O neurologista intensivista da Santa Casa de Piracicaba, Moíses Oliveira Lara, não imaginava que de uma hora para outra trocaria o papel de cuidar dos pacientes para ser um paciente que precisasse de cuidados. Sim, tudo foi muito rápido, de acordo com ele. Numa sexta-feira, ele acordou com dor de cabeça e os sintomas foram progredindo ao longo do dia. Ele havia sido infectado e estava com a covid-19. “Percebi que algo estava errado quando fui comer uma fruta e não senti o gosto, o cheiro também havia mudado. Paralelo a isso a dor de cabeça ficava insuportável, dor terrível também em todas as partes do corpo, meu fôlego foi ficando curto, minha respiração mudou”.

Os sintomas foram progredindo com todo tipo de piora, segundo Moisés. “Uma falta de ar terrível que foi piorando, até que quatro dias depois de saber o que eu tinha e já em isolamento, eu estava um trapo. Não era mais a mesma pessoa e foi quando decidi pedir ajuda. Fale com a Denise [Lautenschlaeger, gestora do cuidado], com o Sérgio [Pacheco Jr., cardiologista coordenador intensivista da ala covid-19 da Santa Casa] e pedi que me socorressem. A Cássia [Freitas, enfermeira supervisora do Ambulatório] veio me buscar. Quando cheguei a Santa Casa estava com muita falta de ar, com muito desconforto, tendo febre, realmente muito mal, mas a partir do momento que eu pisei neste hospital, minha vida começou a mudar, e mudar para melhor”, ressalta.

A tensão e o nervosismo de Moisés foram intensos por já conhecer os passos técnicos. Ele sabia de tudo que estava acontecendo com o seu corpo, o que lhe deixou apavorado. “Estava com muito medo de não conseguir resistir, já me enxergava indo para a tomografia, para respiração artificial. Via toda a sequência catastrófica que nós tanto aprendemos, estudamos e desenvolvemos no nosso dia a dia. Foram momentos terríveis, por que a parte de conhecimento científico me tornou muito mais frágil, muito mais exposto e isso fez com que só uma coisa conseguisse mudar esse terror que eu estava vivendo e a dificuldade de não respirar, de não ter uma oxigenação adequada: foi acreditar sempre em Deus, acreditar na força do amor, do carinho, dos amigos, das pessoas que gostam de você de verdade”, ressaltou. 

Nos dias que se passaram Moisés disse que teve uma “conversa séria” com Deus. “Pedi a Ele o tempo todo que me ajudasse a sair dessa situação, por que eu queria continuar fazendo o que ele tinha escolhido pra mim, de certa forma, em outros momentos da minha vida, que é trabalhar para o bem e a saúde do próximo. E com fé, minhas suplicas ao Senhor foram atendidas. Não sei exatamente porque, mas eu me sinto com uma missão ainda mais especial. Vou procurar honrar toda essa bênção, toda essa graça, com muito mais energia, atenção, carinho e com muito mais amor à vida, à Santa Casa, aos pacientes, aos amigos. Tudo, a partir deste episódio ganhou uma nova dimensão em minha vida”, se emociona.

O médico fez questão de agradecer a todos que cuidaram direta ou indiretamente dele como também ao provedor da Santa Casa, João Orlando Pavão e a administradora do Hospital, Vanda Petean, por todo apoio e solidariedade. “Aos amigos de todos os setores, médicos, enfermeiros, pessoas que me trataram e me tratam muito bem, às meninas da higienização hospitalar sempre dedicadas e atenciosas, a todos que me deram uma palavra de incentivo, não tenho palavras para expressar minha gratidão. Todos os funcionários, que dedicação, que abnegação, como cuidam bem dos pacientes. Digo que é um orgulho saber que em Piracicaba temos um hospital que presta este tipo de tratamento, que orgulho fazer parte desta Santa Casa. Não tenho palavras suficientes, nesse momento, para expressar tudo aquilo que vivi. Parte da minha vida está atrelada a história da Santa Casa e tenho muito orgulho em pertencer a esta equipe. Poder trabalhar, desempenhar ações que ajudem a promover o nome dessa Instituição que eu amo de paixão. se tornou ainda mais intenso”, declarou.

O provedor da Santa Casa, João Orlando Pavão comemorou a recuperação de Moisés. “Estamos todos felizes pela recuperação do doutor Moisés, médico altamente competente, capaz e com uma atuação extremamente humanizada. Ele é patrimônio desta Santa Casa e o admiramos pela maneira como trata todos os seus pacientes de forma humanizada, independentemente de ser conveniado ou SUS. Desejamos uma total recuperação, porque necessitamos muito dele aqui”, enfatizou. 

Moisés recebeu alta na última segunda-feira (06) à noite para terminar o tratamento em casa, em isolamento. Na manhã de quarta-feira (08), ele informou, por meio de mensagem, que não sentia mais dor ao respirar e que sua melhora evolui diariamente. “Em breve estarei de volta fazendo o que eu mais amo: cuidar de pessoas”.

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