VÍDEO: avião da Esquadrilha da Fumaça cai na região e tripulantes se salvam

Dois tripulantes de um A-29 Super Tucano conseguiram se salvar na tarde de hoje (27), após a aeronave apresentar problemas minutos depois da decolagem e cair.

O acidente aconteceu na cidade de Pirassununga, em uma área de mata, dentro da Academia da Força Aérea (AFA). Ao perceberem que a aeronave iria cair, os dois tripulantes conseguiram se ejetar. Eles foram resgatados por uma equipe da AFA que chegou até o local em um helicóptero. Moradores das proximidades registraram um vídeo onde mostram os momentos logo após a queda.

CONFIRA O COMUNICADO OFICIAL SOBRE O ACIDENTE

Quinta-feira é dia de oficina de percussão no Casarão da Cultura

O Casarão da Cultura de Rio Claro recebe nesta quinta-feira (27), gratuitamente, uma oficina de percussão para a comunidade. A atividade cultural faz parte da Programação da Semana Ogum e suas Origens Culturais, que será realizada no Casarão da Cultura a partir das 19h, na Avenida 3 com Rua 7, no Centro.

A oficina será conduzida pelo professor Jeferson Fontana, que possui formação em Licenciatura – Música pela Universidade Metodista de Piracicaba-Unimep. Estudou percussão Sinfônica no Conservatório de Tatuí, participando de vários encontros internacionais, como: Encontro Internacional de Percussão-USP 2008 /Encontro internacional de Bandas-Chile 2009/ Encontro internacional de Bandas – Córdoba Argentina 2010/Encontro internacional de Percussão no Conservatório de Tatuí 2011/ Encontro internacional de Bandas em Pozo del Molle Argentina 2011/ Encontro internacional de Percussão no Conservatório de Tatuí 2014.

O professor Jeferson também foi integrante no Grupo de Percussão Jovem do Conservatório de Tatuí, sob regência do Professor, Agnaldo Silva, entre 2011 a 2014, em 2020, transcreveu a apostila do curso de Pandeiro do mestre Percussionista Marcos Suzano. Atualmente é professor da Orquestra Sinfônica de Rio Claro e do Projeto Bilíngue do Colégio Claretiano (Aulas de música em inglês).

Raia ‘gigante’ de 6 m encalha em praia de SP e dá trabalho para ser salva

Folhapress

Uma raia manta de aproximadamente 6 metros, medidos de uma nadadeira à outra, ficou encalhada na terça-feira (26) na comunidade do Viareggio, em Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo. O IPeC (Instituto de Pesquisas Cananéia) foi acionado pela população logo no início da tarde desta quarta (27) para fazer o resgate do animal.

Segundo o instituto, esse pode ter sido o maior indivíduo já resgatado até hoje na região.

Ao lado dos moradores, o IPeC realizou os procedimentos de resgate para a reintrodução do animal no mar. Eles utilizaram técnica de desencalhes de baleias, na qual as nadadeiras são envoltas por corda para que o animal seja puxado para dentro da água novamente.

O procedimento foi realizado com sucesso e a raia retornou ao mar. O IPeC alerta para que as equipes e a população fiquem de olho às praias para observar se a raia volta a encalhar novamente no local.

Apesar de serem animais mais oceânicos, o encalhamento das raias não é algo incomum na região. O animal pode chegar a ter 8 metros e pesar duas toneladas.

Ainda, segundo o IPeC, casos semelhantes já foram registrados nos últimos anos na costa.

Daae faz melhorias em rede de abastecimento na estrada Rio Claro-Ajapi

Em mais uma ação de melhoria no abastecimento da cidade, o Daae (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) de Rio Claro, fez, durante a manhã de quarta-feira (27), restauração de parte da rede de abastecimento de água de 75 milímetros, em trecho próximo da estrada vicinal Nicolau Marotti, que liga Rio Claro ao distrito de Ajapi.

Segundo a equipe técnica do Daae, a rede também abastece parte do distrito de Ferraz e a benfeitoria vai melhorar consideravelmente o fluxo e a vazão no fornecimento de água no distrito de Ajapi.

“Este é mais um serviço importante executado pelo Daae que faz parte das iniciativas do governo municipal de levar água de qualidade em quantidade adequada para toda a população”, afirma o superintendente do Daae, Osmar Junior.

Ainda de acordo com a equipe técnica da autarquia, não foi necessário interromper o abastecimento de água na região para realizar o serviço.

Furtos de veículos em Rio Claro chamam a atenção e acendem alerta

Não é tão incomum que sejam registrados furtos de veículos, não só em Rio Claro mas também em outras cidades, porém duas situações registradas nas últimas 24 horas em nosso município trazem suas peculiaridades e acendem um alerta para que a população tenha cuidados redobrados.

Na noite desta terça-feira (26), Washington teve seu carro, que havia sido comprado há cerca de uma semana, furtado da porta de sua casa na Avenida 20, no Centro.

A vítima, que procurou o JC para relatar a situação, contou que como não tem garagem, precisa estacionar o veículo na rua. Na noite de ontem, ao chegar em casa por volta das 22h o rapaz tirou a bateria do carro e travou o volante, mas isso não foi o suficiente para evitar a ação criminosa.

Na manhã de hoje, ao sair para trabalhar, Washington constatou o furto de seu Gol 84 branco com placas BZD5I54.

O rapaz conseguiu acesso à imagens de segurança de alguns estabelecimentos comerciais que ficam na Avenida Visconde do Rio Claro e identificou seu carro passando por volta de meia-noite no sentido Lago Azul. O carro estava carregado com uma máquina de lavar, que não estava no veículo antes do furto.

Washington registrou Boletim de Ocorrência e agora espera que o veículo seja recuperado.

Outra situação foi a que envolveu o marido de Jackeline, que através das redes sociais, relatou o furto do carro de seu marido em plena luz do dia.

O crime aconteceu na tarde desta quarta-feira, por volta das 15h, quando a vítima estava trabalhando e teve o seu Uno verde de duas portas furtado na Rua 7, entre as Avenidas 22 e 24, no bairro Santana.

Imagens de câmeras de segurança, que já foram encaminhadas para as autoridades, flagraram o ladrão praticando o furto do carro de placa CHZ-6890.

Jackeline também registrou o caso no plantão policial e espera recuperar o veículo.

Nova subvariante do coronavírus é identificada em São Paulo

Folhapress

A identificação de uma nova subvariante do Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid, foi confirmada nesta quarta-feira (27) na cidade de São Paulo. Segundo a rede de laboratórios Dasa, a descoberta é proveniente da amostra uma criança que tem três anos de idade. O material foi coletado em 16 de fevereiro de 2022 para um exame do tipo RT-PCR.

Segundo o laboratório, essa recombinação do coronavírus ainda não havia sido identificada em nenhum lugar do mundo e não está catalogada na Gisaid, plataforma que consolida dados genômicos do vírus de mais de 70 países.

Mesmo que tenha ocorrido essa descoberta, isso não indica, porém, que a sublinhagem já seja categorizada como uma nova subvariante. “Para que seja reconhecida como uma nova linhagem recombinante é necessário que pelo menos cinco amostras de diferentes indivíduos contenham este recombinante”, afirmou o laboratório em nota oficial.

Além desse sequenciamento, a Dasa confirmou outros dois novos casos da subvariante ômicron XE no Brasil, identificados em duas pessoas que realizaram testes em laboratórios da rede.

O primeiro caso dessa subvariante foi registrado no Brasil em 7 de abril. Ela é um híbrido das cepas BA.1 e BA.2. Antes disso, ela havia sido identificada inicialmente em janeiro no Reino Unido.

Segundo um levantamento feito recentemente pelo ITPS (Instituto Todos Pela Saúde), a subvariante BA.2 da ômicron é majoritária entre os casos de Covid no Brasil, representando quase 70% das amostras analisadas em diagnósticos feitos entre os dias 3 e 9 de abril.

Prefeitura de Rio Claro faz plantio na Estrada dos Costas

A Secretaria Municipal de Agricultura realizou na sexta-feira (22) o plantio de mudas de árvores nativas no espaço verde localizado entre a Avenida dos Costas e a Rua 11 JP, no Jardim Palmeiras.

A ação foi realizada em comemoração ao Dia da Terra, que é celebrado anualmente em 22 de abril e foi criado para conscientizar a população mundial sobre a importância de proteger o planeta.

“Plantio de mudas nativas e outras ações servem de alerta para o uso consciente dos recursos naturais, como forma de reflexão sobre a urgência de preservar o planeta Terra para as futuras gerações”, observa o secretário Valmir Pinton, ressaltando a importância das árvores para tornar o ambiente mais harmonioso.

Vacinação contra Covid nesta quinta-feira será das 8 às 19h

Em Rio Claro, a vacinação contra a Covid nesta quinta-feira (28) será das 8 às 19 horas no salão da igreja Boa Morte (Rua 10, entre avenidas 7 e 9), onde também será realizada a vacinação na sexta-feira (29). A partir de segunda-feira (2), Rio Claro terá alteração nos locais de atendimento para vacinação Covid, que volta a ser nas unidades básicas de saúde do Wenzel, Vila Cristina, Cervezão e Avenida 29.

“Com o atendimento em postos descentralizados a comunidade passa a ter mais opções e pode procurar a UBS que for mais próxima de sua casa para tomar a vacina”, observa Giulia Puttomatti, presidente da Fundação Municipal de Saúde. As equipes das unidades básicas já realizaram a vacinação em outros momentos da campanha e estão treinadas para atuação qualificada nas quatro unidades.

Na campanha de vacinação Covid estão sendo aplicadas primeiras, segundas doses e doses de reforço (terceira e quarta doses). As primeiras doses são para quem tem cinco anos ou mais. Para a segunda dose, é necessário observar a data de retorno, marcada a lápis no cartão de vacinação. Já a terceira dose é aplicada nos maiores de 18 anos quatro meses após a segunda dose. A quarta dose é para pessoas com 60 anos ou mais que tomaram a terceira dose há no mínimo quatro meses.

Banco Central adia nova etapa de saques de dinheiro esquecido

Folhapress

Devido à greve dos servidores, o Banco Central anunciou nesta quarta-feira (27) o adiamento do início da segunda etapa de saques do dinheiro esquecido em bancos e outras instituições financeiras. O retorno do SVR (Sistema de Valores a Receber) estava previsto para a próxima segunda-feira, dia 2 de maio.

Mesmo quem não tinha dinheiro esquecido na primeira etapa do SVR poderá ter valores a receber. A previsão é liberar mais R$ 4 bilhões aos brasileiros. Haverá devolução de tarifas e parcelas de crédito cobradas indevidamente, não previstas em Termos de Compromisso assinados pelo banco com o BC, contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas com saldo disponível, dentre outras situações.

“A nova data será comunicada com a devida antecedência”, disse o BC em nota.

Segundo a autoridade monetária, a mobilização dos servidores prejudicou o cronograma de desenvolvimento das melhorias da ferramenta. A greve, que durou de 1º a 19 de abril, foi suspensa por duas semanas. Caso as negociações com o governo por reajuste salarial e reestruturação de carreira não avancem, os funcionários prometem retomar a paralisação no dia 3 de maio.

A primeira fase de resgate do dinheiro esquecido teve início no dia 7 de março e foi encerrada em 16 de abril, na última repescagem. Os valores eram provenientes de contas-correntes ou poupanças encerradas com saldo disponível ou recursos de consórcios esquecidos, por exemplo.

Na etapa inicial, foram disponibilizados aproximadamente R$ 3,3 bilhões para pessoas físicas, beneficiando 27,3 milhões de CPFs. Entre pessoas jurídicas, eram 2 milhões de CNPJs beneficiados, somando ao todo cerca de R$ 4 bilhões liberados.

Até o dia 5 de abril, foram distribuídos mais de R$ 295 milhões a 3,3 milhões de pessoas físicas e 15,8 mil empresas. Enquanto a maioria dos brasileiros encontrou centavos na hora do resgate, um cliente sacou R$ 1,625 milhão, outro descobriu R$ 1,155 milhão de saldo remanescente.

Na segunda fase, está prevista a liberação de mais R$ 4 bilhões aos brasileiros. Mesmo quem já fez a consulta na primeira etapa não encontrou valores ainda pode ter algo a receber. Além disso, não haverá necessidade de agendamento prévio.

A partir da segunda etapa, serão disponibilizadas novas fontes de recursos:

  • Tarifas cobradas indevidamente, não previstas em Termos de Compromisso assinados pelo banco com o BC
  • Parcelas ou obrigações relativas a operações de crédito cobradas indevidamente, não previstas em Termos de Compromisso assinados pelo banco com o BC
  • Contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas com saldo disponível
  • Contas de registro mantidas por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e por sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários para registro de operações de clientes encerradas com saldo disponível
  • Entidades em liquidação extrajudicial
  • Recursos não recolhidos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito)
  • Recursos não recolhidos do FGCoop (Fundo Garantidor de Crédito do Cooperativismo de Crédito)

Rio Claro tenta recurso após TJ-SP julgar cargos do Daae inconstitucionais

A Prefeitura de Rio Claro, em conjunto com o Departamento Autônomo de Água e Esgoto (Daae), está recorrendo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) contra a decisão que julgou ilegais os cargos em provimento de comissão e funções de confiança na autarquia. O município foi notificado do acórdão no dia 13 de abril e o recurso fora apresentado no último dia 18 de abril. Os cargos foram criados através de uma Reforma Administrativa executada especificamente no Daae, pelo prefeito Gustavo Perissinotto (PSD), no começo do ano passado.

A decisão ocorre após uma ação direta de inconstitucionalidade ter sido protocolada pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e foi julgada procedente pelos desembargadores. O procurador defendeu a declaração de inconstitucionalidade dos cargos de assessor, chefe de divisão e chefe de seção da Lei Complementar nº 148, de 06 de maio de 2021. Segundo a autoridade, os cargos contêm atribuições burocráticas e técnicas, e estariam em desconformidade com as especificidades intrínsecas aos cargos em comissão. Também foi apontada a ausência de discriminação de atribuições dos cargos.

Ainda, a PGJ apontou que tais atividades devem ser desempenhadas por profissionais investidos em cargos públicos, mediante aprovação em concurso, dadas as especificidades técnicas da função a ser desempenhada. Conforme a lei que regulamentou os cargos citados, são oito cargos comissionados de “assessor” com salários de R$ 3.345,34, que são de livre nomeação. Já as funções de confiança são: 14 postos para “chefe de divisão”, com gratificação de R$ 3,4 mil, e 30 funções de “chefe de seção”, com acréscimo de R$ 1.672,68 nos rendimentos. Essas funções são destinadas exclusivamente aos servidores concursados.

O município, no embargo de declaração com efeito modificativo, recorre defendendo que a decisão não tem qualquer fundamento que indicasse a inadequação específica das atribuições previstas na lei e que a legislação atribuiu, especificamente ao cargo de “assessor”, atribuições de vínculo de confiança em relação à superintendência da autarquia, diante da subordinação direta com o superintendente, como o próprio acórdão do processo indica.

Já em relação às funções, a Prefeitura defende que as mesmas já são reservadas exclusivamente a servidores efetivos (concursados). “Resulta disso clara omissão, pois nenhuma fundamentação foi prevista no acórdão embargado que viesse demonstrar a inadequação daquela previsão legislativa”, afirma solicitando a modificação da decisão. Em nota à reportagem, o Daae esclarece que fez as adequações anteriormente, seguindo as determinações estabelecidas no início desta ação judicial, ajustando seu quadro de servidores para a necessidade e realidade da autarquia. “Em conjunto com a Prefeitura de Rio Claro, responsável pela criação da lei, está tomando as providências para recorrer dentro da legalidade”, finaliza.

Cargos

Cargos comissionados de assessor são de livre nomeação, já as funções de confiança de chefes de divisão e seção são aos concursados.

Cresce uso de opioides no Brasil e prescrição inadequada leva pacientes a vício

Folhapress

A prescrição inadequada de analgésicos opioides para o controle da dor e o aumento de pacientes dependentes desses narcóticos têm preocupado os médicos e gerado um temor de que o Brasil possa a enfrentar uma “epidemia” de abuso dessas substâncias como as registradas nos Estados Unidos nos últimos anos.

Alguns estudos já vêm apontando esse risco. Em 2019, uma pesquisa sobre drogas da Fiocruz mostrou que 4,4 milhões de brasileiros já fizeram uso ilegal (sem prescrição médica) de algum opiáceo -ou 2,9% da população. O número é três vezes superior ao uso de crack, experimentado por 0,9% da população ao longo da vida.

Um outro estudo de 2018, publicado no American Journal of Public Health, acendeu o alerta para o aumento do uso legal desses medicamentos. Em seis anos, a venda prescrita de analgésicos à base de ópio cresceu 465%, segundo dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A codeína, considerada um opioide leve e geralmente indicado para dores moderadas, responde por mais de 90% das prescrições.

Na avaliação de médicos, o consumo desses fármacos aumentou na pandemia de Covid-19, mas os números brasileiros ainda não estão fechados. Nos EUA, as mortes por overdose, a maioria por opioides, ultrapassaram a marca das 100 mil entre abril de 2020 e abril de 2021, um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período anterior.

A pedido da Folha, a Anvisa compilou dados do uso de opioides até junho de 2021. No total, em 2020 foram comercializadas 21.785.015 embalagens de analgésicos narcóticos. Nos seis primeiros meses de 2021, foram 14.469.642.

Assim, a grosso modo, se a quantidade usada no segundo semestre refletir o primeiro, o ano terá fechado com uma alta de cerca de 33% em relação a 2020.

Para alguns tipos de analgésicos narcóticos, o aumento já é claro. No caso do fosfato de codeína (associado a substâncias como o paracetamol), houve uma alta de 52% (de 824.020 embalagens para 1.255.298).

O uso da metadona e da oxicodona, por exemplo, apenas no primeiro semestre de 2021 já foi 29% maior do que em todo o ano de 2020 -699.520 caixas contra 543.081. A venda no Brasil da oxicodona é controlada da mesma forma que os antibióticos (tarja vermelha). Já a metadona tem tarja preta.

Médicos especialistas no tratamento de dor e que atuam mas emergências dos hospitais relatam aumento de pacientes que os procuram já dependentes de analgésicos opioides, como a codeína, solicitando novas receitas.

“Muitas pessoas estão recebendo opioide de forma irresponsável por falta de diagnóstico e tratamento correto”, diz a anestesiologista Silvia Tahamtani, especialista em dor e em cuidados paliativos do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

Na clínica privada onde atende doentes não oncológicos, ela conta que, de cada dez pacientes com sintomas de dependência de opioides, oito não tinham indicação para ter iniciado o uso da medicação. Se não conseguem a renovação da receita, começam a trocar de médicos.

“A gente chama de ‘doctor shopping’. Ele vai num médico, vai no outro e em cada um fala que perdeu a receita, que o cachorro comeu, que a chuva molhou e ele precisa de nova receita”, relata a médica Angela Sousa, também anestesiologista e especialista em dor do Icesp.

Em geral, a prescrição é considerada inadequada quando a dor pode ser controlada por outros remédios e terapias ou porque o paciente já tinha alguma predisposição à dependência. No Brasil, 4 em cada 10 pessoas sofrem de alguma dor crônica -que persiste por mais de três meses.

Um exemplo corriqueiro, segundo ela, é o tratamento da dor lombar, uma das mais frequentes na população brasileira.

“Às vezes, é uma dor muscular, porque a pessoa trabalha sentada muito tempo, porque faz esforço excessivo ou porque está obesa. Deveria estar fazendo exercícios físicos, alongamento, mas quer remédio para ficar sem dor.”

A enxaqueca ou a cefaleia, muitas vezes causada por tensão, e a fibromialgia são outras situações em que os analgésicos opioides têm sido receitados frequentemente.

“Esses pacientes deveriam estar fazendo reabilitação, exercícios físicos, infiltração do ponto-gatilho [pequenos nódulos localizados na fibra muscular], cuidando da saúde mental, ou fazendo uso de outros medicamentos, mas não os opioides”, reforça Sousa.

Alguns hospitais brasileiros também detectaram o abuso na indicação dessas substâncias nos prontos-socorros e estão criando programas para evitar desvios e educar profissionais da saúde sobre a prescrição de opioides, além da adoção de protocolos para identificar pacientes com risco de dependência.

A UnitedHealth Group Brasil, por exemplo, lançou em novembro do ano passado um protocolo para tratamento da cefaleia. Entre outros objetivos, o programa visa reduzir a prescrição de opioides nas emergências nos hospitais da rede, que hoje varia entre 5% e 30%.

“Vemos com frequência os opioides sendo prescritos de forma equivocada para pacientes com essa condição”, afirmou o neurologista Marcelo Calderaro no podcast “Conversa de Médico”, do site ao Medscape, especializado em educação e informações médicas.

Segundo ele, existe uma confusão sobre o tratamento da dor aguda associada a doenças como a litíase renal [cólica renal], em que o uso de opioides é indicado, e da dor associada a uma doença crônica, como a enxaqueca.

A psiquiatra Lisia von Diemen, professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), afirma que nos últimos três anos houve um aumento de pedidos de consultoria por suspeita de abuso de opioides em hospitais. Em 2016, a média era de um a cada três meses, enquanto a partir de 2018 passou para um caso por semana.

A situação também tem levado médicos a solicitar pareceres nos conselhos regionais de medicina sobre o que fazer em situações em que pacientes procuram pronto-atendimento rotineiramente solicitando analgésicos narcóticos.

“Qual o limiar para configurar-se conivência médica a prescrição da medicação solicitada, quando o mesmo alega ser única que efetivamente melhora sua dor, mas que notoriamente caracteriza a dependência ou abuso por parte dos pacientes frente a tal substância?”, questionou um médico ao Conselho de Medicina do Mato Grosso do Sul.

O conselheiro respondeu que “caso seja explícita clinicamente a dependência ou abuso por parte do paciente, o médico, ao administrar o analgésico opioide, automaticamente está sendo conivente, quando não houver indicação clínica para seu uso”.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o tratamento da dor deve respeitar um escalonamento (degraus da escada analgésica), que inclui analgésicos, anti-inflamatórios, fármacos adjuvantes e opioides (fracos e fortes).

De acordo com Sousa, é comum a estratégia de pacientes que vão até o pronto-socorro e exageram na intensidade da dor para conseguir opioides mais fortes. “Ele diz que está com dor insuportável. Nem sempre é fácil para o médico do PS avaliar o perfil desse paciente. Às vezes, a gente leva dois, três dias para entender que é um caso difícil, separar o que é dor e o que é vício.”

Ela conta, por exemplo, o caso de um paciente que já tinha operado oito vezes a coluna e se tornou dependente de opioide, quando, na verdade, nem tinha indicação para ter iniciado na medicação. “Era uma pessoa com transtorno de personalidade. Precisa estar sob cuidados de um psiquiatra.”

Segundo Tahamtani, os pacientes internados também correm o risco de dependência dos analgésicos opioides, mas, nesse caso, eles são o melhor tratamento para a controlar as dores do câncer.

A diferença, explica, é que nessas situações o vício pode ser contornável por meio de protocolos clínicos e outras ferramentas. “O vício é uma doença que precisa ser tratada de forma multidisciplinar, com ajuda, por exemplo, do psiquiatra.”

Durante a pandemia, a médica observou que os pacientes oncológicos recorreram mais aos opioides devido à piora da saúde mental. “Teve o isolamento, o estresse, o medo da morte por Covid. O medo é um fator de descontrole, desencadeia mais dor e mais consumo”, diz ela.

Após passar por uma cirurgia para extirpar um câncer no reto no início de 2021, o garçom Marcelo, 49, de São Paulo, iniciou o uso da metadona, praticamente idêntica nas suas propriedades à morfina, agindo nos mesmos receptores e com os mesmos efeitos.

Nos sete meses em que ficou internado e usando a medicação na veia, o seu organismo desenvolveu tolerância ao opiáceo. Ele conta que passou a precisar de dosagens mais frequentes para sentir o mesmo alívio. Antes do câncer, Marcelo foi dependente de cocaína e crack durante 20 anos.

O garçom diz que chegou a brigar no hospital por mais metadona. “Quando chegava a hora de tomar o remédio, eu ia lá no posto de enfermagem pressionar. Teve um tempo que tomava de seis e em seis horas. Depois, era de quatro em quatro horas.”

Assim que sentia o medicamento entrando na veio, ele conta que sentia “uma brisa boa”, o que pode ser descrito como relaxamento muscular, sensação de bem-estar que mistura torpor e euforia. Já a falta da substância produz sintomas da abstinência: taquicardia, hipertensão, sudorese, diarreia, arrepios, dores musculares e insônia.

Depois da alta, Marcelo começou a utilizar a metadona oral e, com a ajuda da equipe de dor do hospital, conseguiu ir estendendo os intervalos entre as doses. Atualmente, usa a medicação uma vez por dia. “Mas não consigo ficar um dia sem ela. Já tentei, mas fico muito nervoso, não consigo dormir.”

Entenda o que são os opioides e os riscos Medicamentos derivados da papoula -planta que também é a base para a produção do ópio. Eles estimulam receptores no cérebro e geram um poderoso alívio da dor.

Além disso, reduzem a ansiedade e a depressão que costumam acompanhar episódios de dor intensa. Produzem também uma sensação de euforia, são altamente viciantes e podem levar a mortes por overdoses, além de outros danos. Por isso, há o perigo de que sejam usados de forma irregular.

Jornal Cidade RC
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