VÍDEO: História de amor entre casal de idosos com Covid-19 emociona a Santa Casa

Além das grandes lições que a pandemia trouxe à humanidade, os profissionais da linha de frente no combate ao covid-19 da Santa Casa de Rio Claro e do Santa Casa Saúde ainda puderam participar e compartilhar inúmeras histórias de recuperação, força, amor e superação. Dentre elas, a de um casal octogenário que contraiu junto a doença.

Com 64 anos de casados completados em fevereiro deste ano, D. Amélia de 86 anos e Sr. Natal de 84 estavam lado a lado num quarto destinado para o casal dentro do covidário.

Os olhos do marido se voltavam a todo momento para a esposa, que precisava de mais cuidados. Com problemas respiratórios mais graves, ela chegou a usar máscara de oxigênio, mas, diante da nossa equipe, apesar do incômodo do cateter e da orientação médica para não se cansar, ela fazia questão de participar da conversa. “Estamos casados há 64 anos, todo mundo tem problema, sempre tem problema, mas nós vivemos bem”, disse ela.

Naturais de Santa Gertrudes, ambos deram entrada pelo Santa Casa Saúde no dia 10 de agosto. Por insistência de Amélia, eles decidiram procurar ajuda médica quando sem nenhum motivo aparente passaram a ter tosse e dores de cabeça. “Ele não queria vir não, eu que insisti”, dispara.

Com um sorriso no rosto, Sr. Natal concorda. “É verdade, homem não gosta muito de ir ao médico, mas ainda bem que tem a mulher”, declara. O amor entre os dois é visível.

Pais de seis filhos, três ainda vivos, eles não sabem dizer como contraíram a doença. Segundo D. Amélia, eles não saem para nada e desde o início da pandemia recebiam tudo em casa. “Ficávamos só lá, na área, não saímos para nada, não sei como isso foi acontecer”, disse ela.

A história de amor entre D. Amélia e Sr. Natal começou na colônia da Fazenda do Bento, onde ambos moravam. Faltando três meses para completar 18 anos, ele veio até Rio Claro para conversar com um juiz e pedir permissão para se casar. “Ele disse que seu eu tivesse feito alguma coisa errada eu ia ficar preso, mas estava tudo certo e em dois meses nos casamos”, lembra ele.

Ao longo de mais de meio século juntos, viram o mundo passar por muitas mudanças, principalmente no que diz respeito às relações conjugais. “Hoje ninguém fica junto, qualquer coisa as pessoas se largam, não aguentam uma dificuldade, nada. Não pode, tem que cuidar um do outro”, diz ele com os olhos marejados.

E é o que eles fizeram, mesmo estando no grupo de risco e diante de uma doença que até bem pouco tempo era desconhecida da humanidade, eles se mostravam confiantes. “Sei que vamos sair daqui, estamos muito bem cuidados, não vejo a hora de chegar em casa e ficar lá, só batendo papo”, disse ele.

Apesar de todos os cuidados operados pela equipe médica, de todo o carinho da enfermagem e dos melhores protocolos de tratamento aplicados à doença que estavam recebendo ali na Santa Casa, o grande remédio que parecia dar ainda mais esperança a eles certamente é o amor e a gratidão. “Até nisso nós estamos juntos, né?, brincou ele”.

Antes de passar por novos exames, a equipe de enfermagem preparou uma surpresa para o casal e o Sr. Natal entregou a Amélia um vaso de flores. “Se cuida, você já está vermelhinha e corada”, disse ele, agora aos prantos. “Vai dar tudo certo!”, finalizou, calçou os chinelos e voltou para o leito.

No domingo, 16 de agosto, Sr. Natal teve alta e voltou para sua casa, em Santa Gertrudes, e D. Amélia foi liberada nessa sexta-feira.

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