Grupo atuava em seis estados e aplicava o “golpe da fiança” por telefone, explorando o desespero de familiares
Uma investigação minuciosa deflagrada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, por intermédio do 2º e 3º Distritos Policiais de Rio Claro, culminou na identificação de uma organização criminosa interestadual especializada na prática de estelionatos eletrônicos.
A apuração teve início em 23/04/2025, quando uma vítima compareceu na delegacia relatando que recebeu uma ligação telefônica de um indivíduo que se passou por Juiz de Direito da Comarca de Rio Claro. O suposto magistrado orientou a mulher a estabelecer contato via aplicativo WhatsApp, ocasião em que lhe foi solicitado o pagamento de R$ 1.000,00 para a suposta liberação de fiança em nome de seu filho, que estaria sendo autuado em flagrante naquele momento.
A atuação policial foi marcada por diligências telemáticas complexas e tecnicamente apuradas, que permitiram o rastreamento e a identificação de oito integrantes da organização criminosa, incluindo seu líder. Todos os envolvidos são oriundos do Estado do Ceará e operavam de forma estruturada e articulada, evidenciando alto grau de organização e divisão de tarefas.
Os autores se identificavam indevidamente como autoridades públicas — promotores de justiça, delegados de polícia e juízes de direito — para induzir vítimas ao erro e obter vantagens ilícitas, sob o pretexto de pagamento de fiança criminal. Exploravam, de forma ardilosa, a situação de vulnerabilidade emocional de familiares de pessoas recém-autuadas em flagrante delito.
A investigação revelou ainda que o grupo mantinha uma rede de contas bancárias em nome próprio e de terceiros, utilizadas para pulverizar e dissimular os valores obtidos fraudulentamente, dificultando o rastreamento financeiro e o ressarcimento às vítimas.
A atuação dos policiais civis foi decisiva para o esclarecimento dos fatos, resultando na representação e decretação da prisão preventiva de dois dos principais envolvidos — o líder, conhecido pelo vulgo “Promotor”, e uma operadora direta da fraude. Através de um pedido da Polícia Civil de Rio Claro, ambos foram presos nesta quarta-feira (23) no Ceará em uma ação conjunta com profissionais daquele estado.
Os investigados foram formalmente indiciados por integrar organização criminosa voltada à prática de estelionato qualificado, nos termos do artigo 2º da Lei nº 12.850/13 e do artigo 171, §2º-A, do Código Penal.
O trabalho investigativo desenvolvido pelos policiais civis de Rio Claro merece destaque pela precisão técnica, profundidade analítica e eficácia na desarticulação de uma organização criminosa com atuação interestadual (SP, RJ, GO, BA, TO, RO). Trata-se de uma resposta firme, qualificada e exemplar da Polícia Civil frente à crescente criminalidade digital organizada. No total dois integrantes da quadrilha já estão presos e oito estão indiciados.