VÍDEO: Du Altimari fala sobre momento político

Antonio Archangelo

Palmínio Altimari Filho (PMDB) posa para foto ao lado das orquídeas que cultiva no jardim de sua residência no Cidade Nova

Com a afirmação de que “foi aqui que cresci, casei, onde minha filha nasceu. Sou do Cidade Nova”, o prefeito Du Altimari recebeu a reportagem do Jornal Cidade essa semana em sua residência na Avenida 1-A para afastar de vez os boatos de que estaria morando em outro município. “Não ligo para mentiras, eu sei a verdade, mas minha família, minha mãe e esposa ficam chateadas com esses boatos” disse o prefeito. Confira a entrevista:

JC – É o momento de se repensar a gestão pública ou de separar o joio do trigo?
Altimari – Vejo que temos que discutir o pacto federativo. Não tem sentido, temos uma arrecadação e a prefeitura ficar só com 15%. A nível administrativo, é essa discussão que se reflete nesta situação, já que o município só fica com os encargos.
A nível político, passa-se até por cima. Uma crise econômica não pode virar uma crise política institucional. A consolidação da Democracia é o que tem que existir, que este regime seja construído dia a dia.

JC – Qual sua opinião sobre o atual modelo de Presidencialismo de Coalização?
Altimari – Temos que ter uma reforma política, não essa que foi aprovada pelo Congresso Nacional. É inadmissível termos 32 partidos políticos. Realmente, muitos são partidos de aluguel só para contribuir com tempo de televisão. Deveríamos ter apenas 5 partidos políticos: esquerda, direita, centro, centro-direita, centro-esquerda. Isso representa os pensamentos do processo político de uma nação. Esse presidencialismo de coalizão faz muito mal.

JC – O senhor está dizendo que sem a coalização, no modelo atual, não se governa?
Altimari – Para você ver, sou parlamentarista. Então, você escolhe o primeiro-ministro via parlamento e terá uma maioria na Câmara e no Senado para governar. Neste atual modelo, muitas vezes o governo é eleito e não tem base parlamentar para dar sustentação ao governo. O ideal é o parlamentarismo.

JC – O senhor assumiu a prefeitura em situação caótica, mas muitos falam que o senhor entregará a prefeitura mais endividada que quando assumiu. É um fato?
Altimari – Não, a situação que vinha era um outro momento. Nestes oito anos você vê as transformações que aconteceram em Rio Claro: Samu, Ame, Upa, Hospital Cervezão, Laboratórios, CAPS-I, CEAD em outro local, cinco raio-X. A administração passada investia 16% ou 17%. Hoje investimos 28%, isso só na Saúde. Na habitação, são mais de 10 mil residências, mais de 40 mil pessoas atendidas. É uma outra conjuntura. Isso sem falar na questão viária. Não podemos comparar uma cidade de hoje com uma de 40 anos atrás. Vamos entregar a cidade dentro da normalidade, estamos passando dificuldade, mas a receita não caiu só aqui, caiu no Estado, na União, que entregou um Orçamento com déficit de R$ 30 bilhões.

JC – Mas o senhor pretende que estes serviços se mantenham, quando entregar a prefeitura, se essa crise não passar a prefeitura terá condições de manter a ampliação destes serviços?
Altimari – É um ano difícil. Houve um crescimento muito grande. Se houver essa tendência de queda, é natural que aconteça uma queda nos serviços da administração pública. Você não faz nada sem dinheiro. Espero, por exemplo, que no ano que vem se normalize até o final do nosso mandato.

JC – Dentro deste cenário de queda de receita, o senhor pensa em diminuir o número de comissionados e secretarias?
Altimari – Queria te fazer uma pergunta: você lembra muito bem que quando nós entramos na prefeitura existia uma Secretaria de Segurança e Transportes. Nós dividimos em Secretaria de Segurança e Secretaria de Mobilidade Urbana. Pode se negar o trabalho que foi feito na área de mobilidade em Rio Claro? Foi dividida, não aumentou o custo e dividimos. O mesmo fizemos com a Secretaria de Agricultura. Essa não é uma questão que gera custo, mas sim que desenvolve a cidade. O inchaço da máquina pública é outra questão. O problema de Rio Claro, sabe o que é? O problema com folha de pagamento, com gente. As creches são importantes? Quando você tem que fazer uma creche para 160 crianças, você tem que contratar 50 pessoas. O nono ano da Educação, vamos estabelecer ou não? Vamos. Sabe quantas pessoas você tem que contratar? Mais 100 pessoas. A lei federal com ampliação da jornada fora da sala de aula tivemos que contratar mais 100 professores. De repente, tivemos os agentes da dengue, que eram temporários, tivemos que contratá-los para o serviço público a pedido do Tribunal de Contas. Você tem que contratar tudo e chegamos a 52% da Receita Corrente Líquida.

JC – O senhor não acha que tem muito comissionado no governo?
Altimari – Não. Sabe quantos comissionados sem concurso temos na prefeitura? 170! E mais 170 que são servidores de carreira. Quantos funcionários tem a prefeitura de Rio Claro? Numa base de 5 mil, é menos de 3% de cargos de servidores que não prestaram concurso público no nosso governo. Isso em valor mensal dá R$ 755 mil. Sabe quem é o único efetivo no meu gabinete? É a Penha, o resto é tudo cargo de confiança. Não precisa de pessoas de confiança para fazer suas políticas públicas? Eu não tenho menor sombra de dúvida…

JC – O número que o Sindicato dos Servidores divulgou é mentiroso?
Altimari – Eu não digo mentiroso, não é real. Você pode até ter cargos, mas não estão ocupados. Na nossa administração, contando tudo, são 170 que não fizeram concurso público.

Redação JC: