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Aline Pascholati e suas obras (Foto: Demétrio Razzo)
Aline Pascholati e suas obras (Foto: Demétrio Razzo)

Inserindo-se na tradição artística que discute temas ligados à morte, tais como as caveiras cravejadas de brilhantes de Damien Hirst e os jacentes de Jan Fabre, a artista plástica brasileira Aline Pascholati criou seus próprios caixões. Entretanto, o pensamento dessa série difere do trabalho de Hirst e Fabre por apresentar uma visão otimista da morte, mais parecida com a temática egípcia dos caixões pintados – sarcófagos na verdade são as estruturas retangulares de pedra nas quais o caixão é colocado – e a crença na vida após a morte. O outro lado da moeda, ou seja, a visão angustiante da passagem do tempo e a finitude das vaidades humana, resultando em uma morte inevitável – em outras palavras, memento mori – é representada através de outra de suas séries, composta de fotografias em preto e branco do relógio de seu tataravô e outros elementos que fazem alusão à efemeridade da vida.

O início do projeto remete à uma tela de 2010, ainda em seu período parisiense, nomeada Metamorfose, mesmo título que o caixão receberia seis anos depois. A obra foi aperfeiçoada em tamanho maior em 2014, ainda representando uma urna funerária ladeada por asas de borboleta em um fundo preto, etéreo e atemporal. A mensagem é clara. A urna se transforma no casulo da lagarta que transcende sua condição inicial. A morte é apresentada como uma simples passagem, tal qual a de um inseto rastejante a uma bela borboleta de asas coloridas e luminosas. Se existe uma questão, não é se existe ou não um depois, mas sim o que é esse depois, já que a passagem é indiscutível.

Na obra de 2016, a estrutura de madeira que carrega o corpo é vista como o casúlo da borboleta e os traços de tinta acrílica colorida que saem do centro em direção as bordas de sua tampa representam a alma em seu momento de transcendência, no qual ela deixa seu invólucro material através de uma explosão de energia vital, se tornando assim pura energia. A técnica, inspirada daquela de Pollock, foi aperfeiçoada pela artista em sua série Explosões,  que traduz em imagens abstratas sentimentos e humores inconscientes. A cor violeta de fundo, mesmo tom das asas da borboleta na versão da pintura de 2010, é de extrema importância, pois significa transmutação, transformação, em diversas filosofias, tal como a Rosa Cruz.

Sobre a artista

Diplomada em História da Arte pela Université Paris 1 – Panthéon-Sorbonne, a artista plástica Aline Pascholati já apresentou seu trabalho em sete países – Brasil, França, Itália, Eslovênia, Peru, Irã e Síria – em exposições individuais e coletivas. Ela se expressa através das mais diversas técnicas: aquarela, óleo, acrílico e folha de ouro e prata sobre suportes diversos, fotografia, vitral, instalação e vídeo arte, podendo assim adaptar cada tema ao melhor método de execução.

Além do trabalho de criação, a artista também escreve sobre arte, publicando desde 2011 em jornais, revistas e mídias digitais. Recentemente, fundou seu próprio site sobre arte e cultura, o Artrianon. Também tem dois livros publicados: Paris com pouco dinheiro e FRANCE – C’est magnifique! Um terceiro, dedicado à história e símbolos escondidos dos castelos reais da França, encontra-se em fase de preparação.

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