Na foto da família, a dona Cleide, que agora é viúva, abraça as suas três filhas e uma neta

Lucas Calore

Neste domingo (15) celebra-se o Dia Mundial da Família. As novas configurações familiares estão mudando com o avanço do tempo. Se antes pai, mãe e filhos eram considerados uma família padrão, hoje esse entendimento está desconstruído. Novos núcleos afetivos já são reconhecidos como família, chegando até a mudar o significado na palavra “família” no dicionário Houaiss, um dos mais importantes da língua portuguesa no Brasil.

Na foto da família, a dona Cleide, que agora é viúva, abraça as suas três filhas e uma neta
Na foto da família, a dona Cleide, que agora é viúva, abraça as suas três filhas e uma neta

Com a contribuição de milhares de leitores, o novo verbete tornou-se mais real e foi baseado nas transformações sociais que vêm acontecendo. A definição de “família” passou a ser: “Núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si relação solidária”. A alteração foi resultado de uma campanha criada como resposta ao Estatuto da Família, um projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados em 2015 que reconhece como ‘família’ apenas núcleos formados por união de um homem e uma mulher, ignorando a pluralidade das relações atuais.

Amor que constrói
A família de Cleide Bueno está em comum com o que propõe o dicionário Houaiss. Após se casar, ela descobriu que teria dificuldade para ter filhos e passou a fazer tratamentos. No entanto, em vão, pois não conseguiu engravidar. Assim, seu marido e ela decidiram adotar Juliana, que já tinha um ano e meio. Três anos depois, veio Michele em uma nova adoção, um dia após seu nascimento. A vida seguiu e sete anos depois, para sua surpresa, chegou a revelação de que havia engravidado. Assim, Ana Caroline se juntou à família.

Cerca de nove anos depois, o seu então marido, Altair Paulo, faleceu. Ficaram as quatro mulheres juntas, fortes e mais unidas ainda. “Tem tanta criança precisando de amor e carinho. Muitas pessoas não adotam por preconceito. Devem colocar o amor em primeiro lugar”, garante. Hoje, Cleide já está com três netos. Uma grande família repleta de companheirismo e respeito.

Pesquisa
Em dezembro de 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou uma pesquisa chamada “síntese de indicadores sociais”, que apresenta relevantes dados que revelam como a população brasileira mudou nos últimos dez anos. A percepção do que é família está, estatisticamente, diferente. Atualmente, de acordo com a pesquisa, menos da metade das famílias brasileiras agora é formada pelo ‘clássico’ padrão “esposo e esposa com filhos”. As alterações num modo geral mostram, na realidade, o que muita gente já sabia. Família é família, seja ela formada por laços de sangue ou sociais. Mães ou pais separados que convivem com filhos são família. Casais homoafetivos também, assim como tios que criam sobrinhos, avós que criam netos e assim por diante.

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