Coordenadora do Programa de Combate à Dengue, Kátia Curado, conta com 42 pessoas nos trabalhos contra a doença

Adriel Arvolea

Coordenadora do Programa de Combate à Dengue, Kátia Curado, conta com 42 pessoas nos trabalhos contra a doença
Coordenadora do Programa de Combate à Dengue, Kátia Curado, conta com 42 pessoas nos trabalhos contra a doença

Rio Claro, assim como outros municípios brasileiros, enfrenta uma epidemia de dengue. Os casos confirmados nos dois primeiros meses de 2015 superam, em duas vezes, o total do ano passado. No trabalho de combate à doença, a bióloga Kátia Curado Nolasco fala ao Café JC sobre a força-tarefa contra a dengue.

Jornal Cidade – Qual a realidade da dengue em Rio Claro?

Kátia Curado – Neste ano, enfrentamos uma epidemia. Os números devem crescer, pois há pessoas que realizam o exame sorológico e aguardam o resultado.

JC – A população questiona o número de casos confirmados, pois acredita que seja ainda maior. Os boletins epidemiológicos divulgados refletem o quadro atual da cidade?

Kátia Curado – No Brasil, já foram confirmados mais de 40 mil casos em janeiro. Muitos, ainda, a serem confirmados. Não há porque omitir os números, uma vez que omissão gera omissão. Tem que falar o que deve ser feito junto à população, divulgar os boletins, tem que falar que houve óbito pela doença. Ainda que saírem novos resultados dos exames, iremos divulgar os números prontamente.

JC – Como se dá o trabalho de combate à dengue?

Kátia Curado – Temos uma equipe com 30 profissionais atuando diretamente em visitações, busca por criadouros, ou seja, de casa em casa. Além disso, mais 12 atuam somente na nebulização. Agimos nos bairros de acordo com as informações fornecidas pela Vigilância Epidemiológica. Todas as regiões são atendidas, mas conforme o número de casos focamos, num primeiro momento, nas áreas mais críticas.

JC – Qual a situação verificada pelos agentes nos domicílios e áreas externas da cidade?

Kátia Curado – De modo geral, temos encontrado muitos criadouros nos domicílios. São vasilhames, garrafas e outros recipientes expostos à água da chuva. Além disso, entulho nas vias públicas e áreas verdes. As pessoas, muitas vezes, preocupam-se com os imóveis desocupados, mas só o fato de deixarem uma tampinha com água no quintal já é um criadouro em potencial.

>>> Saúde tinha conhecimento de epidemia desde 2014

JC – Quando se faz necessária a nebulização de uma área?

Kátia Curado – Trata-se da aplicação de produto inseticida para matar o mosquito em sua fase adulta, com 90% de eficácia. A aplicação se dá nos pontos com maior transmissão da doença, como no bairro Santa Elisa. É preciso ser prudente no uso dessa ferramenta, pois o uso abusivo pode tornar o mosquito resistência e até afetar a saúde das pessoas.

JC – Rio Claro enfrentou epidemias em outros anos. A de 2015 tem sido um desafio?

Kátia Curado – Até o momento, a de 2015 é a mais complicada. Em 2007 e 2011, enfrentamos, também, epidemias, mas com, no máximo, 1.700 casos no ano. Só que nos dois primeiros meses deste ano já temos mais de 1.200 confirmações. Ocorre que o pico da epidemia de dengue é de quatro em quatro anos. Tivemos em 2007, 2011 e , agora, em 2015. A situação deve se estender até meados de junho, mas irá amenizar posteriormente. Abril deverá ser o pico da doença. O tipo de vírus circulando, condições climáticas, vetor proliferando e reflexo nacional são fatores para que colaboram para o quadro.

JC – Dengue é culpa de quem: da população ou poder público?

Kátia Curado – De 80 a 90%, a responsabilidade é de cada cidadão. Os setores públicos devem estar, sim, envolvidos nessa luta. Não podemos eximir nossa responsabilidade, mas é preciso uma força conjunta nesse trabalho. Cada qual fazendo a sua parte. Tanto que , a partir de março, atiradores do Tiro de Guerra devem reforçar o nosso trabalho, além de ex-atiradores voluntários. A Defesa Civil e secretarias municipais já encampam o programa de combate à dengue.

JC – A estrutura oferecida pelo município é suficiente contra doença?

Kátia Curado – Sim, é suficiente. Tivemos o reforço na equipe com novos concursados. Acontece que a demanda de trabalho é maior, mas estamos trabalhando efetivamente. Aproveito até para pedir desculpas aos que entram em contato para falar comigo e não conseguem, mas os dias têm sido intensos no enfrentamento da epidemia. Para dúvidas ou informações, a outras pessoas disponíveis nos telefones 3527-0309/ 3535-4441/ 3536-3866 ou 3522-1900 – ramal 2802 , na sala de controle da dengue.

JC – Quais são as condições favoráveis ao mosquito vetor da dengue?

Kátia Curado – Se tiver umidade presente em algum local/recipiente, o mosquito já pode se reproduzir. A antena da fêmea tem sensor de umidade e prefere os locais mais tranquilos para botar os ovos, em locais que as pessoas até não acreditam. Por isso a necessidade de evitar acúmulo de água.

JC – O que é eficaz para se proteger e o que evitar em caso de suspeita da doença?

Kátia Curado – Em caso de suspeita, evitar remédio à base de ácido acetilsalicílico e similares, além de antiinflamatórios. Paracetamol já é indicado. Para repelir o mosquito, repelente e inseticida – com cuidado, até citronela e cravo da índia – este batido com água – têm seus efeitos nessa luta contra a dengue.

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