O mês de maio é dedicado ao combate e abuso sexual de crianças e adolescentes, chamado de Maio Laranja.

Em entrevista à Rádio Jovem Pan News de Rio Claro, o conselheiro tutelar Leonardo Alves falou sobre o assunto e a importância da denúncia, que acontece de forma totalmente anônima. “É muito importante conversarmos com a sociedade sobre esse assunto. Os casos são atendidos com total sigilo, as crianças e adolescentes recebem o acompanhamento necessário de profissionais e a investigação é feita pelos órgãos competentes”, explica o conselheiro.

Alves fala ainda sobre os índices, que são muito preocupantes. “Mais de 70% dos casos acontecem dentro do núcleo familiar, então é preciso ter muita atenção. Muitas vezes a atenção é dada, mas em situações fora de casa. A sociedade precisa estar atenta a isso, aos índices e que a maioria dos abusos acontece dentro das famílias, e essa confiança que existe faz com que se perpetuem por anos, muitas vezes”, explica.

Muitas famílias têm dificuldade para aceitar a situação quando ela acontece e o conselheiro alerta para sempre dar atenção aos indícios, pois quanto mais cedo o assunto for tratado, a denúncia for feita e o acompanhamento do menor tiver início, os traumas de uma vida podem ser minimizados.

Sobre os sinais, Leonardo Alves explica que a mudança de comportamento é um deles. “Quando vemos entristecimento, mudança do comportamento natural da criança, pesadelos, xixi na cama, por exemplo. E muitas vezes, quando o menor não quer ir até a casa de alguém ou permanecer um certo tempo com determinada pessoa, é preciso ter atenção. Isso não quer dizer que de fato possa estar ocorrendo algo, mas é preciso conversar com essa criança, nunca na frente da pessoa, mas tentar entender ou até mesmo através do acompanhamento de um psicólogo, para que ela sinta-se segura em falar o que a aflige. E é preciso acreditar na criança e buscar informações sobre a situação.”

NÚMEROS

Na cidade de Rio Claro, os números são alarmantes e, com a pandemia, a situação pode ser ainda pior, segundo o conselheiro, com a ausência das aulas, não tendo a professora ou outra figura de confiança para relatar uma possível situação de abuso.

“Os casos são considerados suspeitos, até que haja investigação e condenação, mas no segundo trimestre de 2020 o Conselho recebeu oito casos, no terceiro trimestre, entre julho, agosto e setembro, cresceu para 21 e, no último trimestre de 2020, o número foi para 23. Esse aumento é bastante preocupante”, aponta.

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