Mães de crianças de até três anos relatam agressões de professora contra alunas. Prefeitura afastou servidora por 120 dias e iniciou processo investigativo
A Prefeitura de Rio Claro, através da Secretaria Municipal de Educação, determinou na última segunda-feira (15) o afastamento por 120 dias de uma professora acusada de agredir crianças na Escola Municipal “Dr Djalma Camargo Outeiro Pinto”, localizada na Rua 8, no bairro Alto do Santana. A unidade atende crianças de zero a três anos.
Várias famílias registraram boletim de ocorrência e alegam omissão na direção da unidade escolar em comunicar aos pais sobre as agressões. Somente ontem (18) uma reunião foi realizada com as famílias das crianças, segundo informado pelas mães. Juntamente com o afastamento, foi determinada a instauração de uma comissão especial processante para investigar a conduta da professora. De acordo com o processo administrativo, a comissão terá até 90 dias para concluir a investigação interna.
A possível falta funcional contra a professora pode acarretar até mesmo na demissão por justa causa da servidora municipal, já que segundo levantado pelo Jornal Cidade no Portal de Transparência da Prefeitura, a funcionária está em estágio probatório e foi contratada em maio do ano passado através de um concurso público. Ao JC, a Prefeitura comunicou que o afastamento se deu imediatamente ao ter conhecimento dos episódios nos últimos dias.
RELATOS
Pamela Oliveira, mãe de uma menina de apenas dois anos de idade, é uma das que fez boletim de ocorrência ontem (18). Ela relata que foi informada pela direção da creche que no último dia 8 de setembro a professora teria agredido sua filha com um tapa no rosto, presenciado por uma monitora substituta terceirizada, que avisou à direção. A mãe diz que dias antes outras condutas inadequadas foram presenciadas.
“A professora agrediu minha filha no dia 8, como a monitora substituta denunciou. A monitora fixa também tomou coragem e relatou que no dia 1º a professora jogou minha filha no colchão de forma ríspida e chacoalhou outra criança. Ela estava com uma manchinha vermelha no rosto e chorosa, a gente não imaginou que seria uma agressão, achamos que seria brincando. Como a creche avisou só depois, ficou difícil de termos observado melhor”, lamentou.
Luany Barbosa diz que só foi comunicada nessa quarta-feira (18) sobre episódio envolvendo sua filha que em fevereiro tinha 11 meses e estava na fase de adaptação na unidade. Na época, a mãe de outra criança viu a cena dentro da escola.
“Ela viu que minha filha estava chorando a manhã inteira e acabou vomitando. A ‘professora’ pegou minha filha toda vomitada, brigou com ela e colocou em outro canto, vomitada e chorando. A mãe da amiguinha viu e questionou se a professora não faria nada, aí ela se tocou que havia uma mãe ali e pediu para a monitora ir limpar. Essa mãe contou na direção, fizeram a anotação e só me avisaram nesta quarta. Resolveram omitir tudo. Estava tudo anotado na direção. Na época do fato, mesmo sem a gente saber o que tinha acontecido, percebemos que ela estava acordando a noite toda, chorando e não queria entrar na escola, e ela ficou até um tempo sem ir na escola”, relata ao JC.
A terceira mãe que faz o relato à reportagem é Suelen Cristina Silva. Ela diz que sua filha apresentava bastante choro e resistência para chegar na escola em que o irmãozinho também frequentava e citou episódio em abril deste ano. “Eu não achava isso normal. Um dia ela chegou em casa chorando muito e não estava fazendo xixi. Levei no médico e ele passou que ela estava desidratada, que estava sem beber água o dia todo. Até brigou comigo. Eu perguntei para a monitora e ela relatou vários casos de maus-tratos no berçário pela professora e monitora. Fiquei apavorada”, conta a munícipe, que também tinha outro filho na mesma escola.
Após isso, a mãe chegou até mesmo a colocar um celular escondido na mochila da sua filha e conseguiu constatar xingamentos como “falavam ‘cala a boca demônio’, crianças chorando muito e fiquei muito nervosa. Tirei meus filhos de lá imediatamente. Minha filha tinha muito medo da monitora e da professora. A diretora sabia de tudo, pedi imagens da câmera e disse que não poderia dar. Depois ela afastou a monitora e permaneceu a professora”, acrescentou. Um boletim de ocorrência também foi providenciado.
Vale lembrar que o serviço de monitores nas escolas municipais de Rio Claro é executado através de uma empresa terceirizada, MV Serviços, há alguns anos, por contrato com a Secretaria Municipal de Educação.