Vereador articula repúdio ao “sequestro” de água

Antonio Archangelo

O presidente do Conselho Fiscal do Consórcio PCJ e vereador pelo município de Rio Claro, José Júlio Lopes de Abreu

Com os holofotes da imprensa paulista sobre o esgotamento do Sistema Cantareira, o presidente do Conselho Fiscal do Consórcio PCJ e vereador de Rio Claro, Julinho Lopes (PP), articula aprovação de moção de repúdio entre todas as cidades incluídas na Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí contra o chamado “sequestro” de água.

De acordo com nota publicada na imprensa da região de Campinas, o progressista encaminhou ofício aos vereadores membros do conselho solicitando a elaboração de Moções de Repúdio aos órgãos gestores pelo volume de água enviado às Bacias PCJ nas Câmaras Municipais da região. De acordo com ele, atualmente, estão sendo destinados para as Bacias PCJ três metros cúbicos por segundo para a região (mil litros), enquanto a Grande São Paulo está recebendo 17,90 m³/s.

No ofício encaminhado, Lopes enfatiza cenário “apocalíptico”, caso seja consumida toda a reserva técnica do Sistema Cantareira. Neste caso, a Grande São Paulo ainda teria como fonte de abastecimento o Sistema integrado dos reservatórios do Alto Tietê (Billings, Guarapiranga, entre outros), que supriria suas necessidades hídricas em até 50%. Ao passo que as Bacias PCJ não possuem outra alternativa, a não ser o Sistema Cantareira. “Nesse sentido, solicitamos a vossas senhorias providenciarem moções de repúdio, em regime de urgência, para que nossa bacia não seja menosprezada”, escreveu Julinho Lopes no ofício divulgado pela assessoria do Consórcio PCJ. O documento foi enviado aos 86 membros do Conselho Fiscal dos 43 municípios associados ao Consórcio PCJ e aos Comdemas – Conselho de Meio Ambiente da região. Por outro lado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou na manhã de sexta (30) que 1,6 milhão de pessoas não são mais abastecidas pelo Sistema Cantareira, desde que o chamado volume morto passou a ser utilizado.

Segundo Alckmin, essas famílias estão recebendo água de sistemas menos atingidos pela seca, como o Guarapiranga e o Alto Tietê. A confirmação aconteceu durante visita a Brodowski. Na última quarta-feira, dia 28, o comitê anticrise que acompanha o esvaziamento do Cantareira recomendou à Sabesp que reavalie a sua operação no sistema, levando em conta um “cenário mais desfavorável” ao realizar planos de extração de água dos reservatórios. Isso porque a quantidade de água que entrou no sistema neste ano foi 28% menor do que o mínimo registrado entre 1930 e 2013, segundo o comunicado. A previsão atual é de retirar, dos quatro principais reservatórios do Cantareira, 22,2 mil litros por segundo em média até novembro.

Nos últimos anos, as Bacias PCJ tiveram a necessidade de envio de até 12 m³/s do Sistema Cantareira durante a estiagem. Estudos do Consórcio PCJ para a renovação da outorga do sistema atenta que até 2018 esses 12 m³/s não serão mais suficientes e a vazão necessária passará a ser de 18 m³/s frente ao desenvolvimento industrial, rural e populacional.

Redação JC: