Reabertura em SP priorizará setor com maior vulnerabilidade econômica e menor risco à saúde

JOÃO GABRIEL – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O governador João Doria (PSDB) anunciou, nesta quarta-feira (22), os primeiros detalhes do Plano São Paulo, o processo de saída da quarentena.

O estado fará o acompanhamento da disseminação, comparando cenários possíveis da evolução do vírus, e os protocolos serão definidos dependendo da situação de cada região do estado e cada setor da economia.

“Os critérios da nova quarentena, a partir do dia 11, serão diferenciados e de acordo com dados científicos apurados por cidades e regiões do estado de São Paulo”, disse Doria.

“Vamos priorizar setores de maior vulnerabilidade e menor risco”, disse Patricia Ellen, secretária do Desenvolvimento Econômico.

O governador listou todos os serviços autorizados a funcionar desde o início da quarentena e afirmou que 74% da economia de São Paulo nunca parou.

O anúncio foi feito ao lado de David Uip, que lidera o comitê especial da crise de coronavírus, e dos secretários José Henrique Germann (Saúde), Henrique Meirelles (Fazenda) e secretária Célia Parnes (Desenvolvimento Social), entre outras autoridades.

Meirelles afirmou que a reabertura terá dois pontos de atenção: a manutenção do padrão de consumo e a liquidez das empresas. “Neste ponto, é fundamental a eficiência dos gastos públicos. O governo tem papel fundamental em qualquer crise, mas particularmente nessa crise pela sua dimensão.”

Segundo Ellen, a retomada será amparada por critérios de saúde e econômicos, e terá diferenças dependendo do setor, da cidade e da região.

Na área da saúde, os critérios para determinar os protocolos adotados serão o acompanhamento da disseminação do vírus, o monitoramento da capacidade do sistema de saúde, incluindo a disponibilidade de leitos e o uso de testes rápidos, e a comparação com diferentes cenários de evolução do vírus.

Na economia, serão desenvolvidos diferentes protocolos para cada setor, de acordo com a capacidade de higiene e segurança do ambiente de trabalho.

Em cada região, o estado irá monitorar o número de novos casos, a quantidade de leitos livres e a quantidade de testes disponíveis para serem feitos.

De acordo com a secretária, há três níveis de risco, e todo o estado está dentro dos níveis vermelho e amarelo, os mais graves, com crescente número de casos e alta ocupação de leitos.

As medidas terão cinco dimensões: distanciamento entre pessoas, protocolos de higiene, sanitização de ambientes, comunicação e monitoramento da situação, município a município.

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça-feira (21), Doria adiantou que os detalhes aprofundados sobre o processo de afrouxamento do isolamento social serão anunciados no dia 8 de maio.

“Primeiro, vamos medir o resultado do isolamento, se a população está respondendo bem. Até aqui diria que, na média, sim. […] Segundo: analisar quantas pessoas estarão infectadas nas próximas duas semanas e quantas infelizmente virão a óbito. Terceiro: capacidade de atendimento e suporte da saúde pública e privada no estado”, afirmou.

Ele também descartou isolar a região metropolitana da capital paulista.
São Paulo é o epicentro da pandemia no Brasil. Foi também o primeiro estado decretar o fechamento total dos serviços não essenciais, desde partir do dia 24 de março, inicialmente por quinze dias.

Desde então, já renovou a quarentena duas vezes. Atualmente, as restrições valem até o dia 10 de maio. A saída do período mas rígido se dará, gradualmente, a partir do dia 11.

As medidas de isolamento social têm sido motivo de constante atrito entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Bolsonaro já se declarou contrário a medidas mais rígidas e defendeu, por exemplo, o isolamento vertical, que restringe o convívio social apenas de grupos de risco. O governo, no entanto, já admitiu não ter estudo que embase a eficácia do método.

À Folha de S.Paulo Doria disse que tem sofrido retaliação da federação por se opor a opiniões do presidente. Afirmou que o Ministério da Fazenda se opôs a aumentar o repasse de verbas ao estados por determinação da Presidência. A medida acabou sendo aprovada pelo Congresso.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), países que queiram afrouxar o isolamento social devem ter capacidade de testar e isolar todos os casos suspeitos e seus contatos e estar com a transmissão controlada do vírus, ou seja, em um “nível de casos esporádicos ou clusters”.

A entidade listou seis que precisam ser cumpridos para se afrouxar a quarentena, que vão destes citados a medidas de prevenção em locais públicos e a extinção de casos importados, aqueles que uma pessoa trás o vírus de outro país, em uma viagem.

Atualmente, a taxa de isolamento social da de São Paulo gira em torno de 57% de, segundo dados do governo do estado, e o ideal é 70%. Segundo o governador, o patamar atual é aceitável para se iniciar a saída do isolamento.

Crise do coronavírus pode gerar fome em proporções bíblicas, diz diretor da ONU

RAFAEL BALAGO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

David Beasley, diretor do WFP (Programa Mundial de Alimentos da ONU), alertou nesta terça-feira (21) que a crise econômica gerada pelo novo coronavírus pode levar mais dezenas de milhões de pessoas a passar fome.

“Se não nos prepararmos e agirmos agora, para garantir acesso a alimentos, evitar a falta de recursos e a ruptura no comércio, nós poderemos encarar múltiplas crises de fome de proporções bíblicas em poucos meses”, alertou, em discurso ao Conselho de Segurança da ONU.

Beasley disse que, atualmente, 821 milhões de pessoas ao redor do mundo vão dormir com fome diariamente, pois vivem com a falta de alimentos de forma crônica, e outras 135 milhões estão à beira de ficar completamente sem comida, tendo alimentos em alguns dias e em outros não.

Segundo um estudo feito pelo WFP, mais 130 milhões de pessoas correm risco de passar fome devido à crise econômica gerada pelo novo coronavírus.

A paralisação do comércio e do turismo, a recessão econômica e a crise no preço do petróleo retirarão dinheiro dos mais pobres. Com isso, eles não poderão comprar comida, disse Beasley. Ele estima que, no pior cenário, mais de 30 países poderão ser duramente afetados, como Haiti, Nepal e Somália.

Por ajuda a estados, senadores aceitam congelar salário de servidor por 2 anos

IARA LEMOS, JULIA CHAIB E THIAGO RESENDE – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Líderes do Senado são favoráveis ao congelamento por dois anos de salário de servidores públicos em troca da aprovação de ajuda financeira da União a estados e municípios.

Governo e Senado articulam um novo projeto de lei para socorrer os entes durante a crise do coronavírus. Concursos públicos ficariam suspensos pelo mesmo período.

As negociações encabeçadas pelo ministro Paulo Guedes (Economia) e pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), buscam um meio-termo na disputa com a Câmara.

A ideia do governo é engavetar o texto aprovado pelos deputados, que não tem contrapartidas de estados e municípios. O projeto foi articulado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com governadores.

Pelo texto aprovado, o governo estima impacto de mais de R$ 200 bilhões para cobrir o rombo com a queda de ICMS (imposto estadual) e ISS (imposto municipal). Maia diz que serão R$ 89,6 bilhões.

Para tentar barrar o plano da Câmara, Guedes apresentou aos senadores contraproposta de R$ 127,3 bilhões. Isso inclui R$ 49,9 bilhões com medidas já adotadas e R$ 77,4 bilhões em novas ações.

Na segunda-feira (20), o ministro disse que poderia ampliar o plano do governo. Para isso, o Senado teria de aprovar o congelamento de salários do funcionalismo.

Apesar da promessa, técnicos da economia veem pouco espaço para que esse auxílio financeiro seja expandido.

Desde domingo (19), Guedes tem feito ligações a líderes do Senado. Na segunda-feira (20), ele se reuniu com Alcolumbre e, em pelo menos duas ocasiões, o presidente Jair Bolsonaro esteve presente.

De acordo com o líder do PSD, Otto Alencar (BA), partido com a segunda maior bancada no Senado, só atrás do MDB, a conversa com Guedes tem sido na linha de beneficiar todos os estados.

Para ele, o plano da Câmara ajuda estados com dívidas elevadas com a União, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

“Na Bahia, por exemplo, a dívida é pequena. Não dá para comparar com São Paulo e Rio de Janeiro. Esses estados já se beneficiaram, os outros não”, afirma.

Após conversar com Guedes, Alencar se propôs a redigir a parte do texto no novo projeto que impede o reajuste salarial para servidores públicos pelos próximos dois anos, desde que o governo federal cumpra com a proposta feita de aumentar a ajuda aos estados.

“Podemos colocar um parágrafo único, dizendo que, enquanto houver recuo do PIB (Produto Interno Bruto), não terá aumento de salário. Se tem redução do PIB, qualquer governador não poderá dar aumento salarial porque não terá recurso”, disse.

Com contrapartidas, se- nadores já conversam com governadores para conseguir apoio.

“O Senado está trabalhando para construir um texto que atenda melhor os estados, obviamente [é] esse projeto que está sendo construído em conjunto [com o governo]. Sendo aprovado no Senado, os governadores vão pedir para a Câmara votar”, disse a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no Senado, Simone Tebet (MDB-MS).

Para o líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), o projeto que veio da Câmara já não existe mais no Senado. Ele defendeu a busca por convergência.

“O Davi já matou o projeto da Câmara quando ele apensou ao do [Antonio] Anastasia [PSD-MG]. Vai vir um novo projeto, e o congelamento de salários vai acontecer”, afirmou.

“Não tem como o governo repassar recurso para os estados em uma pandemia e os governadores fazerem reajuste salarial. Todos precisam cumprir limites enquanto estivermos nesta calamidade.”

A pressa dos senadores agora é para conseguir consenso no texto para que ele seja votado até o próximo dia 30. Desse forma, ajudariam os estados a não virar o próximo mês com as contas no vermelho.

“Hoje, nem que seja por medida provisória ou por um novo projeto de lei, alguma ajuda precisamos conceder aos estados. Não podemos passar do dia 1º de maio para termos uma votação porque os estados não vão conseguir fechar as contas do mês”, disse o líder do PP no Senado, Esperidião Amin (SC).

A disputa entre Câmara e equipe econômica se deu em torno do repasse direto da União para estados e municípios, o que tem impacto no Orçamento.

O Ministério da Economia vem tentando limitar essa medida para que o rombo das contas públicas não cresça ainda mais em 2020.

O texto que ainda será discutido no Senado terá de voltar para a Câmara, que dará a palavra final sobre a ajuda aos estados e municípios.

Mais de 1.000 agências da Caixa passam a abrir mais cedo, às 8h

ANA PAULA BRANCO – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

A partir desta quarta (22), mais de 1.100 agências da Caixa abrem mais cedo para atendimento de serviços essenciais. Por enquanto, eles não incluem o saque do auxílio emergencial. Por enquanto, o depósito do valor é feito diretamente na conta indicada pelo trabalhador e a movimentação também é virtual.

As unidades selecionadas vão abrir mais cedo de 8h às 14h apenas para:
– Saque do benefício do INSS sem cartão
– Saque de seguro desemprego/defeso sem cartão e senha
– Saque Bolsa Família e outros benefícios sociais sem cartão e senha
– Pagamento de Abono Salarial e FGTS sem cartão e senha
– Saque de conta salário sem cartão e senha
– Desbloqueio de cartão e senha de contas A relação dessas agências está disponível pelo link: http://www.caixa.gov.br/caixacomvoce/Paginas/default.aspx#agencias-feriado

Para o Rio de Janeiro, o novo horário de atendimento ao público para as agências selecionadas será de 8h às 12h, a partir desta quinta (23), devido ao feriado estadual.

De acordo com a Caixa, as unidades terão fluxo de clientes controlado e nas salas de autoatendimento será permitida a entrada de um ou dois clientes por máquina de acordo com o espaço físico disponível. As medidas têm o objetivo de manter o distanciamento mínimo de um metro entre as pessoas para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

Haverá também sinalização/delimitação dos pisos externos das agências com ocorrência de formação de filas para manutenção do afastamento social.

O banco afirma que reforçou o protocolo de higienização das unidades priorizando a limpeza das superfícies de contato humano, portas de entrada, maçanetas e vidros do entorno, teclados dos autoatendimento, balcões de caixa e torneiras e aparelhos sanitários com periodicidade mínima de seis vezes ao dia.

Informações e pagamento do auxílio emergencial Apesar do apelo da Caixa para que os beneficiários do auxílio emergencial usem somente os canais digitais e os telefones exclusivos para se informar, as agências da Caixa têm recebido trabalhadores em busca de informações sobre seu auxílio emergencial, que pode chegar a R$ 1.800, por família.

A Caixa esclarece que os beneficiários do auxílio emergencial que receberam o crédito em poupança da Caixa, podem movimentar o valor digitalmente pelo aplicativo Caixa, pelo Internet Banking ou mesmo utilizando o cartão de débito em suas compras.

Quem recebeu o crédito por meio da Poupança Digital Caixa podem pagar boletos e contas de água, luz, telefone, entre outras, bem como fazer transferências para outros bancos por meio do aplicativo Caixa Tem.

Ainda não é possível sacar os R$ 600 na boca do caixa. Por enquanto, o depósito do valor será feito diretamente na conta indicada pelo trabalhador. Não adianta ir a uma agência da Caixa, é preciso aguardar.

Anvisa aprova a venda do primeiro produto à base de maconha no país

NATÁLIA CANCIAN – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro do primeiro produto à base de Cannabis no país, que poderá ser vendido em farmácias. A autorização foi publicada nesta quarta-feira (22) no Diário Oficial da União.

Esse é o primeiro registro concedido pela agência desde que o órgão aprovou uma regulamentação que abre espaço para venda de produtos à base de Cannabis nesses locais, com base em alguns critérios.

O produto é um fitofármaco à base de canabidiol, componente da Cannabis que tem efeito terapêutico para alguns quadros.

A concentração de THC, substância também alvo de estudos e conhecida por “dar barato”, é de menos de 0,2%.

A autorização da agência prevê que ele seja prescrito para casos em que não há outras alternativas de tratamento com resultado satisfatório. A lista de doenças não foi informada.

A fabricante é a empresa Prati-Donnaduzzi, de acordo com os dados do registro. Ainda não há previsão de quando o produto deve ser ofertado no mercado.

Segundo a Anvisa, a venda poderá ser feita apenas com receita médica de controle especial do tipo B, cuja numeração é fornecida pela vigilância sanitária local. A receita deve ser renovada a cada 60 dias.

A resolução que dá espaço à venda de produtos derivados da Cannabis no país foi aprovada em dezembro de 2019, e entrou em vigor em março deste ano.

Na época, diretores da agência chegaram a analisar a possibilidade de dar aval ao cultivo da planta para pesquisa e produção de medicamentos, mas a proposta foi rejeitada por três votos a um.

Em contrapartida, diretores aprovaram uma regulamentação para oferta desses produtos para uso medicinal. Na prática, a resolução criou uma nova categoria de produtos à base da planta.

Desde então, empresas interessadas em desenvolver ou importar esses produtos para venda podem solicitar registro à agência, para venda mediante apresentação e retenção de receita. A venda em farmácias de manipulação é proibida.

Segundo a Anvisa, a análise do pedido durou 42 dias, tempo que envolveu a apresentação de dados pela empresa até a elaboração de parecer da equipe técnica.

Enterros triplicam, e cemitério de Manaus abre valas comuns para vítimas do coronavírus

ANA LUIZA ALBUQUERQUE – RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Diante do colapso no sistema de saúde do estado do Amazonas e de uma explosão no número de enterros, o maior cemitério de Manaus teve que abrir valas comuns para dar conta do sepultamento das vítimas do novo coronavírus.

Antes da pandemia, cerca de 30 corpos eram enterrados diariamente no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tumarã. Nos últimos dias, foram mais de cem enterros diários.

Nas valas comuns, chamadas pela prefeitura de trincheiras, são enterrados diversos caixões, um ao lado do outro. O órgão afirma que essa metodologia preserva a identidade dos corpos, com a garantia do distanciamento entre os caixões e da identificação das sepulturas.

Além de abrir valas comuns, a Prefeitura de Manaus instalou duas câmaras frigoríficas no cemitério para resguardar os corpos antes do enterro.

O objetivo é liberar os carros do SOS Funeral, que deixam os caixões no cemitério e podem atender novos chamados. O serviço é oferecido gratuitamente pelo estado para quem não tem condições de arcar com os custos da remoção do corpo e do sepultamento.

Diante do aumento da demanda por enterros, a prefeitura informou que o acesso ao cemitério está restrito aos que forem sepultar familiares.

São permitidas cinco pessoas ao máximo nos funerais. “A medida visa preservar a privacidade das famílias enlutadas e também considera o risco de propagação do novo coronavírus”, diz nota do órgão.

Segundo último boletim divulgado pelo estado, nesta segunda-feira (20), o Amazonas soma 2.160 casos confirmados do novo coronavírus e 185 mortes. Manaus é o município mais afetado, com 1.772 casos e 156 mortes.

O sistema público do estado colapsou na última semana, com 100% dos leitos para Covid-19 ocupados na rede pública. Os hospitais estão superlotados em Manaus, única cidade com UTI.

Sem conseguir atendimento na rede pública, doentes passaram a pedir na Justiça para serem atendidos na rede privada.

No sábado (18), ao menos duas decisões judiciais foram emitidas obrigando hospitais privados a manter internados na UTI pacientes que pedem que os custos dessa internação sejam bancados pelo governo do estado.

Nesta segunda (20), o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, e o governador do Amazonas, Wilson Lima, reuniram-se com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) para discutir a situação do sistema de saúde do estado.

O prefeito solicitou ao governo federal aparelhos de tomografia, medicamentos como a cloroquina, respiradores, testes rápidos, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e aporte financeiro para o hospital de campanha aberto na cidade.

Segundo a prefeitura, serão necessários mais R$ 42 milhões para garantir o funcionamento desse hospital inaugurado em Manaus para o atendimento de pacientes do novo coronavírus.

Na sexta-feira (17), o órgão informou que 22 pacientes estavam internados em leitos intensivos e semi-intensivos no hospital, que é gerido pela Prefeitura e pela iniciativa privada. O objetivo é chegar a 279 leitos.

Novo coronavírus permanece no corpo por cerca de 21 dias nos casos graves, diz estudo

EVERTON LOPES BATISTA – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

Pacientes que tiveram a forma mais grave da Covid-19, doença causada pelo Sars-Cov-2, permanecem com o vírus no corpo por um período mais longo do que aqueles que tiveram versões leves da infecção.

Em amostras extraídas do trato respiratório (catarro e saliva) de doentes em situação mais grave na China, o vírus foi encontrado por 21 dias, em média. Em alguns casos, esse período se estendeu a 30 dias. A duração média da presença do vírus nos pacientes sem complicações foi de 14 dias.

Os resultados vêm de um estudo publicado por cientistas chineses na terça-feira (21), na revista científica britânica The BMJ (antigamente conhecida como The British Medical Journal), uma das publicações de maior prestígio na área da saúde.

A pesquisa foi feita com mais de 3.400 amostras de secreções do trato respiratório, urina, sangue e fezes de 96 pacientes atendidos em um hospital de Zhejiang, província do leste da China. Todos os participantes do estudo tiveram a Covid-19 confirmada por testes moleculares (RT-PCR). Os cientistas classificaram 22 dos casos como moderados e 74 como graves.

A análise das amostras indicou que, nos pacientes de casos brandos da doença, o pico da carga viral acontece na segunda semana da infecção. Nos pacientes de casos mais graves, as quantidades do vírus no organismo ainda eram altas na terceira semana da doença.

“Tudo indica que quanto maior a carga viral, maior a chance de o paciente desenvolver a doença de forma mais grave. A possibilidade de transmissão do vírus também aumenta”, diz Fabrizio Romano, otorrinolaringologista e presidente da Academia Brasileira de Rinologia (ABR).

“Esse é um dos motivos de vermos tantos profissionais da saúde com complicações de Covid-19, porque lidam com maior proximidade de pacientes de maior gravidade”, diz o médico.

Nos casos mais críticos, o organismo não dá conta de combater a infecção e, assim, o vírus consegue se multiplicar no corpo do infectado por mais tempo, explica Romano.

“Quando esse paciente tem alta e vai para casa, isso não quer dizer que ela tenha parado de transmitir a doença. Ele deve manter o isolamento até o teste indicar a ausência do vírus”, afirma.

O vírus também foi detectado em amostras de fezes de 59% dos pacientes por um período médio de 22 dias -ou seja, mais tempo do que o vírus fica presente no sistema respiratório. Apenas um participante da pesquisa teve o vírus detectado em amostra de urina.

Segundo Marco Aurélio Sáfadi, infectologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o cenário é especialmente delicado ao lidar com crianças ou pessoas mais velhas que necessitam de troca de fraldas, por exemplo.

O artigo não fornece a certeza da transmissão pelo contato com as excreções, já que o teste molecular, feito para detectar a doença nos pacientes que participaram da pesquisa, detecta partes do vírus na pessoa, mas não diz se ele ainda está ativo para causar a infecção. Porém, o resultado do estudo indica que existe a possibilidade de transmissão por essa via, de acordo com Sáfadi.

No estudo chinês, as amostras foram recolhidas de pacientes adultos entre os meses de janeiro e março deste ano. Sáfadi conduz atualmente um estudo com crianças infectadas pelo novo coronavírus, e o vírus também foi encontrado nas amostras de fezes dos mais novos. Os resultados ainda não foram publicados.

“Não podemos assumir que há a infectividade, mas é plausível que sim. Isso traz a necessidade de maior atenção”, afirma o infectologista.

De acordo com Romano, da ABR, o estudo feito na China contou com metodologia confiável, mas teria resultados ainda mais precisos com a inclusão de um número maior de pacientes. O misto de medicamentos usados pelos participantes da pesquisa é outra limitação apontada pelo médico.

No estudo, os pacientes receberam corticóides, antibióticos ou uma combinação desses medicamentos. Todos fizeram tratamento com algum antiviral. “Devemos ter cautela antes de extrapolar esses resultados para outras populações que recebem outros remédios”, diz Romano.

Saúde de Araras confirma transmissão comunitária de Covid-19

Ramon Rossi

A Vigilância Epidemiológica de Araras confirmou ao Jornal Cidade que o novo Coronavírus, causador da Covid-19, tem transmissão comunitária em Araras. Ou seja, não é mais possível detectar a origem da infecção dos pacientes.

Até a manhã desta quarta-feira (22), o município registrava dez casos confirmados da doença. De acordo com a Vigilância, um deles tem histórico de viagem ao exterior e outros tiveram contato com pessoas infectadas. Para os demais, não há como identificar como aconteceu o contágio, já que eles não saíram de Araras e nem tiveram contato com pacientes que apresentavam sintomas da doença.

Segundo a Vigilância Epidemiológica, os casos positivos envolvem moradores das regiões leste, norte, central e sudeste. Apenas dois dos pacientes que testaram positivo têm mais de 60 anos.

A equipe monitora todos os casos notificados como suspeitos de Covid-19, de acordo com o protocolo nacional estabelecido pelo Ministério da Saúde, e também pacientes atendidos nas tendas sentinelas que estão em isolamento domiciliar por apresentarem sintomas semelhantes aos da doença – principalmente problemas respiratórios e febre.

Jornal Cidade RC
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