O avanço da pandemia da Covid-19 em Rio Claro levantou alerta na comissão formada por cientistas e pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no município. Os recordes de casos e internações atingidos recentemente na cidade estão sendo considerados como um terceiro ciclo de aceleração, ainda que a cidade esteja avançada na imunização através das vacinas aplicadas. De acordo com manifestação emitida na última semana, a pandemia em Rio Claro entrou neste terceiro ciclo sem ter conseguido controlar a segunda onda, que culminou no final do mês de março e final do mês de abril.

“No pico da primeira onda, que ocorreu em 25/07/2020, foi registrada a média móvel de 77 casos diários, o pico da segunda onda em 21/03/2021 foi de 115 casos diários e até o momento, neste terceiro ciclo, alcançou 117 casos com crescimento de 90% em 14 dias”, detalha a comissão que acompanha a evolução da pandemia desde o seu início.

De acordo com os dados dos pesquisadores, o número de reprodução da epidemia (Rt), que representa a gravidade da transmissão do vírus, passou de 0,58 em 8 de abril para 1,48 em 15 de junho. “Isso significa que em 08/04 cada 100 pessoas infectadas transmitiam o vírus para outras 58, enquanto em 15/06 a transmissão de cada 100 pessoas ocorre para outras 148, mostrando que a infecção está em amplo crescimento”, explica.

Segundo a comissão da Unesp, “os dados apontados indicam que as medidas de mitigação da pandemia no município falharam em conter a pandemia, ao contrário do que se observou entre a primeira e a segunda onda”. A manifestação ocorreu na mesma semana em que o prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) descartou, por hora, qualquer decreto que possa impor novas restrições de circulação como meio de diminuir a transmissibilidade do vírus.

Os cientistas ressaltam a necessidade de o município revisar e atualizar as normas de contenção da transmissão, ampliar a divulgação das mesmas e, ainda, assegurar o cumprimento das normas com campanhas educativas e efetiva fiscalização.

Alerta

Cientistas afirmam que não existe medida cientificamente validada de contenção da pandemia da Covid-19, exceto a rápida vacinação concomitante com baixas taxas de transmissão do vírus.

Conselho Municipal de Saúde também faz alerta sobre pandemia e aciona o Ministério Público

A preocupação com o avanço da pandemia em Rio Claro também motivou o Conselho Municipal de Saúde, órgão deliberativo vinculado à Fundação Municipal de Saúde, a oficiar ao prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) para requerer que medidas de restrições sejam implantadas na cidade.

“Em 15 de junho, as médias móveis de novos casos, internações, ocupação de UTI e óbitos em 7 dias superaram o pico da segunda onda, alcançando 117 casos, 168 internações, sendo 82 em UTI, e 18 óbitos. Em apenas 14 dias, houve aumento de 90% no número de casos, 36% em internações, 24% em UTI e 29% de óbitos”, detalha o Conselho.

Segundo a presidente Maria Helena Betanho Romualdo, “é plausível supor que haverá aumento no número de doentes que precisarão de internações e, mais tardiamente, o de óbitos. Nada justifica a perda de mais vidas, quando sabemos como evitar”, afirma.

O Conselho Municipal de Saúde também está apelando ao Ministério Público. O ofício foi encaminhado ao promotor Gustavo Andreato para que a autoridade recomende ao município a adoção das novas medidas, levando-se em consideração os dados apresentados pela Comissão AntiCovid-19 da Unesp Rio Claro.

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