Grupo de estudos orienta alunos e funcionários sobre como agir diante da presença dos animais e reforça a importância da preservação da fauna local
Na segunda-feira (20), a divulgação de um comunicado pelo Departamento de Biodiversidade da Universidade Estadual Paulista-Unesp de Rio Claro, chamou a atenção para registros de aparecimentos de onças pardas em área verde do campus, no bairro Bela Vista.
Procurada pela reportagem do JC, a pesquisadora do Grupo de Estudos de Animais Selvagens da Unesp, Eduarda Ferreira, explica que nos últimos meses, duas aparições de onças-pardas foram registradas pelas câmeras de monitoramento do grupo. A primeira no mês de julho e a segunda, há duas semanas, sempre no período noturno.
Questionada se nos dois registros trata-se do mesmo animal, Eduarda explica que “não é possível saber, pois a pelagem dessa espécie é totalmente amarronzada, com somente a barriga na cor branca.
Diferente dos outros felídeos, não possuem as rosetas (manchas) que auxiliam na identificação individual. Assim, por conta do espaçamento entre os registros e as regiões, podemos dizer que tratam-se de pelo menos dois indivíduos adultos (um macho e uma fêmea). Ainda segundo a pesquisadora, nos dois casos foram onças pardas, “animal muito comum na região, principalmente próxima de plantações de cana. É um animal bem distribuído entre as Américas no geral, sendo o segundo maior felídeo do nosso continente”.
Pesquisas
Os registros das passagens das onças pardas foram feitos pelas câmeras de monitoramento que são instaladas semanalmente como parte do projeto de pesquisa do grupo, o guia de fauna.
O Grupo de Estudos de Animais Selvagens da Unesp de Rio Claro está fazendo o monitoramento dos mamíferos do campus há mais de 7 meses, e todos os registros que possam causar preocupação na comunidade são repassados à diretoria” explica Eduarda. Conheça o trabalho de pesquisa no Instagram: @geas.unesprc.
Pesquisadora explica ações que podem afastar a onça parda
Embora os dois registros de presença das onças na Unesp tenham acontecido durante a noite, a direção da universidade e o grupo de estudos orientam as pessoas que circulam diariamente pelo local, tanto para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários como também para proteger os animais. Vale destacar que se trata de um animal de hábitos noturnos, que passam o dia dormindo em “tocas”. “Elas usam o dia para descansar, e a noite para sair em busca de alimento” , explica Eduarda.
Como proceder?
De acordo com a pesquisadora, “em caso de encontro com uma onça, recomenda-se fazer contato visual, barulho e levantar os braços para parecer maior. Nunca deve-se correr ou partir para cima. São animais tímidos e sensíveis ao som, essas recomendações são suficientes para afastá-los”, diz. Só não é recomendado “encarar” a onça nos olhos.
Eduarda também esclarece que “não há distinção de ataque para crianças ou animais, a única recomendação é que em áreas que ocorrem animais silvestres, os animais domésticos devem sempre estar acompanhados de seus tutores, guiados por coleira”.
Crime
É importante ressaltar que tanto as onças como outras animais silvestres são protegidos pela legislação. “Quaisquer injúrias aos animais silvestres é crime, previsto pela lei de crimes ambientais”.
Raros
Eduarda ressalta que “os registros de ataques a humanos são muito raros, sendo registrados em locais de criação de gado, pois esses animais acabam sendo presas das onças. Esse tipo de ataque pode ser facilmente evitado com instalação de cercas em currais, o que é feito por ações de pesquisa como as do Programa Amigos da Onça”, finaliza.