Chrisnel, Yvena, Jeanwood e Chrisnot tiveram contato direto com a funcionária no PAT da Cidade Azul Arlete Lima Garcia

Favari Filho

“Pense no Haiti, reze pelo Haiti; o Haiti é aqui.” Assim cantaram Caetano e Gil há pouco mais de duas décadas, porém a situação daquele país piorou ainda mais depois do terremoto ocorrido em janeiro de 2010; a partir do fato, a imigração haitiana no Brasil começou a crescer exponencialmente e, em Rio Claro, muitos refugiados vivem, consolidam famílias e, sobretudo, trabalham em busca de um futuro melhor.

Deixar a família e os amigos para trás não é tarefa fácil para ninguém, ainda mais quando é preciso viver em outro país. Foi assim com os irmãos gêmeos Chrisnel e Chrisnot Kernisan e Jeanwood e Yvena Mercilus. Os imigrantes estão no Brasil há quase dois anos, batalhando por um lugar ao sol, porém as maiores dificuldades que têm encontrado são com relação à língua – ainda que tenham facilidade de aprender novos idiomas – e com a regularização da documentação que demora muito para ser viabilizada e, em alguns casos, tem sido praticamente impossível.

Chrisnel é formado em Contabilidade, mas em Rio Claro trabalha na linha de produção de uma multinacional; Chrisnot cursava Direito; Jeanwood, da mesma forma, cursava Agronomia em seu país, mas teve que abandonar quando partiu deixando para trás as origens. Tanto para estudar quanto para receber atendimento de saúde, os haitianos sofrem devido a não possuírem o RG [Registro Geral], que demora a ser emitido no Brasil. Contudo, os haitianos são trabalhadores que seguem a caminhada contribuindo para o desenvolvimento da Nação. Chrisnel, Chrisnot, Jeanwood e Yvena, como tantos outros, merecem um futuro melhor e contam com o apoio dos rio-clarenses.

Chrisnel, Yvena, Jeanwood e Chrisnot tiveram contato direto com a funcionária no PAT da Cidade Azul Arlete Lima Garcia
Chrisnel, Yvena, Jeanwood e Chrisnot tiveram contato direto com a funcionária no PAT da Cidade Azul Arlete Lima Garcia

UMA LUZ

A reportagem conversou também com Arlete Lima Garcia, funcionária do PAT [Posto de Atendimento ao Trabalhador] que, devido à necessidade de tratar com os estrangeiros, resolveu aprender a língua para melhor se comunicar e colaborar com suas necessidades. Arlete expôs que o primeiro contato ocorreu em 2014, quando iniciou a procura no mercado de trabalho.

“Vieram cerca de vinte haitianos e apenas um falava razoavelmente o português, então achei interessante aprender a língua, como sou Testemunha de Jeová, tive maior incentivo, pois somos motivados a aprender novas línguas para realizar obras voluntárias.”

Arlete contou que os haitianos têm uma enorme facilidade para aprender. “Acredito que é devido ao fato de que a grade escolar do Haiti contempla línguas como o francês, espanhol, inglês e, claro, o crioulo haitiano, que é a língua do coração. Mas a estrutura da nossa língua é bem diferente para compor os diversos tempos verbais.”

Receptivos, trabalhadores e com muita expectativa por um futuro melhor, como constatado pela reportagem, os haitianos têm uma mensagem que perpassa a condição de seu país natal; é um povo de fé e força, “um povo tré entelijan [muito inteligente]”, conforme definiu Arlete que concluiu: “a maioria é muito religiosa e aprecia a Bíblia. Os haitianos cooperam mutuamente entre si, têm um ótimo relacionamento e são extremamente altruístas”.

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