O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

O maior inimigo de um governo é a inflação, com as consequências devastadoras que ela traz. E as grandes vítimas são aqueles que com dificuldade compraram o pão, o arroz, o feijão e, quando dá, um pedaço de carne.
Há fatores externos, mas também internos, que contribuem para que a inflação volte a ser aquele bicho horroroso que em outras épocas deixou os brasileiros em uma situação desesperadora.


Um quilo de muçarela por 50 reais? Um quilo de carne moída também nessa faixa ou até custando um pouco mais?
Não é raro observar pessoas catando comida no lixo. Isso se dá porque a fome, que mais de uma vez teve a sua existência negada pelo presidente, está de novo em cena, mesmo que a solidariedade de muitos entre em ação para mitigar essa situação de miséria que não tem data para terminar.


A inflação está no combustível que provoca um efeito cascata em inúmeros produtos. Também na conta de luz e água. Quem ganha salário mínimo ou até mais vem se ressentindo do movimento dessa espiral inflacionária.


O governo não vem demonstrando capacidade para impedir o avanço descontrolado dos preços. Alguns produtos da cesta básica subiram 50, 60, 80, 90%. Tenho visto depoimento de pessoas em supermercado afirmando que os cem reais que quase enchiam o carrinho há um mês agora não compram nem a metade.


O sofrimento é grande, ainda mais porque se percebe que o foco do presidente é a reeleição, a sua obsessão que veio à tona já no início do seu mandato.


Será que ele não percebe que o bolso do consumidor conta mais do que a pregação de alguns pastores para que os fiéis votem no “enviado de Deus” Jair Bolsonaro?


Pesquisa divulgada recentemente mostra uma cisão entre evangélicos quanto a apoiar Bolsonaro em uma reeleição. E a maioria que se mostra resistente a votar nele no ano que vem é formada por mulheres que sentem diariamente, na feira e no supermercado, a falta de recursos para chegar em casa e atender os filhos com comida. Imagino a dor, a angústia daquela mãe diante da geladeira praticamente vazia, com um ovo ou dois e um pouco de arroz para saciar a fome de crianças e adolescentes.


É possível controlar a inflação e impedir que ela avance sobre a economia de forma ainda mais voraz? Claro que é possível, mas não com esse ministro da Economia, o Paulo Guedes, chamado pelo presidente de Posto Ipiranga. Essa alcunha acaba sendo uma antipropaganda para a empresa, usada pelo presidente como se fosse sinônimo de competência e efetividade na solução de problemas na área da economia.


Se a inflação não for controlada e o emprego de novo não for gerado em larga escala, Bolsonaro poderá tirar o pangaré da chuva. Ou melhor, o jegue.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.
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