Amblyomma cajennense: carrapato estrela (Divulgação)

Antonio Archangelo

“Ressurgida” na década de 80, a Febre Maculosa Brasileira (FMB) avança pelo interior de São Paulo. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico Paulista (Bepa) até 2008, apenas os municípios de Piracicaba, Araras, São Pedro e Ipeúna haviam registrado casos da doença. Porém de lá, para cá, outros municípios já registram casos da enfermidade, incluída na lista de agravos de notificação compulsória pelo Ministério da Saúde em 2001. Em Rio Claro, por exemplo, de 2011 pra cá foram três registros de óbitos, dois em área rural e um de paciente residente em outra cidade. Em Cordeirópolis, de acordo informações repassadas a imprensa, foram dois casos registrados este ano, com uma morte. Em 2014, também houve registro de uma morte.

Febre Maculosa no Estado de São Paulo até 2008 (Fonte: Bepa)
Febre Maculosa no Estado de São Paulo até 2008 (Fonte: Bepa)

Transmissor

Em outro estudo, também contido no boletim paulista, de 2011, o qual o JORNAL REGIONAL teve acesso, 14 cidades do Aglomerado Urbano de Piracicaba já possuem registro da presença do vetor da doença o carrapato estrela (Amblyomma cajennense): Águas de São Pedro, Araras, Capivari, Charqueada, Conchal, Elias Fausto, Ipeúna, Iracemápolis, Limeira, Piracicaba, Rio Claro, Rio das Pedras, Santa Gertrudes e São Pedro.

Amblyomma cajennense: carrapato estrela (Divulgação)
Amblyomma cajennense: carrapato estrela (Divulgação)

Amblyomma cajennense, o carrapato conhecido popularmente como carrapato estrela, carrapato de cavalo, carrapato redoleiro ou micuim, é a espécie transmissora mais importante no Brasil. A bactéria fica circulando na natureza pelo carrapato, que passa a infecção para outro carrapato. Os animais (cão, cavalo, boi, ratos, animal silvestre), assim como o homem, quando picados fornecem condições para que o carrapato se desenvolva e transmita a bactéria que fica na sua saliva.

Local Provável de Infecção

O boletim destaca que para que determinada área seja considerada local provável de infecção (LPI), deve-se respeitar três condições: – o local deve ter sido visitado pelo paciente infectado nos 15 dias que precederam o início dos sintomas; existência de uma população vetora estabelecida e/ou presença de condições naturais favoráveis para estabelecimento da população do vetor e a presença do agente etiológico estabelecido.

Números de caso de Febre maculosa Brasileira (Fonte: Bepa)
Números de caso de Febre maculosa Brasileira (Fonte: Bepa)

1987

A febre maculosa foi reconhecida no Estado de São Paulo, pela primeira vez, em 1929. Após um período de silêncio, constatou-se sua reemergência com a confirmação dos primeiros casos em Pedreira, em 1987, seguindo-se registros em Campinas e São João da Boa Vista, Piracicaba, Salto, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires, Mauá e a Capital.

Avanço da Febre Maculosa Brasileira no interior de São Paulo.
Avanço da Febre Maculosa Brasileira no interior de São Paulo (Fonte: Bepa)

Casos precisam de estudo, diz especialista

Em entrevista exclusiva ao JORNAL REGIONAL, o professor Emérito de Doenças Infecciosas e Parasitárias, Vicente Amato Neto comenta que os casos registrados no interior merecem ser estudados. “Se não existia nesta região, temos que deduzir que a doença apareceu na região”, cita ao lembrar que a Febre Maculosa Brasileira (FMB) é semelhante a Febre Maculosa das Montanhas Rochosas, originária dos Estados Unidos. “A doença é uma infecção pela bactéria Rickettsia e é grave. Os órgãos de Saúde devem ser avisados, o tratamento precoce e correto tem resultados bons”, comentou.

Amato tratou casos da doença na Grande SP, quando era médico residente do Hospital das Clínicas. “Lembro da história do Dr. Lemos Monteiro que estudava as Rickettsias no Butantã. Ele foi contaminado e morreu, já que na década de 50 não tinha cura”.

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