Livros, mais de 16 mil títulos, que vieram armazenados em 262 caixas e que foram doadas por João de Scantimburgo

Antonio Archangelo/Coluna PolítiKa

Nunca botei fé na Fundação Ulysses Guimarães, não pelo patrono [o qual estimo], mas pela estrutura engessada por acordos políticos e pela fama de que tudo que é público é ruim. Tenho que reconhecer, porém, que fiquei muito impressionado pelo trabalho realizado pela equipe da Fundação e de abnegados estagiários que estão implantando a biblioteca “João de Scantimburgo”, ex-diretor do Jornal Cidade entre a década de 30 e 40, e membro da Acadêmia Brasileira de Letras.

Livros, mais de 16 mil títulos, que vieram armazenados em 262 caixas e que foram doadas por João de Scantimburgo
Livros, mais de 16 mil títulos, que vieram armazenados em 262 caixas e que foram doadas por João de Scantimburgo

Quando entrei na sede da Fundação [sim, a Fundação existe], o Dr. Ruy (que com espírito republicano sempre aceitou minhas críticas perante a Instituição e nunca fez ameaças veladas como fazem alguns mandatários de hoje em dia) me levou a um cômodo, onde a riqueza dos títulos literários – que estão sendo catalogados e armazenados em estantes dispostas numa sala de nada menos que 56 metros quadrados – saltou-me aos olhos.

O primeiro título que observei foi um exemplar do “Capital”, de Marx, em espanhol (El Capital). Logo me chamou a atenção. Mais uma olhada em uma das 262 caixas e pude observar títulos e mais títulos sobre filosofia e ciência política. Ao lado estava o acervo do patrono Ulysses Guimarães e a primeira versão da Constituição Cidadã. Um material de inestimável valor intelectual…

No meio das caixas pude perceber a gritante falta de mão de obra na Fundação. Para manusear e colocar à disposição do público terão que ter uma bibliotecária, um historiador…

Claro, o prefeito terá que fazer alguma mágica administrativa. Aglutinar pastas, reduzir os asseclas-sem-função, para dar continuidade à demanda que vai se ampliando. Confesso que não aceito, ainda, os subsídios pagos pelos cofres públicos aos diretores nos valores praticados. Mas tenho que dar a mão à palmatória e avisar aos críticos que a Fundação está trabalhando. Já comecei a pensar inúmeras possibilidades simplistas de como aperfeiçoar o lugar. Como avançar, como cita Bresser-Pereira, criar mecanismos para que a administração burocrática weberiana transmute para a gerencial que se tentou implantar no país após 1995.

Afinal, o governo pode acertar se unificar o Turismo e Cultura aglutiná-las todas no hall de atividades da Fundação Ulysses. E oferecer a possibilidade da descoberta aos rio-clarenses de quão bela e valiosa é a história desta cidade. História desconhecida por 97% da população.

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