Serra Gaúcha, e trabalhou como garçom até ter a própria lancheria em Gramado.
Odilon perdeu o pai, perdeu a mãe três dias depois e, no mesmo dia, tornou-se mais uma vítima da Covid-19. Com a mesma doença, Raquel fechou os olhos para sempre sem poder despedir-se dos pais. Estava intubada em uma unidade de terapia intensiva quando pai e mãe morreram.
No momento em que o Brasil atinge a marca de 150 mil vítimas da Covid-19, famílias que foram devastadas pela pandemia enfrentam o luto e tentam retomar a vida em meio a um horizonte nebuloso.
São famílias que perderam, três, quatro, até cinco pessoas por complicações ligadas ao novo coronavírus e que nem ao menos puderam despedir-se decentemente dos seus.
Na periferia de Jaboatão dos Guararapes, a família Oliveira foi devastada em quatro dias, com a morte de pai, mãe e filha. Raquel era conhecida pelo entusiasmo e disposição para o trabalho. Não parava nem um minuto sequer.
Começou com um pequeno salão de beleza na parte de baixo de casa, no bairro de Curado IV, em Jaboatão. Depois, montou uma loja de produtos para cabeleireiros. Vez por outra, ainda cortava os cabelos dos clientes mais próximos.
A doença progrediu muito rápido. Inicialmente, Raquel sentiu falta de ar e febre. Foi encaminhada ao hospital no dia 19 de abril, mas apresentou piora significativa no quadro de saúde e precisou ser intubada um dia depois.
Ainda conseguiu resistir por uma semana. Morreu sem saber que os pais tinham tido o mesmo destino poucos dias antes.
“É uma situação trágica, uma luta com o invisível. Devastou uma parte da minha família. Estamos destroçados”, afirma o professor Klebson Oliveira, primo de Raquel.
Cristóvão Pessoa, 67, pai de Raquel, se sentiu mal quatro dias depois que a filha foi internada. Tinha os mesmos sintomas. Chegou ao hospital e morreu no mesmo dia em decorrência da doença.
Ana Lúcia Barros, 64, mulher de Cristóvão, não soube da morte do marido. Com bastante falta de ar, ela foi internada na mesma data e morreu um dia depois.
O casal era de Bom Jardim, no agreste de Pernambuco, mas sempre estava na casa da filha, no Recife, para cuidar do neto de 11 anos. A criança e o pai, socorrista em um hospital privado, também foram infectados, mas apresentaram sintomas leves e se recuperaram.
“O pai e o filho estão, na medida do possível, seguindo a vida. Mas é uma dor muito grande. A criança, evidentemente, precisou de um acompanhamento psicológico”, diz Klebson.
As três mortes consolidaram a tragédia em uma família marcada pela alegria dos acordes do frevo. Ana era neta, e Raquel, bisneta, de Levino Ferreira (1890-1970), um dos mais famosos compositores de frevo de Pernambuco.
A milhares de quilômetros de Jaboatão, na Serra Gaúcha, a família Padilha tinha como centro o sítio em São José dos Ausentes, cidade de 3,5 mil habitantes onde moravam Solon Gonçalves Padilha, 88, e sua mulher, Leonor Alano Padilha, 84.
A família era grande: tinham 11 filhos, mais de 40 netos, além de bisnetos. O sítio onde criavam gado era o ponto de encontro da família. A cada fim de semana, um dos filhos se revezava para ajudar os pais na lida do campo.
Em julho, surgiram os primeiros infectados pelo novo coronavírus na família, que teve um total de 12 pessoas contaminadas. As mortes vieram em sequência. Solon não resistiu às complicações da Covid-19 e morreu em 16 de julho.
Três dias depois, a família perdeu Leonor e o filho Odilon Padilha. Outros dois filhos do casal morreram nas semanas seguintes.
Com 58 anos, Odilon Padilha deixou São José dos Ausentes aos 22 anos e mudou-se para Gramado, onde construiu a vida no ramo gastronômico. Começou como garçom e progrediu até ter sua própria lancheria.
“Ele era um homem muito simples, uma pessoa muito dedicada ao trabalho”, afirma o filho de Odilon, Rodrigo Padilha. Ele conta que o pai continuou trabalhando na pandemia, mas tomava cuidados, como o uso de máscara e higienização das mãos. “Não sei como ele se infectou.”
No início de julho, começou a sentir sintomas de gripe. Achou que seria um resfriado típico do inverno e, por isso, demorou a buscar atendimento. Internado, ficou 12 dias na UTI, mas não resistiu à doença. Morreu no mesmo dia que a mãe, um baque para toda a família.
“Foi difícil. Sem dúvida, mexeu muito com o meu psicológico”, afirma Rodrigo, que não teve tempo nem sequer para digerir a perda: teve que tomar a frente do negócio do pai, no qual já trabalhava, para garantir o sustento da família.
Além do luto, ainda teve que lidar com comentários maldosos de que a família teria se reunido em uma festa no sítio durante a pandemia. A última reunião familiar, diz Rodrigo, havia acontecido no ano passado, quando comemoraram os 65 anos de casamento dos avós.
Depois do pai e dos avós, Rodrigo ainda perdeu dois tios, irmãos de seu pai. Um deles, Francisco Padilha, atuava no mesmo ramo: era dono de um restaurante na cidade vizinha de Canela.
Casos semelhantes aconteceram em outros estados. Na cidade de Cândido Sales, sudoeste da Bahia, mãe e duas filhas morreram em agosto em um intervalo de oito dias, contaminadas pelo novo coronavírus.
A mãe tinha 79 anos e morreu após ter sido internada em um hospital na cidade vizinha Vitória da Conquista. As duas filhas morreram na própria cidade. Seus nomes foram preservados a pedido de familiares.
A cidade de Natal (RN) registrou uma situação parecida: mãe e duas irmãs morreram de Covid-19 em um período de dez dias. As irmãs Maria José da Silva, 55, e Maria Gorete da Silva, 49, morreram com uma diferença de horas após terem sido internadas em um hospital na capital potiguar.
A psicóloga Luciana Mazorra, do instituto especializado em luto Quatro Estações, alerta que as perdas múltiplas podem resultar em um luto mais complicado para as famílias.
“É uma sobrecarga muito grande para este enlutado, que muitas vezes perde justamente as pessoas que estariam ao lado para dar suporte nesse momento difícil”, explica.
Quando as mortes acontecem em meio a uma pandemia como a da Covid-19, uma série de fatores torna a situação ainda mais difícil: o fator surpresa de uma morte prematura, a distância durante a internação e as limitações nos rituais de despedida, como velório, enterro ou cremação.
Para completar, o enlutado ainda enfrenta obstáculos para retomar a vida, já que a pandemia impede a proximidade física das redes de apoio.
Essas dificuldades foram enfrentadas pela família Oliveira, em Jaboatão dos Guararapes. As restrições para a realização do enterro, contudo, não impediram uma homenagem a Cristóvão, que assim como Levino Ferreira, tocava saxofone.
Músicos do Grêmio Lítero Musical Bonjardinense, onde ele tocou na juventude, fizeram uma apresentação junto à casa da família.

Trabalho doméstico perde 500 mil postos durante a pandemia

DIEGO GARCIA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) –

A empregada doméstica Barbara Cristina, 40, começou 2020 trabalhando em três residências diferentes no Rio de Janeiro, com uma renda mensal próxima a R$ 2 mil. Ela chega ao fim do ano, no entanto, desempregada e sem nenhuma fonte de renda, contando com a ajuda do namorado para pagar as contas.
A situação de Cristina é a mesma que muitas domésticas enfrentam após a chegada da pandemia de Covid-19 ao país. As medidas adotadas para conter a disseminação da doença, como o distanciamento social e as restrições para o funcionamento de comércio e serviços, afetaram sobretudo trabalhadores do setor de serviços.
Segundo Barbara, os empregadores alegaram motivos distintos para a dispensa, mas sempre ligados à pandemia. Ela conta ter ficado sem trabalho em meados de março e abril, quando a maior parte do país passou a adotar medidas restritivas para combater o novo coronavírus.
“Em uma das casas, fui mandada embora porque o orçamento dos patrões caiu, eles trabalham com empresas que foram afetadas pela pandemia. Nas outras, como tinham idosos ou crianças, ficaram com medo que eu levasse a pandemia para dentro da casa deles e me dispensaram”, afirma.
Números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os trabalhadores domésticos e ligados à prestação de serviços às famílias ainda são os que mais sofrem com a pandemia da Covid-19 no Brasil.
Mesmo com a ligeira recuperação em outras áreas, principalmente aquelas com trabalhos que exigem maior qualificação, que se adaptaram ao home office, esses segmentos seguem sem conseguir criar novas vagas.
Segundo dados da Pnad Covid, pesquisa criada pelo IBGE para mensurar os efeitos da pandemia no país, desde maio foram cerca de 500 mil postos de trabalho perdidos nos serviços domésticos. Em um ano, o setor doméstico perdeu 1,7 milhão de postos, de acordo com a pesquisa Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua referente a julho. Por utilizarem metodologias distintas, as duas pesquisas não são comparáveis, mas apontam o cenário dramático do trabalho doméstico.
Janaina Mariano de Souza, presidente do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo, diz que o setor está em queda livre: a cada 10 atendimentos feitos pela entidade, 8 são de domésticas desempregadas no período. “Para nossa categoria, a pandemia ainda está fazendo estrago, o número de doméstica desempregadas está crescendo.”
Além das demissões, contratos estão sendo suspensos. A estimativa é que para cada 100 novos papéis que chegam ao sindicato, 98 são para suspensão do serviço, com base na medida provisória instaurada pelo governo. A preocupação é que esses empregos sejam encerrados após o fim da iniciativa.
“Rodolpho Tobler, da Fundação Getulio Vargas, aponta que dois fatores estão prejudicando os serviços domésticos a voltar a criar vagas. O primeiro é a cautela em relação à renda, o segundo o medo de contágio da Covid-19.
“As pessoas evitam consumir serviços porque tiveram demissões ou salários reduzidos. E a pandemia não está controlada, esse tipo de serviço demanda presença física, não tem como ter serviço doméstico sem ser assim, precisa estar presencialmente e isso tudo complica”, afirma o economista.
Ele avalia que, pelo fato de os empregados domésticos utilizarem transporte público para trabalhar, acabam causando temor nos patrões de se contaminarem e levarem a doença para seus lares.
“E tem a questão da renda, ninguém tem certeza de que o salário vai continuar estável, as pessoas estão postergando esse consumo e aproveitam para não ter gastos”.”
O especialista da FGV afirma que o corte no auxílio emergencial vai pressionar o mercado de trabalho, fazendo as pessoas irem às ruas em busca de emprego.
“Com o benefício caindo pela metade, isso pressiona o orçamento das famílias e elas ficam obrigadas a procurar emprego. Os R$ 300 não são suficientes para se manter, mas a economia não reage tão rápido para absorver a todos, e muito vão fazer bico, para conseguir renda”, diz.
Além do trabalho doméstico, outros serviços com características semelhantes, como baixos salários e alta informalidade, também foram duramente afetados pela pandemia do novo coronavírus.
Segundo a Pnad Covid, desde maio foram perdidos 350 mil vagas em alojamento e alimentação (como hotéis e restaurantes) e 300 mil em outros serviços. O segmento de outras atividades, que agrega serviços menores que não se encaixam em nenhum dos outros pesquisados, registrou perda de 2,9 milhões.
Somados, esses serviços concentram 4 milhões de postos de trabalho perdidos durante a pandemia e ainda não mostraram reação, apesar do afrouxamento da quarentena nas últimas semanas.
Enquanto isso, outros setores já mostram uma retomada gradual, como os de construção, comércio e reparação de veículos e motocicletas, e nas indústrias geral e de transformação.
Para o professor Ricardo Macedo, do Ibmec, esse cenário ainda se relaciona com a crise sanitária. Como serviços domésticos e prestados à famílias envolvem contato direto e aglomeração, a demanda segue desaquecida por um temor do consumidor de se expor.
O professor Otto Nogami, do Insper, diz que o processo de retomada do emprego nos serviços enfrenta dificuldades mesmo com a flexibilização.
“Muitos empresários estão descobrindo que não está valendo a pena retomar a atividade, pois está tendo mais prejuízo que lucro. Eles preferem manter o negócio fechado até que a coisa realmente se estabilize e comece a voltar à normalidade de uma maneira mais consistente.”
Outro fator que explica a falta de reação do emprego nesses setores é o auxílio emergencial, o benefício elevou a renda dos mais pobres a patamares inéditos, permitindo com que ficassem em casa em vez de se expor ao vírus.
Com o corte pela metade do benefício, a tendência é que esses brasileiros voltem às ruas para buscar um trabalho, o que vai pressionar a taxa de desocupação e de informalidade.
Soma-se a isso a alta na inflação de alimentos –em setembro, o IPCA registrou a maior alta para o mês desde 2003. “A cesta básica ficou comprometida. É uma questão de sobrevivência e manutenção de dignidade, essas pessoas serão obrigadas a voltar, e a informalidade vai crescer”, avalia o professor Ricardo Macedo.

PT usa ex-prefeitos para ganhar fôlego no entorno da Grande SP

GÉSSICA BRANDINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) –

Na tentativa de retomar o comando de cidades da região metropolitana de São Paulo, o PT aposta em ex-prefeitos para sair vitorioso das urnas. A estratégia se repete em seis cidades, o equivalente a metade dos municípios já governados pela sigla nos últimos 20 anos com candidaturas em novembro.
Em 2016, na esteira do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o partido foi praticamente varrido da região metropolitana, assumindo apenas uma prefeitura, a de Franco da Rocha, contra nove na eleição anterior.
Agora, o PT está na disputa de 25 das 39 cidades da Grande São Paulo, sem contar a candidatura de Jilmar Tatto na capital. Desde 2000, 17 municípios da região já elegeram ao menos uma vez prefeitos da sigla, segundo dados do TSE disponibilizados pelo Centro de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getulio Vargas (Cepesp Data/FGV).
O secretário-geral do PT no estado, Chico Macena, diz que, além de ex-mandatários, o partido aposta em pessoas já reconhecidas na política local. “São pessoas jovens do ponto de vista de uma geração e já com uma bagagem política e capacidade”, diz, citando as vereadoras Bete Siraque e Rosângela Santos, que disputam as prefeituras de Santo André e Embu das Artes, respectivamente.
Embu das Artes e Guarulhos são as cidades onde o PT governou por mais tempo neste século. Foram quatro mandatos consecutivos em cada. Osasco e Santo André tiveram três vitórias do partido desde 2000.
Foi durante o segundo mandato de Lula na Presidência que o partido teve o seu melhor resultado na Grande São Paulo, com 11 prefeitos em 2008. Naquele ano, Luiz Marinho, que comandou dois ministérios de Lula, foi eleito pela primeira vez prefeito de São Bernardo do Campo, cargo que disputa novamente.
Na ocasião, Marinho desfilou pelas ruas da cidade ao lado do então presidente. Foi também em parceria com o governo federal que o prefeito obteve recursos para obras na cidade, mesmo efeito que beneficiou os governos de Elói Pietá em Guarulhos e de Emídio de Souza em Osasco.
Esse legado promete embalar a candidatura dos três petistas, que governaram os municípios por dois mandatos. Em Guarulhos, pesquisa Ibope realizada nos dia 25 e 28 de setembro com 805 eleitores mostra Pietá tecnicamente empatado com o atual prefeito e candidato à reeleição, Gustavo Henric Costa (PSD), o Guti.
O mandatário tem 25% das intenções de voto, contra 22% de Pietá, que governou a cidade de 2001 a 2008. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Em uma simulação de segundo turno, a posição se inverte, mas segue o empate técnico: Pietá com 38%, e Guti com 36%.
O ex-prefeito petista é menos rejeitado que o atual ocupante do cargo, mas ambos são os mais rechaçados pelos entrevistados. Não votariam em Guti de jeito nenhum 31%. Em Pietá, 26%.
Também retornam ao pleito de 2020 os ex-prefeitos José de Filippi, em Diadema, Sergio Ribeiro, em Carapicuíba, e Ramon Velasquez, em Rio Grande da Serra.
Num contexto de pandemia, a presença física de Lula em atividades de campanha é incerta. Ao final de outubro, o ex-presidente completará 75 anos. Ele tem seguido a quarentena desde o início da pandemia, em março, segundo integrantes do partido, e usado a internet para fazer política.
“[Lula] Está com uma disponibilidade incrível, porque tem participado de muitas lives e reuniões com a militância. Agenda física nós não sabemos”, afirma Macena.
Pietá sonha com a presença do ex-presidente na campanha. “Lula foi o presidente que mais ajudou Guarulhos e nos ajudou a construir o maior hospital da cidade. Se depender dele, aparece na campanha”, diz. O ex-presidente mora em São Bernardo, onde começou na política como líder sindical, ao comandar greves de metalúrgicos no final dos anos 1970, durante a ditadura militar.
Na cidade, ele recebeu o apoio de militantes nas horas que antecederam sua prisão, em abril de 2018, após condenação em segunda instância pela Lava Jato.
Presidente do PT no estado, Marinho afirma que a sigla prepara formas de fazer a imagem de Lula circular pelo país, assim como a do ex-prefeito Fernando Haddad e da ex-presidente Dilma.
“É uma liderança que respeitamos e é respeitada. Há quem o odeie e quem o ame. Acima de tudo, ele nos representa e lidera. [O Lula] participará de forma efetiva das nossas campanhas, não só da minha”, afirma o petista, acrescentando que a presença física dependerá da liberação dos médicos.
“Quando os profissionais da saúde liberarem, provavelmente ele participará”, diz.
Ex-advogado de Lula, Emídio destaca que essa será uma campanha diferenciada, com menos corpo a corpo e mais interação nas redes sociais.
Ainda que não esteja presente em carreatas, Lula tem contribuído para nacionalizar o discurso da campanha, com críticas à condução da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como na mensagem divulgada no feriado do 7 de Setembro.
O tom também marca as peças divulgadas pelo partido, sob o slogan “Na hora do vamos ver, quem defende você é o PT”, destacando programas nacionais, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Macena afirma que a crítica da legenda é feita às políticas do governo e que o impacto da pandemia na economia dos municípios e no desemprego afetará diretamente as realidades locais.
“Parece que a gente fala que tem um debate nacional a ser feito descolado dos municípios e não é isso. Debate nacional a ser feito é sobre o cotidiano das pessoas e inclusive das perspectivas de cada prefeitura no âmbito local resolver os problemas”, diz.
A polarização com o PSDB em algumas cidades, como São Bernardo do Campo, também deve marcar mais uma vez a retórica dos candidatos petistas, mas, na avaliação de Macena, os tucanos estão enfraquecidos com a divisão da centro-direita.

Jornal Cidade RC
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