No ano passado, o vereador tucano Paulo Guedes (foto) se dizia tranquilo e que não teria cometido nenhuma irregularidade

Antonio Archangelo

O promotor de Justiça André Vitor de Freitas divulgou na quinta-feira (4) que o vereador Paulo Guedes, do PSDB, já é réu em ação que apurou suposto crime de concussão na Câmara Municipal. Guedes é acusado de exigir parte dos salários de duas assessoras lotadas em seu gabinete quando assumiu a função de vereador em 2013.

“O Guedes já é réu. A ação foi proposta à 3ª Vara Criminal. O juiz deu ciência aos acusados. Eles apresentaram as defesas, e o juiz reconheceu que há indícios suficientes para apurar o crime, aceitando a denúncia”, disse Freitas à reportagem do Jornal Cidade.

Além de Guedes, um homem que trabalhou na campanha do tucano também é citado como parte do suposto esquema de partilha no Legislativo. As indicadas para ocupar função comissionada no gabinete do vereador só ficavam com R$ 2 mil mensais, mesmo com rendimentos brutos acima de 11 mil e 4 mil, respectivamente.

No ano passado, o vereador tucano Paulo Guedes (foto) se dizia tranquilo e que não teria cometido nenhuma irregularidade
No ano passado, o vereador tucano Paulo Guedes (foto) se dizia tranquilo e que não teria cometido nenhuma irregularidade

“Ela ficou brava, porque até as férias foram descontadas. E depois mandaram ela embora. Então, ela subiu a escada do Fórum. Ela queria o dinheiro para visitar familiares no Nordeste” disse um servidor da Câmara Municipal ao explicar o motivo da denúncia.

“Agora, acontecerão as audiências, as testemunhas serão escutadas. É bom que se diga que Guedes ainda não foi condenado. Se for, uma das penas para concussão, na área criminal, é a privativa de liberdade”, disse o promotor.

“Também já distribuímos a ação na esfera civil. Lá, entre outras coisas, ele poderá ser condenado a suspensão dos direitos políticos, reparação do dano e multa civil. Ainda não sabemos se o juiz acatará a denúncia na área civil”, revelou.

INACESSÍVEL

O processo digital que não pode ser consultado devido a Resolução 121 do Conselho Nacional de Justiça teve atos publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo. Lá, Guedes – citado por suposto crime praticado por funcionário público contra a administração em geral – ao lado de N.A. dos S., incursos nas penas do artigo 316, caput, do Código Penal, por 8 vezes em relação à vítima E. C. F. e por 14 vezes em relação à vítima M.H.S.M.P., que ocuparam cargos comissionados no gabinete do vereador.

INOCENTE

Em maio do ano passado, o JC divulgou declaração do vereador que não teria cometido “nenhum ato ilícito que comprometesse minha honradez”.

“Meu advogado irá ter acesso e iremos tomar conhecimento. Eu mesmo sugeri a ele para que quebrasse meu sigilo bancário. Ele me perguntou se podia, eu disse que tudo bem. Afinal, como já disse, não tenho nada, não devo nada. Eu sugeri a ele que o fizesse”, disse à reportagem na oportunidade.

CENSURA

Poucos dias depois, com receio dos efeitos que a divulgação das denúncias causaria a sua carreira política, Guedes pleiteou – sem sucesso – uma ação cautelar para impedir a veiculação de reportagem sobre quebra de sigilo bancário feita pela EPTV – São Carlos.

Conforme apurou a reportagem, Guedes não era o único que tinha a situação acompanhada pela promotoria. Mas, até o momento, o promotor conseguiu provas somente contra o tucano, já que “pelo menos uma transferência e um depósito” das denunciantes caíram na conta do parlamentar.

SILÊNCIO

Procurado pela reportagem, Paulo Guedes insistiu que o seu advogado falaria sobre a denúncia. “Fala com ele, ele fecha o escritório às 17h, ele trabalha sozinho, é um homem cheio de casos”, disse à reportagem no final da tarde de ontem (4). Até o fechamento da reportagem, o JC não conseguiu contato com o advogado para comentar o caso.

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