A missão de salvar vidas é referência para muitos jovens, que seguem os mesmos caminhos dos pais. Neste domingo (24), a ‘Reportagem da Semana’ traz a história de uma família já conhecida pelos rio-clarenses e mostra que ser médico se tornou cada vez mais importante, principalmente durante a pandemia da Covid-19.

Lembrado neste mês de outubro, o Dia do Médico tem um sentido importante para todos nós. E mais: a dedicação dessa classe enaltece o esforço de quem, ao final de cada plantão, honra o fazer que se reinventa a todo momento. Reflexo disso é como a profissão ganhou novas dimensões ao longo da década.

Dados do estudo Demografia Médica no Brasil 2020, mostram que o país tem, proporcionalmente, mais do que o dobro de médicos do que tinha no início do século, passando de 230,1 mil médicos, em 2000, para 502,4 mil profissionais.

‘Ser médico foi um caminho natural’

Em Rio Claro, o cirurgião robótico e urologista Fabrizio Messetti, de 43 anos, aprendeu muito com os pais, os também médicos: João Alberto Messetti, oftalmologista e anestesista, e Maria Celeste Messetti, oftalmologista. Ele disse essa semana ao JC que os pais são uns professores de mão cheia. Até por isso, se tornar médico foi uma jornada bem natural em sua vida.

O urologista terminou o colegial, prestou vestibular da Fuvest e passou de primeira para cursar medicina na EPM (Escola Paulista de Medicina) vinculada à UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Fez dois anos de residência médica em cirurgia geral, depois optou pela especialidade.

 Ao acabar a residência, foi para o exterior, onde ficou um ano e meio no MD Anderson Câncer Center, considerado um dos maiores centros de câncer do mundo nos Estados Unidos, onde completou seu doutorado. Hoje, é especialista em cirurgia robótica e tumores urológicos e atua na capital paulista e também na ‘Cidade Azul’.

“Nunca me aconselharam a fazer medicina. Mas é claro que com a convivência no dia a dia, no almoço, acabou tendo uma influência direta. Apesar de termos especialidades diferentes, eles me ensinaram como tratar o paciente, pois eles são bem quistos aqui na cidade pelo atendimento humanizado. O modo de atender, de estar disponível, veio deles”, ressaltou Fabrizio.

Aos 78 anos, João Alberto Messetti trabalha no hospital Unimed de Rio Claro há quase 50 anos e também mantém consultório próprio na cidade. Para ele, Fabrizio já dava indícios de que seria médico desde a infância.

“Ele sempre se interessou por assuntos ligados à medicina. Não tive dúvida nenhuma. Quando estava no intercâmbio na Finlândia, ao visitar um hospital, ele me ligou e disse as seguintes palavras: ‘pai, eu vou ser médico’. Eu já sabia, mas foi um dia de muita felicidade para todos nós”, disse.

Maria Celeste Messetti tem 74 anos e há mais de 50 atua na Unimed de Rio Claro. Ela disse ao JC que instinto de mãe nunca erra. “Esse tem o dom e foi visto por nós quando ele era bem pequeno. Saímos para fazer um caso mais grave, uma emergência, ele estava no meio do corredor nos quartos, querendo saber o que tínhamos feito. Esse dom ele herdou”, afirmou ela, que também conheceu o esposo na residência, há 51 anos.

‘A mulher da minha vida também é médica’

Com a também médica Fernanda Messetti, de 39 anos, Fabrizio se casou e teve três filhas. Ele a conheceu quando era chefe da cirurgia geral do Pronto Socorro da  UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) e Fernanda, residente de psiquiatria.

“Sou muito amigo da médica que era chefe da psiquiatria na época. Numa conversa entre profissionais para discutirmos um caso, acabei fazendo uma brincadeira ‘boba’, que foi mal recebida por ela no sentido de reprovação. Engraçado que, dois anos depois, nos reencontramos, lembramos dessa história e começamos uma outra”, contou.

O cirurgião disse que a esposa mudou sua vida tanto pessoal, quanto profissional. “O fato de eu ser casado com uma psiquiatra me levou a analisar de uma maneira diferente a parte psicológica do paciente. Foi uma união que deu muito certo e estamos colhendo bons frutos”, definiu.

Já Fernanda, que veio de uma família de ‘não médicos’, já tinha essa vontade de querer salvar vidas. Ela fez medicina e conta que na faculdade, com a quantidade de matérias, o contato social acabou se restringindo. 

“É muito tempo no hospital e muito tempo de estudo. Naturalmente, acaba sendo comum encontrar os companheiros de vida dentro de um hospital e foi assim comigo, encontrei o amor da minha vida”, completou a médica.

Desigualdade

Apesar do aumento do número de médicos no Brasil, ainda persistem desigualdades na distribuição dos profissionais nas diferentes regiões do país. Segundo levantamento, feito com a colaboração entre o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a USP (Universidade de São Paulo), a proporção de médicos é maior em estados das regiões Sudeste e Sul e em cidades mais ricas.

Enquanto o país tem razão média de 2,27 médicos por mil habitantes, a região Norte tem taxa de 1,30, ou seja, 43% menor que a razão média nacional. Na região Nordeste, a taxa é de 1,69. Já na região Sudeste, que agrupa mais da metade dos médicos do país (53,2%), a taxa é de 31,5 médicos por mil habitantes.

Nas capitais brasileiras, essa média fica em 5,65 médicos por grupo de mil habitantes, sendo que as maiores concentrações foram registradas em Vitória (13,71), Florianópolis (10,68) e Porto Alegre (9,94). As menores taxas do país são de capitais da região Norte: Macapá tem razão de 1,77 e Rio Branco, 1,99.

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