#VÍDEO: Comunidade Negra lamenta decisão judicial de corte de figueira

Uma das poucas figueiras históricas que ainda existem em Rio Claro está com os dias contados após uma decisão judicial que determina a sua derrubada. Tudo começou quando uma moradora entrou na Justiça alegando que a árvore causava rachaduras em seu imóvel e que causava riscos ao patrimônio e a família. O parecer final é alvo de lamentação por parte da comunidade negra.

“Estamos buscando respostas, um posicionamento oficial e acreditamos que temos este direito. Não nos foi mostrado nenhum laudo oficial que a árvore está condenada ou algo de tipo. A única coisa que sabemos é que há um tempo foi feito o corte da raiz para que não atingisse mais a casa da moradora e esse procedimento foi realizado com sucesso. A escola, as outras residências, a rua não tem problemas, não existem reclamações. Os alunos inclusive fazem um trabalho de preservação. Vemos este fato como algo pessoal e político da forma com que estão fazendo e isso é muito triste”, conta Janice Rezende, presidente do Conselho da Comunidade Negra (Conerc).

“Para nós esta árvore é sagrada e representa a memória do povo negro. A nossa história transcorreu embaixo da figueira que já foi nosso espaço de lazer dentro do município porque antigamente nós não podíamos frequentar todos os lugares. Essa decisão judicial é como se estivessem limpando e apagando a nossa contribuição para o desenvolvimento do município”, afirma Diva de Paula do Movimento Negro Unificado.

Janice do Conerc ainda complementa: “Tudo existe uma razão. Além disso existem leis que protegem o meio ambiente. Quando aconteceu o corte da figueira no São Benedito nós lamentamos sim mas acatamos porque vimos que existia riscos, a árvore estava doente e nos foi mostrada a documentação. Houve um respeito, uma conversa, coisa que desta vez não aconteceu agora. Não queremos brigar, queremos entender”.

Outro lado

A reportagem do JC fez contato com o advogado que representa a família que entrou com a ação. Por telefone o profissional Dr. Luiz Bovo Junior deu a seguinte declaração: “Há nos autos prova documental de autoria da própria Prefeitura Municipal de Rio Claro evidenciando nexo de causalidade entre os danos do imóvel e a presença da árvore no pátio da municipalidade”.

Vlada Santis: