Eduardo Marino e sua esposa, acima; ao lado, a filha Fátima

Laura Tesseti

Eduardo Marino e sua esposa, acima; ao lado, a filha Fátima
Eduardo Marino e sua esposa, acima; ao lado, a filha Fátima

A cidade de Santa Gertrudes comemora mais um ano de sua emancipação político-administrativa e a tradicional sardinha na brasa será o prato principal da festa, como ocorre há muitos anos.

O município vizinho cresceu, desenvolveu-se e conta com uma população de 21.634 moradores, segundo censo do IBGE realizado em 2010, mas as raízes e a tradição ainda tomam conta das ruas e dos costumes gertrudenses.

Conhecida como a “Festa da Sardinha” pelas cidades da região, o aniversário do município atrai até hoje apaixonados pelo prato preparado na brasa.

Atualmente, quem cuida do preparo é um buffet de Santa Gertrudes, mas durante muitos anos a comunidade era quem colocava a mão na massa e passava dias e dias limpando, lavando, temperando e assando as sardinhas.

Fátima Ap. Marino Antônio contribuiu e muito para a tradição manter-se viva. “Entrei para trabalhar na prefeitura em 1981, como merendeira, e meu pai, Eduardo Marino, cuidava do campo, ele ajudava seu Zé Chines a preparar a sardinha, e eu também comecei a participar”, conta.

A dona de casa fala que a responsabilidade de limpar todas as sardinhas e lavá-las era das merendeiras das escolas.

“Cortávamos, tirávamos toda a sujeira e meu pai era quem lavava, depois passávamos para seu Zé Chines temperar”, explica.

Fátima fala que participou desse trabalho durante dez anos. “Era sempre seu Zé Chines quem temperava, quando ele ficou doente, chamaram meu pai e eu para assumir a barraca da sardinha, pois estávamos ao lado dele, então começamos a temperar também e nossa família juntou-se para assar e servir na barraca durante a festa”, relembra.

A ex-merendeira conta que não tinha folga durante aquela época do ano. “Passávamos o dia limpando e temperando sardinha, muitas pessoas realizavam o trabalho, pois eram cerca de 500 quilos de sardinha por ano.”

Antigamente a festa acontecia aos sábados e domingos e a sardinha era temperada num dia para ser servida durante os dois, mas acontecia de já no sábado o peixe todo ser vendido.

“No último ano que cuidamos da barraca, lembro-me de estar assistindo ao desfile de aniversário da cidade e tivemos que parar para limpar mais sardinha, pois havia acabado tudo no sábado”, conta, com alegria.

Fátima conta que trabalhou durante 16 anos com a sardinha da festa, incluindo a época em que esteve ao lado de seu Zé Chines, com seu pai, mas acabou parando pois estavam cansados de tanto trabalho.

“Cansamos do trabalho, toda a família fazia isso, meu pai, minha mãe, entre outras pessoas. Mas sempre foi muito gratificante saber que as pessoas iam à festa para comer a sardinha que trabalhávamos tanto para preparar, pela nossa cidade, pela nossa comunidade. Pois tudo que é feito com amor dá certo”, finaliza.

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