“Quem perde é quem pagou para assistir”, diz Welson sobre A Casamba

Marcelo Lapola

Welson Carmago, de terno azul, com o troféu na última terça-feira

“A COC (Comissão Organizadora de Carnaval) fala o que quer e a Uesca (União das Escolas de Samba da Cidade Azul) não teve chance de se pronunciar.” Com essa afirmação, o presidente da Samuca e da Uesca, Welson Camargo, iniciou sua entrevista à Rádio Excelsior Jovem Pan na manhã dessa quinta-feira (6) no Jornal da Manhã.

Segundo Welson, há ainda algumas falhas no relacionamento entre COC e Uesca. “Neste ano, foi mais atropelado, algumas reuniões que a COC fez não teve gente da Uesca presente, como ficou acordado. Outro problema que precisa ser resolvido é ter banheiros e uma melhor estrutura na concentração para as escolas de samba”, disse Welson.

Segundo ele, não pode mais um presidente da COC ser escolhido em dezembro. “A discussão tem que começar ainda no mês de março”, defende o presidente da escola campeã do Carnaval 2014.

CHUVA

Sobre as intensas chuvas que caíram no sábado (1º) e a decisão da UVA de não desfilar, Welson comentou o que diz o regulamento do Carnaval de Rio Claro.

“O regulamento prevê que, independente das condições climáticas , o desfile deve ocorrer, a não ser por motivos de força maior. No caso do sábado, naquele momento da chuva forte não havia condições para o desfile mesmo. O presidente da COC, José Renato, nos reuniu e decidimos dar meia hora para esperar a chuva passar e depois mais quinze minutos”, disse Welson.

“Logo em seguida, o Jeferson (UVA) e o Ari (Grasifs) nos procuraram. Nós comunicamos que o desfile poderia acontecer e que contaria pontos na Avenida. Eles disseram que iam desfilar sim”, acrescentou Welson.

A partir daí, muitas informações desencontradas, segundo Welson, foram passadas na Avenida.

Sobre a decisão de dividir os desfiles com duas escolas no sábado e no domingo, Welson disse que havia uma vontade da prefeitura de que as quatro escolas desfilassem no domingo, que depois voltassem a desfilar na terça e que a apuração fosse na quarta-feira. “Mas seria muito difícil manter isso, porque muita gente das escolas viaja, alguns vão para o Rio e outros para outros lugares, e na quarta-feira a comemoração seria mais fria, pois muita gente trabalha nesse dia após o meio-dia”, disse Welson.

INDEPENDÊNCIA

O presidente da Samuca defendeu ainda que o próximo presidente da Uesca não seja presidente de nenhuma das quatro escolas, ou mesmo de diretorias de uma das agremiações.

“Como nesse caso da chuva de sábado em que tivemos que tomar uma decisão. Demos ao todo 45 minutos para as escolas, mas os presidentes das duas decidiram que iam desfilar passados apenas 10 minutos. O Ari (Rios) conseguiu colocar a escola na Avenida e nós, da Samuca, parabenizamos ele pela atitude”, comentou Welson.

Com relação ao nível que a Samuca atingiu, Welson disse que tudo foi fruto de muito trabalho.

“Disse que ia ser o maior e melhor Carnaval da Samuca até hoje. E trabalhamos para isso se tornar realidade. Toda inovação e evolução na qualidade do nosso carnaval, o conjunto em si fez o carnaval da Samuca campeão”, declarou.

Welson também elogiou o trabalho da Escola de Samba Casamba. “O presidente Cidinho (Geniselli) dizia que esse era o maior carnaval da Casamba, e acredito que foi, com uma escola muito bonita, um trabalho muito bem feito. Mas houve algumas falhas que vão corrigir, como espaços abertos entre uma ala e outra ocasionalmente”, disse Welson.

CASAMBA

Sobre a Casamba não ter desfilado na terça, em protesto contra o resultado final do carnaval, Welson ressaltou alguns pontos.

“Houve algumas acusações que fizeram contra a Samuca, como o que falaram sobre a alegoria da Carmem Miranda, disseram que a gente já tinha usado em ano anterior, o que não é verdade. Mas é triste ver o que ocorre. É o segundo ano em que há problemas. Quem perde não é a Samuca, não atinge ninguém de nós, mas atinge a população de Rio Claro, que pagou para ver. Como que um patrocinador vai investir no nosso Carnaval desse jeito?”, comentou.

Segundo ele, a Casamba ainda poderá ser penalizada com a perda da última parcela da subvenção dada pela prefeitura. “Quem perde é quem pagou para assistir”, completou.

Com relação ao bloco Gaviões se tornar escola de samba, Welson citou o regulamento.

“De acordo com o regulamento, bloco que é de torcida organizada não pode se tornar escola de samba. Agora o próximo presidente da Uesca , a COC podem decidir sobre esse assunto com mais calma”, ressaltou.

BATERIA

Também sobre a saída do Mestre Rica da bateria da Samuca, Welson disse que ainda não foi comunicado oficialmente. “Mas foi uma decisão dele mesmo, pelo fator cansaço mesmo. Deixamos claro que não há nada pessoal com a escola. A gente respeita, mas é uma grande perda para a nossa escola. Também temos certeza de que ninguém é insubstituível, assim como o presidente. A escola precisa continuar”, disse.

Segundo ele, ainda não decidiram sobre um sucessor para o Mestre Rica. “Ainda não paramos para pensar nesse assunto. Daqui para frente vamos discutir esse assunto sem pressa, a partir do meio do ano. Sem contar que também teremos eleições na Samuca neste ano”, disse.

Com relação à estrutura na Rua 3-A, Welson disse que para resolver alguns problemas é preciso discutir essas questões com mais antecedência. “Para o nosso Carnaval evoluir, nós temos que começar a organizá-lo com cada vez mais antecedência.”

DESUNIÃO

Em suas últimas considerações, Welson disse que as acusações de que foi alvo nos últimos dias o levaram a acreditar que não existem boas relações entre as escolas.

“Não existe união das escolas de samba. Não existem escolas coirmãs. Ser atacado do modo como fomos atacados nos leva a crer nisso”, comentou Welson ao anunciar sua saída da Uesca.

“Vamos nos dedicar à Samuca prioritariamente a partir de hoje”, disse Welson ao dizer que a escola não deverá ter mais tanto envolvimento com a Uesca.
Esta é uma reprodução da notí­cia publicada na edição impressa do Jornal Cidade

 

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