Setor cerâmico discute tarifas dos EUA com ex-diretor da OMC em programa exclusivo

Foto: Reprodução / Divulgação / OMC

No Cerâmica 360, Roberto Azevêdo analisa os impactos da política comercial norte-americana sobre o polo cerâmico brasileiro

As tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos já impactam duramente a indústria brasileira de revestimentos cerâmicos, sobretudo, no maior polo cerâmico das Américas, entre Santa Gertrudes, Rio Claro e Cordeirópolis. Segundo Sergio Wuaden, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos (Anfacer), a previsão é de uma retração de até 80% nas exportações para o mercado norte-americano, que no último ano representaram US$ 95 milhões em receita para o setor.

Os produtores já enfrentam desafios no país, com 30% de capacidade ociosa e alta competitividade, que impede ganhos de preço e margem. No primeiro semestre, a produção nacional atingiu 400 milhões de metros quadrados, queda de 0,9% (cerca de 3,63 milhões de m² a menos) em relação ao mesmo período de 2024. De janeiro a junho, o Brasil exportou 11% da produção, em volume, sendo um quinto desse total destinado aos Estados Unidos, país que depende de importações do setor.

O apresentador e diretor de relações institucionais da Aspacer (Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), Luís Fernando Quilici, recebe no Cerâmica 360 desta quinta-feira, dia 14, o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) e presidente global de operações da Ambipar

O diretor de relações institucionais da Aspacer (Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento), Luís Fernando Quilici, tratou deste grave cenário com o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) e presidente global de operações da Ambipar. O assunto foi tratado durante o programa Cerâmica 360 desta semana, que estreia quinta-feira, dia 14, às 19h, no YouTube do JC, em podcasts.

De acordo com Azevêdo, as principais razões para os aumentos das tarifas se dão por conta de um pano de fundo do Governo Trump de que “o déficit comercial americano é muito alto e precisa ser reduzido. Com isso também trazer investimentos e produção industrial para dentro dos EUA, ao invés de comprar de outros mercados, em particular da China, que virou a ‘fábrica’ do mundo no Século 21”, diz.

As tarifas, não apenas ao Brasil, mas todos parceiros comerciais dos Estados Unidos, tem essa lógica para reduzir o déficit comercial, aumentar impostos de importação e ao arrecadar mais, compensar os cortes nos impostos para investimentos e empresas feitos anteriormente. “Se vai funcionar ou não, é outra conversa. O que está por traz deste movimento é isso. Do ponto de vista político, é uma narrativa que é acompanhada e acatada pelo eleitor do Trump. Tudo que ele faz, é para atender a expectativa desse eleitorado”, acrescenta o embaixador.

Para o ex-diretor da OMC, o Brasil é afetado diretamente pelo tarifaço à medida que tem um mercado de grande importância. “O volume de exportações é bastante expressivo. Mas, é curioso notar que o Brasil é um dos poucos no mundo em que os EUA têm um superávit comercial. Para os EUA, temos uma pauta de exportações significativa, como aviões, produto aeroespacial, maquinários, equipamentos, calçados, e tudo isso significa uma fatia importante da indústria brasileira”, acrescenta.

Roberto Azevêdo também comenta que acredita que o Brasil, no plano econômico, precisa “fazer exatamente o que o Ministério da Fazenda está fazendo agora, que é procurar ajudar as empresas e setores afetados com apoio na área fiscal. No ponto político interno, quanto menor for a temperatura na relação com os EUA maior espaço para negociação”, declarou. 

Não perca! A entrevista exclusiva com Roberto Azevêdo vai ao ar nesta quinta-feira (14), às 19h, no programa Cerâmica 360, no YouTube do Jornal Cidade de Rio Claro, em podcasts.

Redação JC: