A data é feriado nacional, mas relembrada nas escolas, dada a importância da mudança no regime do país (Imagem: Reprodução)

Favari Filho

 

A data é feriado nacional, mas relembrada nas escolas, dada a importância da mudança no regime do país (Imagem: Reprodução)
Prefeitos da região falam sobre os efeitos da crise, as manifestações e analisam a atual conjuntura política

Neste fim de semana está marcada para acontecer uma manifestação contrária ao governo e a corrupção, convocando inclusive, entre outras coisas, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A data foi marcada através das redes sociais e a dúvida que acomete a todos, inclusive os políticos partidários, é com relação à participação das pessoas comuns. Diversos endereços em cidades de todo o País foram divulgados pela internet, contudo as opiniões se dividem ainda nas redes sociais entre o que acreditam no fato de que podem comparecer uma infinidade de pessoas, e os que acreditam na organização do evento como um golpe da “elite branca” que quer “disputar um terceiro turno”.

Pensando em trazer o assunto à baila, o Grupo JC ouviu alguns prefeitos da região, inclusive de Rio Claro, para saber o que pensam sobre o novo e ainda desconhecido Brasil, que aflora com os jovens que parecem não se prender a ideologias. Para a Geração Z – que tem a internet não como um privilégio, mas um direito – o impeachment de Collor é apenas uma história arquivada na Wikipédia, diferente do que representou aquele momento, por exemplo, para os caras-pintadas, que têm o processo todo como parte de vida, ou seja, passado.

Muitos dos que reivindicaram contra Collor ocuparam e ou ocupam cargos públicos, mas o que há de diferente entre as atuais manifestações e a ocorrida há pouco mais de vinte anos? O mundo mudou muito durante todo esse tempo, contudo a maneira de externar a indignação para com os ‘mandos e desmandos’ dos governantes parece continuar a mesma, as manifestações. Não obstante, parece que os protestantes encontraram mais um aliado, a internet. Por isso, a incerteza diante desse introito ao novo mundo.

Nenhum dos três entrevistados concorda com o impedimento da presidente e todos têm mais ou menos o mesmo modo de pensar em relação ao tema. O prefeito de Rio Claro, Du Altimari, enfatizou que sempre defendeu e vai defender tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. Altimari acredita que “as manifestações são legítimas desde que praticadas dentro dos princípios do Estado Democrático de Direito”.

Com relação ao impeachment acrescenta: “Acredito que essa solução seria antidemocrática, uma vez que não vejo base legal para o impeachment da presidenta”. Já com relação aos rumos da crise apontou: “Esse momento do Brasil deixa clara a necessidade de uma reforma política. Acredito que o financiamento público de campanha, o fim da reeleição e a adoção de mandatos de cinco anos são vitais para recompor a confiança na classe política do país”.

O prefeito de Analândia, Rogério Ulson, vê as manifestações como um direito da população. “As pessoas têm direito de cobrar e de expor seus pensamentos. A onda de protestos é o sintoma de uma sociedade descontente”, disse. Sobre o impeachment segue na linha de Altimari. “Não acredito que o impeachment possa ajudar o Brasil. Muito pelo contrário. Agravar a crise política que vivemos tende a piorar a crise econômica e institucional”. Para Ulson, o melhor caminho seria a presidente Dilma tentar melhorar o relacionamento com o Congresso e, principalmente, com a sociedade. “Desde os protestos de junho de 2013, que o governo vem perdendo popularidade e enfrentado essa crise. A população descontente cresce cada dia mais porque suas demandas não são compreendidas. O Brasil precisa de uma reforma política que aproxime o cidadão da administração pública”, explica.

Da mesma forma, o prefeito de Santa Gertrudes, Rogério Pascon, vê as manifestações como algo legítimo ‘desde que dentro da ordem pública’. Pascon também não enxerga com bons olhos o impedimento: “Acredito que o impeachment não seria uma boa alternativa nesse momento”. Analisando o cenário atual constata que o problema no País é crônico. “Não é de agora que estamos vivenciando essa situação nos meios políticos. Há alguns anos que vem se formando e se tornando um ciclo, agora a situação está visível. O descontrole das contas públicas federais está notório nos últimos dois anos e isso tinha que acontecer, tínhamos que passar por isso, vejo que ainda vamos passar por momentos difíceis”, finaliza.

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