Jovens fazem tumulto nas noites de sábado no terminal urbano na antiga Estação Ferroviária. Imagens foram gravadas pelas câmeras dos ônibus do transporte coletivo (Reprodução vídeo)

Favari Filho

Uma concentração comumente realizada em algum ponto da cidade como praças, parques públicos e shopping centers: assim pode ser definido o ‘rolezinho’, um neologismo que, cada vez mais, toma os noticiários de todo o Brasil. Na Cidade Azul, a aglomeração de jovens na região central tem gerado uma grande discussão acerca da ocupação do espaço público em detrimento da preservação da ordem e vice-versa.

Na última segunda-feira (18), o secretário de Segurança, José Gustavo Viégas Carneiro, esteve no Jornal da Manhã, da Rádio Excelsior Jovem Pan, e foi questionado pela jornalista Carla Hummel sobre a ação da Guarda Municipal na Rua 1 e os conflitos gerados pelo ‘rolezinho’, principalmente com os usuários e motoristas do transporte coletivo. Carneiro relatou que a Guarda Municipal tem sido solicitada aos sábados e que a ação conta também com o apoio da Polícia Militar.

“Importante lembrar que são ações pontuais e não permanentes. Acredito que são necessárias políticas integradas para solucionar aquele problema; não resta dúvida de que o jovem necessita de espaço para o lazer e diversão, principalmente aqueles que têm menor poder aquisitivo e que não têm acesso a outros locais. Entendo que é preciso a intervenção das secretarias de Mobilidade Urbana, de Esportes e Social para que o local fique mais apropriado ao acolhimento dos adolescentes.”

Jovens fazem tumulto nas noites de sábado no terminal urbano na antiga Estação Ferroviária. Imagens foram gravadas pelas câmeras dos ônibus do transporte coletivo (Reprodução vídeo)
Jovens fazem tumulto nas noites de sábado no terminal urbano na antiga Estação Ferroviária. Imagens foram gravadas pelas câmeras dos ônibus do transporte coletivo (Reprodução vídeo)

Sobre o clima de tensão com a presença dos jovens na Rua 1, o secretário ponderou acerca da necessidade de uma ampla discussão que vise encontrar uma saída que contemple a todos, contudo advertiu que a GM já registrou Boletim de Ocorrência [BO] por uso de entorpecentes no local e que “motorista foi alertar [os supostos usuários de drogas] que tinha ‘sujado o ambiente’”. Diante do fato, Viégas Carneiro informou que pediu providências à Polícia Civil e asseverou: “se o próprio Sindicato dos Motoristas pede apoio e seus associados não colaboram, têm também de ser responsabilizados; e eu determinei que sejam responsabilizados na forma da lei”.

A reportagem procurou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Rio Claro, Waldemar Neuton da Silva, que confirmou o fato, mas o destacou como “pontual” e que, portanto, “não cabe generalizar”. De acordo com Neuton da Silva, o motorista que teria “avisado” aos usuários de drogas sobre a presença da GM já foi identificado e notificado pelo responsável da empresa de transporte coletivo e que, agora, o caso segue na Justiça.

Sobre a prática do ‘rolezinho’ em frente à antiga Estação Ferroviária, o presidente do sindicato disse que é a favor, desde que com a presença da Guarda Municipal, pois acredita que, assim, haverá menor possibilidade de ocorrerem atos de vandalismo, gerando também uma sensação de segurança tanto para os cidadãos que dependem do transporte público, quanto para os motoristas. “Acho que pode haver os ‘rolezinhos’ tranquilamente, desde que a Guarda esteja presente permanentemente”, finalizou Neuton da Silva.

ROLEZINHO

O rolezinho é um tipo de flash mob [mobilização-relâmpago] comumente organizado via Internet, ou seja, um grande encontro público. O fenômeno tem ocorrido principalmente em São Paulo, mas, aos poucos, chega às cidades de médio porte, como Campinas, e de pequeno porte, como Rio Claro. A manifestação vem ganhando destaque nos noticiários de todo o Brasil devido aos supostos delitos cometidos por uma parcela dos envolvidos, porém, por outro lado, o fenômeno é analisado por alguns sociólogos como uma espécie de “apartheid” social.

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