Previsão aponta que ocupação em museu deve acontecer entre outubro e novembro (Foto: Bruno Leite)

Lucas Calore

Previsão aponta que ocupação em museu deve acontecer entre outubro e novembro (Foto: Bruno Leite)
Previsão aponta que ocupação em museu deve acontecer entre outubro e novembro (Foto: Bruno Leite)

A data é 20 de junho de 2010. Há seis anos um grande incêndio criminoso tomava conta de todo o Museu Histórico e Pedagógico Amador Bueno da Veiga, localizado na esquina da Avenida 2 com a Rua 7, no Centro. Entre chamas de mais de 15 metros de altura, restaram apenas as paredes do prédio construído como “Solar da Baronesa de Dourados” no ano de 1863.

O JC noticiou na época que o Corpo de Bombeiros demorou a chegar e, quando chegou, teve muito trabalho e precisou da ajuda de caminhões-pipa. Cerca de 80 mil litros de água foram usados para controlar o fogo. Até hoje não se sabe quais foram os autores do crime.

Destruição

O fogo destruiu uma carruagem do final do século 19, que pertenceu à Fazenda Santa Gertrudes e foi doada ao Museu em 1980; um carro-pipa que na década de 50 era utilizado para distribuir água potável à população rio-clarense; uma réplica da Pietá, feita para ser colocada no cemitério municipal e que, em 1973, foi doada pela família Muniz ao Museu; e três móveis em madeira.

A população já nem sabe mais o que dizer sobre a questão. A vizinhança, procurada pela reportagem, lamenta a demora. “Isso aí é um disfarce. Não é possível não concluir. É uma vergonha! De vez em quando vemos funcionários, que fazem um pouco e somem novamente”, disse Aryovaldo da Silva, que trabalha próximo ao local há cinco anos.

Entrega

Antônio Luís Ramos Sarasá Martin, conservador e restaurador à frente das obras, estimou em 2011 que as obras seriam terminadas em dezembro de 2012. Prazos e mais novos prazos foram divulgados pela Prefeitura de Rio Claro ao longo dos últimos quatro anos.

“Cerca de 90% já estão concluídos. Dentro do período conseguimos um resultado interessante, prezamos pela qualidade. Tudo está sendo fiscalizado e vistoriado”, disse o profissional nessa semana ao JC. Segundo ele, entre outubro e novembro, o prédio deverá ser reocupado.

Em 2010, na semana do aniversário da cidade, o museu foi incendiado
Em 2010, na semana do aniversário da cidade, o museu foi incendiado

Dinheiro

Entre dinheiro, processos do Ministério Público, denúncias, mais dinheiro, prazos, repasses, obras, problemas e ainda mais dinheiro, lá se vai mais de meia década de demora na restauração do museu, que está sendo feita pela empresa Estúdio Sarasá.

Uma verba a fundo perdido, no valor de R$ 3,9 milhões, foi concedida pelo Ministério do Turismo e utilizada na primeira etapa do restauro, que inclui, segundo a Prefeitura de Rio Claro, a recuperação e reforço das paredes e fachadas, novo telhado, renovação das instalações elétricas e hidráulicas e instalação do elevador, que já está funcionando.

No mês de setembro de 2015, o prefeito Du Altimari assinou convênio licitando um montante de mais R$ 1,4 milhão para o Min. do Turismo. Do site da Caixa Econômica Federal, que faz o repasse, consta que até o momento nenhum valor foi liberado para a administração do município. O dinheiro deve ser usado na segunda etapa da obra.

Acervo

Foi em 1962 que o Solar tornou-se Museu Amador Bueno da Veiga. O nome é em homenagem ao bandeirante. Do acervo constam mais de 50 mil imagens, arte sacra, coleção numismata com moedas e cédulas do Brasil Império, quadros, mobílias, documentos e livros antigos.

O Museu estava em reforma para restauro desde o início da década de 2000, assim, a maioria de seu acervo já estava fora do local, dentro de um casarão antigo na Rua 1, em frente à Estação Ferroviária, aonde a população não tem acesso.

Nas páginas do Jornal Cidade foi anunciado em 2009 que parte da verba da restauração em andamento naquela época, antes do incêndio, estava garantida por meio de um processo judicial envolvendo a instalação do pedágio no parque arqueológico na rodovia Fausto Santomauro (Rio Claro/Piracicaba). Essa verba, de R$ 180 mil, foi repassada posteriormente pela Procuradoria-Geral da União.

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