No mês de julho, a morte de um homem chamou a atenção da comunidade para a atual situação da Usina Corumbataí. A vítima, eletrocutada, foi encontrada na área da usina e a hipótese é de que estaria tentando furtar cabos de energia elétrica do patrimônio histórico tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, o Condephaat. Este não foi o primeiro caso envolvendo violência. Há cerca de dois anos, a família do servidor responsável pela usina deixou o local após ser feita refém durante um assalto.

Localizada no Distrito da Assistência, às margens da rodovia Rio Claro/Piracicaba, a usina é administrada pela Fundação Energia e Saneamento. Em 2014, o programa de visitas à antiga usina, que havia sido iniciado em 2001, foi suspenso diante da decisão de concessão do equipamento para a iniciativa privada voltar a produzir energia.

Para o historiador Antonio Donizete Pinto, hoje aposentado e que até 2013 era o coordenador do patrimônio, essa não é mais a função daquele espaço.

“Tentaram produzir energia, mas parece que o projeto não foi adiante. Sempre fui contra, porque a função da Usina Corumbataí hoje é de patrimônio turístico, ecológico e educativo. A cidade deveria se apropriar desse patrimônio, buscando parcerias para obter recursos e desenvolver seu grande potencial”, analisa o historiador, que morou no local com sua família durante 12 anos, criando uma relação de afeto com o local. Hoje, Donizete lamenta o fechamento. “Rio Claro é tão rica, mas essa riqueza não é voltada para usufruto da cidade”.

Em 2019, antes do início da pandemia da Covid-19, o então secretário municipal de Turismo, Ronald Penteado, tentou contato com a Fundação para obter informações sobre o estado do patrimônio e a possibilidade de retomada das visitas.

Na época, a fundação respondeu que “continua aberta e em busca de possíveis parcerias e patrocínios de empresas e instituições interessadas e comprometidas com os princípios de educação, cultura e preservação do patrimônio histórico, de forma a reativar a visitação no espaço, com a devida manutenção das atividades de geração de energia”. Em 2013, o projeto Estação Turismo, da prefeitura de Rio Claro, levou sete mil visitantes à usina.

Fundação

Procurada pelo JC para esclarecer sobre a atual situação da Usina Corumbataí, a Fundação Energia e Saneamento informa que “a Cobbucio e Almeida, empresa de geração de energia, é a responsável pela operação da pequena central hidrelétrica.

A partir das determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a empresa Cobbucio e Almeida recebeu autorização para a geração de energia. Tratando-se de uma hidrelétrica centenária, a Usina obteve, recentemente, autorização deste órgão para a realização das obras a serem executadas pela empresa geradora, aguardando as demais aprovações necessárias”.

Sobre as visitas, a fundação responde que “no período de 2001 a 2014 manteve o Museu da Energia em Rio Claro, mas, em virtude da necessidade de readequação operacional e, posteriormente, das obras para a retomada da geração de energia, suspendeu as visitas ao local”.

Na nota, também reitera que continua em busca de parceiros, como havia sido informado à Secretaria Municipal de Turismo em 2019. A reportagem também entrou em contato com a Cobbucio e Almeida, mas foi informada que a empresa não conta com serviço de comunicação para informar sobre a usina”.

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