É provável que fase emergencial seja estendida ‘por mais algum tempo’, diz comitê de contingência de SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O comitê de contingência do governo de São Paulo indicou que a fase emergencial provavelmente será estendida.


A fase emergencial, que inclui maior restrição até a serviços essenciais, está prevista para terminar no dia 11. Na próxima sexta-feira (9), deve ser tomada a decisão final sobre o assunto.


No entanto, o coordenador do comitê já adiantou que as restrições atuais tendem a continuar.


“O centro de contingência está discutindo a situação. De fato felizmente conseguimos uma desaceleração, já há esses indicadores de melhora e que devem prosseguir. Estamos discutindo a necessidade da extensão ou não da fase emergencial, isso vai ser feito até sexta-feira. É bem provável que nós continuemos com níveis de restrição que temos hoje por mais algum tempo, mas vamos aguardar os próximos dias”, disse o médico Paulo Menezes, do comitê.
Apesar disso, o governo Doria afirmou que o estado colhe frutos do isolamento social conseguido nas fases emergencial e vermelha. A taxa de ocupação das UTIs, depois de 21 dias, ficou abaixo de 90%: 89,8%.


“Os internados também têm um simbolismo muito grande. Estamos com 12.941. Tínhamos mais de 13.500 pessoas internadas na semana passada, mostrando a redução do número daqueles que internam”, disse o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn.


Segundo o secretário, nesta semana, houve redução de 2,4% no número de casos, internações caíram 5,4%. Ele disse que, comparativamente entre domingo e quarta desta semana e da anterior, houve queda de internações de quase 21%.


O índice de isolamento no estado é de 43%.

VÍDEO: Mococa tem madrugada de assalto a bancos

Uma quadrilha fortemente armada assaltou agências bancárias, atirou em lojas e em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Mococa na madrugada desta quarta-feira (7). Um guarda municipal que estava na UPA sofreu ferimento leve na cabeça com estilhaços de vidro após a unidade de saúde ser atingida por tiros.


Mascarados e atirando para cima e em direção ao comércio local, os criminosos assustaram os moradores da cidade de 68 mil habitantes. O grupo usou explosivos para roubar as agências bancárias. Não há informações sobre os valores levados.

No meio da madrugada, o prefeito Eduardo Barison (PSD) pediu para a população não sair de casa enquanto não houver garantia de segurança nas ruas.


Segundo o prefeito, a quadrilha fugiu por meio de uma estrada vicinal que dá acesso ao sul de Minas Gerais. Os criminosos estariam usando carros importados e circulam em comboio. “A cidade inteira ouviu o tiroteio”, ele disse. Nas redes sociais há vários relatos sobre a ação da quadrilha na cidade.


OUTROS ASSALTOS A BANCOS
Ações semelhantes ocorreram nos últimos meses em Criciúma (SC), Cametá (PA) e em cidades do interior de São Paulo, como Araraquara, Botucatu e Ourinhos.
Em Criciúma, a ação de pelo menos 30 criminosos, dez automóveis e armamento de calibre exclusivo das Forças Armadas, em novembro de 2020, foi considerado o maior roubo do tipo na história do estado.
Os criminosos atacaram o 9º Batalhão da Polícia Militar com tiros nas janelas, bloqueio na saída com um caminhão em chamas e explosão acionada por celular. “Uma ação sem precedentes”, disse o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, comandante do batalhão. A ação durou cerca de duas horas.
Em Cametá, homens fortemente armados cercaram o quartel da Polícia Militar, fizeram reféns, atacaram uma agência bancária da cidade com explosivos, atiraram para cima e provocaram pânico entre os moradores. Um refém morreu vítima dos criminosos.

Coronavac é efetiva contra variante de Manaus, mostra estudo

MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A vacina CoronaVac se mostrou 50% efetiva em prevenir adoecimento por Covid-19 após 14 dias da primeira dose, na análise interina de efetividade em trabalhadores de saúde em Manaus. O estudo, do grupo Vebra Covid-19, é o primeiro que avalia o impacto do imunizante em locais onde a variante P.1, conhecida como variante brasileira ou de Manaus, é predominante.


O estudo envolveu 67.718 trabalhadores de saúde que moram e trabalham em Manaus. “Os resultados são encorajadores”, diz o cientista Julio Croda, que coordenou o estudo. “Eles mostram que a Coronavac segue sendo efetiva para a nova variante do Brasil [batizada primeiramente como variante de Manaus] e poderá ser usada no mundo todo para prevení-la”, afirma o infectologista da Fiocruz. Os dados relativos à efetividade depois de 14 dias da segunda dose ainda estão sendo coletados, e por isso o trabalho seguirá pelas próximas semanas.


Croda afirma que a variante brasileira já está se tornando predominante em muitos países da América Latina. Daí a importância do resultado encontrado agora em Manaus.


O estudo foi realizado na capital do Amazonas justamente porque a nova cepa do coronavírus prevalece na cidade. Ela foi descoberta em 10 de janeiro de 2021, quando o Japão notificou o Brasil de que quatro viajantes com sintomas de Covid-19 que desembarcaram em Tóquio vindos do Amazonas estavam infectados com uma nova variante do Sars-CoV-2, como é também chamado o coronavírus.


NO JAPÃO
As autoridades japonesas informaram que a nova cepa continha 12 mutações, entre elas uma alteração na proteína que permite a entrada do vírus nas células humanas. Ela foi observada também em novas linhagens identificadas no Reino Unido e na África do Sul. Todas são possivelmente mais contagiosas.


NO BRASIL
A nova variante rapidamente se espalhou pelo país. E a ela foi creditada uma maior transmissibilidade da doença, alarmando autoridades de todas as regiões.


Segundo Julio Croda, o grupo vai avaliar agora a efetividade da Coronavac e da Oxford/AstraZeneca em idosos das cidades Manaus, Campo Grande e de todo o estado de SP.


Os estudos de efetividade vacinal, como o feito em Manaus, avaliam o impacto real da vacinação na redução de casos, mortalidade ou hospitalizações por determinada doença. Um exemplo dado por cientistas: o número de registros de meningite meningocócica em menores de 2 anos no Brasil caiu 70% após a vacina meningocócica C ter sido incluída no SUS.


É diferente de eficácia, que é a capacidade da vacina prevenir a enfermidade contra a qual se destina. Quando se afirma que uma vacina tem 95% de eficácia, significa que, de cada cem vacinados, 95 ficam protegidos. Ou seja, cinco ainda podem adoecer. Daí a importância da vacinação em massa. Ela diminui a circulação do vírus e protege os que ainda podem ficar doentes e aqueles que não podem, por qualquer razão, se vacinar.


ASSINATURA
O Vebra Covid-19, que fez o estudo de Manaus, é integrado por pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, como Fiocruz, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Universidade de Brasília (UnB), Barcelona Insitute for Global Health, Yale School of Public Health, Stanford Medicine e University of Florida, e por servidores das secretarias estaduais e municipais de saúde do Amazonas e de São Paulo. Ele tem o apoio da Opas (Organização Panamericana de Saúde).

Universal Orlando terá montanha-russa do Jurassic World em junho

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O parque Islands of Adventure, um dos três do complexo Universal Orlando Resort, na Flórida, vai ganhar uma nova montanha-russa em 10 de junho.


A Jurassic World VelociCoaster é baseada na franquia do parque dos dinossauros e terá 1.430 metros de extensão. O carrinho vai atingir 112 km/h em apenas 2,4 segundos em um dos arranques do brinquedo, que conta ainda com uma queda de 47 metros de altura, a 80 graus –será a mais íngreme da Universal até agora.


Enquanto esperam na fila, os visitantes vão encontrar os personagens Owen Grady, Claire Dearing e Dr. Henry Wu, interpretados por Chris Pratt, Bryce Dallas Howard e BD Wong, que narram a proposta da montanha-russa.

Velociraptors também fazem parte do circuito por onde os visitantes passam antes de embarcar no brinquedo.
O complexo da Universal em Orlando está aberto e diz seguir os protocolos para reduzir o risco de contaminação pela Covid-19, como triagem de visitantes e membros da equipe, distanciamento social, uso obrigatório de máscaras e redução da capacidade dos parques. Porém, uma medida do governo americano ainda impede a entrada no país de turistas vindos diretamente do Brasil.

Indústria vai pedir alívio na conta de energia para baratear produção na pandemia

JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A CNI (Confederação Nacional da Indústria) vai ao governo pedir isenção de tributos federais e encargos setoriais que incidem sobre a conta de luz.


A proposta da entidade é que a isenção dure 90 dias para reduzir os custos de produção na fase mais crítica da pandemia e, no período, o repasse aos estados seria feito pela União.


Pelos cálculos da CNI, o benefício reduziria em cerca de 25% o preço da energia.

Doria unifica programas sociais e cria bolsa com repasses de até R$ 500 em SP

ARTUR RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (7) a criação de um novo programa social denominado Bolsa do Povo, com repasses de até R$ 500 por pessoa.


Em momento que o governo federal também passa a pagar um auxílio, o governador anunciou o novo programa por meio da ampliação e unificação de vários outros programas.


O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo, em entrevista coletiva com medidas sobre o coronavírus.


“Estamos acompanhando o crescimento acelerado da pobreza, da miséria, da vulnerabilidade em São Paulo e no Brasil. Um governo responsável segue dando atenção a saúde e à vida, mas também pelo alimento e proteção social”, disse Doria.


Segundo o vice-governador Rodrigo Garcia, os programas Ação Jovem e Renda Cidadã terão valor aumentado de R$ 80 para R$ 100.


Além disso, serão contratados 20 mil pais e mães de alunos da escola estaduais para colaborar no retorno às aulas. O pagamento será de R$ 500 por quatro horárias diárias.

Senado aprova prorrogação até 31 de julho do prazo para entrega do Imposto de Renda

RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Senado aprovou nesta terça-feira (6) projeto de lei que prorroga até o dia 31 de julho do prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda 2021 -relativo ao ano anterior- por causa da pandemia do novo coronavírus.


No entanto, está mantido o cronograma para a restituição do Imposto de Renda, com o primeiro lote previsto para 31 de maio. O projeto foi aprovado de maneira simbólica pelos senadores.


Como os senadores aprovaram o texto com alteração, em relação à medida aprovada pela Câmara dos Deputados, ele não vai seguir diretamente para a sanção do presidente do Jair Bolsonaro (sem partido). Vai precisar tramitar novamente na outra Casa legislativa.


A princípio, o prazo para entrega do IR de pessoas físicas termina em 30 de abril.
A proposta aprovada pelos senadores, além da prorrogação e de manter o calendário da restituição, o texto aprovado estabelece que o recolhimento da cota única ou das cotas vencidas de Imposto de Renda não poderá sofrer acréscimo de juros ou penalidade até o novo prazo.


A prorrogação do Imposto de Renda já havia acontecido no ano passado, mas por decisão da própria Receita Federal e pelo prazo de 60 dias.


O relator da proposta do Senado, Plínio Valério (PSDB-AM), incluiu em seu texto um mecanismo para impedir que o pagamento parcelado em até seis vezes do imposto não seja quitado apenas em 2022. Essa modificação fez com que a proposta precise voltar para a Câmara dos Deputados.

“Tudo isso foi feito para atender pelo menos um ponto de vista da União. Eles foram taxativos que prorrogar para janeiro e fevereiro retiraria do orçamento de 2021 um valor estimado em R$ 2,6 bilhões, que será transferido para 2022. Ou seja, é um assunto tão complicado e a gente complicaria mais. Procurei fazer o que é bom para a população e que não seja ruim para a União”, afirmou na sessão.


A emenda incluída e aprovada afirma que “excepcionalmente, em relação ao exercício de 2021, ano-calendário 2020, se da declaração de rendimentos apresentada no prazo de que trata o § 6º deste artigo restar saldo do imposto a pagar, o valor poderá ser parcelado em até 6 (seis) quotas iguais, mensais e sucessivas, devendo a última quota ser paga até o último dia útil do exercício”.


O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou que a prorrogação na entrega da declaração do Imposto de Renda vai ter um impacto de R$ 13,2 bilhões no fluxo de arrecadação. Por isso, argumenta, existe a possibilidade que o presidente Bolsonaro vete a medida.


“Ano passado, tínhamos um decreto de calamidade pública em vigor, então a própria Receita prorrogou o prazo das declarações por 60 dias. Nesse ano não temos nenhum decreto em vigor e estamos prorrogando por 90 dias. Vai exigir um esforço financeiro muito grande de parte do governo federal”, afirmou o líder do governo.


“O governo ainda não tem uma posição de sanção em relação a essa matéria em função dos desdobramentos fiscais que estão ainda em avaliação pela equipe econômica do governo”, completou.


A multa para o contribuinte que não fizer a declaração ou entregá-la fora do prazo será de, no mínimo, R$ 165,74. O valor limite para a cobrança da penalidade é de 20% do imposto devido.


Neste ano, contribuintes que receberam parcelas do auxílio emergencial em 2020 e tiveram rendimento tributável superior a R$ 22.847,76 no ano serão obrigados a devolver o valor do benefício.


A regra está prevista na lei que instituiu o auxílio, aprovada pelo Congresso em março do ano passado. Caso dependentes desses contribuintes tenham recebido a assistência, esses valores também precisarão ser devolvidos.
O informe de rendimentos com os valores do auxílio emergencial está disponível no site do Ministério da Cidadania .
As restituições serão feitas em cinco lotes entre 31 de maio e 30 de setembro.


São obrigados a declarar o Imposto de Renda todos aqueles que, em 2020, tiveram renda tributável superior a R$ 28.559,70 ou renda isenta não tributada ou tributada na fonte acima de R$ 40 mil.
Também devem declarar quem tinha, em 31 de dezembro do ano passado, posse de bens ou direitos de valor total superior a R$ 300 mil, entre outros casos.​


A expectativa da Receita é que sejam entregues 32 milhões de declarações neste ano, número similar ao do ano passado. Segundo o fisco, desse total, 60% devem ter direito à restituição. A estimativa é que 21% não tenham imposto a pagar ou restituir, enquanto 19% deverão pagar imposto.​


PRIORIDADE NA RESTITUIÇÃO
Os senadores também aprovaram nesta terça-feira (6) um projeto de lei que concede prioridade na restituição do Imposto de Renda para profissionais da área da saúde ou que tenham perdido seus empregos no ano passado -usado como base para a declaração do IR de 2021.


O projeto de autoria do senador Jaques Wagner (PT-BA) foi aprovado de maneira simbólica. Segue agora para tramitar na Câmara dos Deputados.


O texto prevê que, durante o período de emergência, por causa da pandemia do novo coronavírus, terão prioridade na restituição do Imposto de Renda os profissionais de serviços de saúde, desde que limitado o montante restituído a dez salários mínimos.


Também foram incluídos nesse grupo prioritário profissionais que tenham perdido do seu vínculo empregatício e que se encontrem desempregados na data final da entrega da declaração do Imposto de Renda.
Durante a tramitação, os senadores também incluíram na lista de prioridades profissionais da área de segurança pública, assistência social, educação e também trabalhadores que foram afastados de suas atividades por causa de sequelas da Covid-19.


“Essas pessoas vão ter um recurso antecipado para organizar a vida neste momento crítico da pandemia. É uma forma de compensar o desespero do desemprego. E recompensar aqueles profissionais que se sacrificam para salvar vidas”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator da proposta.


O relator havia acatado inicialmente uma emenda que provocou polêmica, com a liderança do governo alertando que a proposta poderia ser integralmente vetada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).


A emenda previa isenção do Imposto de Renda de qualquer rendimento recebido por profissionais de saúde, relativo à remuneração dos plantões desses trabalhadores, desde que o rendimento não ultrapassasse R$ 6,4 mil.


“Nós, que estamos falando tanto aqui do reconhecimento a eles, que estão na linha de frente dessa pandemia, pedimos, por meio dessa emenda, a isenção dos profissionais de saúde do Imposto de Renda, lembrando que com o teto do Regime Geral da Previdência. Então, realmente é para os pequenos, para aqueles que ganham pouco”, afirmou o senador Weverton (PDT-MA).

Após um acordo, os senadores concordaram em separar para votar essa isenção tributária separada do restante da proposta. O destaque então acabou recusado pelos senadores, por 48 votos a 24.

Fura-fila da vacina: prefeito Gustavo comenta denúncia de vereador Luciano

Em entrevista à rádio Jovem Pan News, o prefeito de Rio Claro, Gustavo Perissinoto (PSD), responde sobre denúncia do vereador Luciano do Bonsucesso (PL) sobre suposto fura-fila na vacinação contra a Covid-19. Na sessão da última segunda-feira, Luciano insinuou que vereadores já teriam sido imunizados.

Reabertura do comércio: prefeito Gustavo explica que não há “imunidade” contra fiscalização

Em entrevista à rádio Jovem Pan News, o prefeito de Rio Claro, Gustavo Perissinotto, analisa a decisão de donos de bares e de restaurantes e de comerciantes que anunciaram a reabertura de seus estabelecimentos nesta quinta-feira (08). Gustavo lembra que mesmo que o prefeito não fiscalize, existem forças estaduais como a Vigilância Sanitária, a Polícia Militar e a Promotoria de Justiça que podem flagrar a desobediência à Fase Emergencial do Plano SP e aplicar as punições previstas.

Marca de 4.000 vítimas riscaria do mapa num único dia Corumbataí (SP), que vive escalada da pandemia

FÁBIO ZANINI E EDUARDO KNAPP – CORUMBATAÍ, SP (FOLHAPRESS) – A marca simbólica de mais de 4.000 mortes diárias pela Covid-19, registradas pela primeira vez nesta terça-feira (6), significaria riscar do mapa, com sobras, uma cidade como Corumbataí (SP), a 203 km de São Paulo.

São 4.064 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Percorrer as cerca de 30 ruas do município ajuda a dimensionar o que representa concretamente a calamidade registrada em apenas 24 horas.

No caso de Corumbataí, no centro-leste do estado, seria equivalente a extinguir quatro mercados, dois restaurantes, duas agências bancárias, duas academias de ginástica, sete igrejas (duas católicas e cinco evangélicas), dois postos de saúde, três escolas, além de uma pizzaria, diversos botequins, duas barbearias, duas padarias, lojas de roupas e duas fábricas de móveis.

Isso apenas na malha urbana, que concentra 65% da população, sem contar os produtores rurais que criam gado de corte e aves, plantam cana de açúcar e abrem suas chácaras para o turismo, base da economia local.
Também não seria mais possível receber dezenas de ciclistas de estrada que fazem da cidade rota obrigatória nos finais de semana.

A praça central, reformada pouco antes da pandemia, jamais veria em uso novamente a fonte e o coreto novos em folha, por ora ociosos para evitar aglomerações. As ruas da cidade têm ficado praticamente vazias nas últimas semanas, como foi possível constatar nesta terça-feira.

“Tem que sair pra rua com a cara e a coragem e pedir a Deus para não ficar doente”, disse Tatiane Aparecida de Lima, 41, funcionária da prefeitura que trabalha na conservação da praça, enquanto descansava sentada no coreto.

São cinco mortes nas contas da prefeitura (3 na contabilidade federal, via SUS). Proporcionalmente, ocorreram 74 óbitos por 100 mil pessoas, menos da metade da média do estado (171/100 mil) e do país (161/100 mil). Num local em que praticamente todo mundo se conhece, todas as mortes deixam marcas dolorosas.

Muitos recitam de cor a relação das vítimas: Kelly, estudante de 21 anos, Laércio, que trabalhava num estabelecimento que monta cestas básicas, João Machado, vigia no mesmo local, Marlene, dona de casa que tinha problemas no coração, e Arildo, pedreiro, “um homem alto e forte” que deixou filho pequenos.

Pior é a marcha acelerada da doença, que ecoa o ritmo do país. Foram duas mortes no ano passado inteiro, e as outras três desde fevereiro.

São 299 casos de Covid na cidade desde o início da pandemia, pela contabilidade da prefeitura, com 7 internados em hospitais de Rio Claro, cidade-pólo, a 30 km. Destes, 3 permanecem em estado grave.

Segundo o prefeito Leandro Martinez (DEM), 50, essa realidade traumática não impede que, nos finais de semana, a população relaxe nos cuidados.

“As pessoas precisam colaborar. É um tal de festa de aniversário, festa de família, churrasco. Todo mundo na cidade tem meu celular, recebo uma ligação de denúncia atrás da outra”, afirma.

Martinez não fez lockdown, mas chegou perto. No feriado de Páscoa, proibiu até mercados e padarias de abrirem, permitindo atendimento apenas por delivery.

No centro da cidade, o restaurante de Wagner Casseb, 59, frequentemente tinha fila de espera aos domingos de moradores da região atraídos pelo seu leitão a pururuca, o que mais se aproximava de uma aglomeração em Corumbataí.

Desde o início da pandemia, o salão do restaurante esvaziou e agora saem cerca de cem marmitex por dia. Embora o faturamento tenha caído 30%, ele apoia as restrições. “Não é hora de liberar, estamos banalizando as mortes”, diz.

A duas quadras de lá, a oficina de Mário Rogério Nunes, 40, especializada em estofamentos de couro para carros, trabalha sem parar.

Admirador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e arrependido por ter votado em João Doria (PSDB) para o governo paulista, acha que usar máscara “não funciona”. “O presidente é bom, o problema são os filhos. O Doria foi um voto desperdiçado, ele só quer medir forças com o Bolsonaro”, afirma.

Para tentar lidar com a curva ascendente dos casos e evitar que o frágil sistema de saúde entre em colapso, a prefeitura precisou improvisar um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no principal posto de saúde da cidade.

Na chamada “sala de estabilização”, onde antes funcionava espaço dedicado à fisioterapia, uma estrutura com oxigênio e respirador foi montada para acomodar pacientes enquanto esperam transferência para algum hospital mais equipado em cidades como Rio Claro, Araras ou Piracicaba.

“No começo, todo mundo se cuidou, depois relaxou”, diz a enfermeira responsável, Luciana Schmidtke.

Ao lado dela, a secretária de Saúde do município, Vanessa Galhardo, diz que acompanha com horror o salto nos números da doença. “É uma Corumbataí por dia que se vai”, diz.

Antes da pandemia, o posto de saúde funcionava até as 19h. Agora, é 24 horas, com a equipe de 50 pessoas, incluindo profissionais de saúde e funcionários administrativos, se desdobrando. A vacinação segue em linha com o ritmo a conta-gotas do país, um pouco mais veloz do que no resto do estado. A cidade está vacinando os habitantes que estão na faixa de 66 e 67 anos.

Com boa qualidade de vida, tendo sida recentemente premiada por suas práticas ambientais e PIB per capita de R$ 61 mil, entre os 5% mais altos do estado, a cidade faz planos para quando a tormenta passar.

Um dos primeiros, diz o prefeito, é recriar um sistema de som na praça para tocar músicas, fazer anúncios de utilidade pública e veicular declarações apaixonadas de namorados, como a cidade já teve no passado.

Só então o slogan de Corumbataí, que está na entrada da cidade e no chão em frente à igreja matriz, voltará a fazer sentido: “A vida vale mais aqui”.

Jornal Cidade RC
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