A cachaça vem ganhando cada vez mais visibilidade global como produto nacional, que nasceu há mais de 500 anos e tem nesta segunda-feira (13) uma data para ser comemorada: o Dia Nacional da Cachaça.

Se hoje em dia a bebida é consumida em drinks, caipirinhas e até no universo gourmet, quando surgiu a ‘marvada’ era uma bebida de animais e escravos, que foi se tornar realmente popular apenas no século XIX, quando se transformou em símbolo nacional e era difícil deixar de bebê-la.

 Isso porque, na época, o Brasil vivia o período das lutas da Independência, como a Revolução Pernambucana de 1817, e erguer brindes com vinho ou outra bebida qualquer, era considerado um alinhamento com os portugueses.

Em 2010 foi instituído pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados que 13 de setembro seria o Dia da Cachaça. A data não é coincidência e representa uma vitória da luta pelo direito de produzir e comercializar a bebida no país.

Hoje, 1,4 bilhão de litros de  cachaça são produzidos todos os anos no Brasil, um mercado que movimenta cerca de 10 bilhões de reais todos os anos, segundo o Ministério da Agricultura. 

A bebida ultrapassou fronteiras e em 2019, segundo o IBRAC (Instituto Brasileiro da  Cachaça) foi exportada para 67 países, gerando uma receita de US$ 14,6 milhões, correspondentes a 7,26 milhões de litros exportados.

Artesanal e ‘da casa’

A produção em menor escala, para o  mercado interno e públicos regionalizados também tem seu espaço, que só cresce. Produzida artesanalmente em Rio Claro pelos irmãos Mario José Cerri, de 60 anos, e de Claudio Donizete Cerri, de 59, a cachaça dos Irmãos Cerri tem aproximadamente 15 anos.

Eles elaboram as receitas com cana-de-açúcar plantada no próprio sítio de 42 hectares, que fica às margens da Rodovia Wilson Finardi (SP-191), onde o JC foi se aventurar para essa edição da ‘Reportagem da Semana’.

Os irmãos afirmaram que pesquisam cachaça há mais de 20 anos. Rio-clarenses, no começo, produziam a bebida para o próprio consumo e para abastecer a vizinhança. No entanto, com as aposentadorias encaminhadas, tudo mudou.

“Fazíamos [a cachaça] por hobby mesmo. Meu pai mora no sítio e sempre ficamos por aqui com ele. Agora, que estamos todos aposentados, passamos a nos dedicar ainda mais todos os dias”, comentou Mario Cerri.

Do campo, a cana segue direto para a destilaria, onde é esmagada para se extrair o máximo de caldo, que cai em um filtro que retém as fibras. Em seguida, vai para o decantador, onde as impurezas são separadas do caldo.

Todos os resíduos produzidos na fabricação da cachaça voltam pro campo em forma de fertilizante, segundo a família. O bagaço da cana e o vinhoto – líquido que sobra no processo da destilação –  são transformados em composto orgânico.

“Depois de moída, a cana vai para a fermentação, que dura uns dois dias aproximadamente, por se tratar de um fermento natural”, explicou Claudio.

Se inicialmente produziam a cachaça pura, com o tempo, os irmãos passaram a ousar e diversificar as versões. Atualmente, são 15 sabores que compõem a cartela: chocolate, amarula, coco, café, doce de leite, maracujá, banana, figo, hibisco, jabuticaba, mel, cravo com canela, danoninho e paçoca.

Um dos projetos dos irmãos é unir as próximas gerações com o propósito de levar adiante e fazer a produção prosperar bem mais. “Minha esposa, minha nora, essas já estão envolvidas no negócio. Mas a ideia é que cada vez mais essa paixão cresça. Além de aumentar a produção, é claro”, disse Mario.

Os interessados em conhecer o galpão e comprar a cachaça podem entrar em contato pelo telefone: (19) 99799 6922 ou pelo Instagram: cachacairmaoscerri. A família também está presente na Feira do Produtor Rural de Rio Claro todas às terças-feiras das 17h às 20h30.

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