Para Olga Salomão, apuração de denúncias contra Dilma e Cunha será positiva

Antonio Archangelo

A aceitação pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT) após anúncio do PT de que irá votar pelo prosseguimento da denúncia de quebra de decoro contra Cunha foi bem recebida por petistas de Rio Claro.

Para o vice-presidente da sigla, Marcos Prado, a “indecisão só gerava mais instabilidade”. “Olha o partido em Rio Claro, não se pronunciou oficialmente, mas minha opinião pessoal é que foi bom o que aconteceu. Foi bom se posicionar contra o Cunha. A presidente Dilma foi bem no seu pronunciamento ao mostrar que ela não é o Cunha, que é limpa”, comentou ao Jornal Cidade.

“Agora, sobre a questão se o processo de impeachment será aceito ou não pela Câmara é um processo político. Se tiver força grande no Congresso vai ser bom. Vamos ver qual é a força política do governo. Vamos ver quem é que está com a gente mesmo”, comentou ao Jornal Cidade. “Não sei nem se o processo passa da Câmara”, concluiu Prado.

Dia 7, deputados definem se denúncia contra Cunha prosseguirá. No mesmo dia, comissão do impeachment é instalada (Foto: Lula Marques/Agência PT)

A vice-prefeita Olga Salomão, uma das líderes do PT na cidade, também convergiu em relação à situação política. “Olha, essa é minha opinião pessoal: achei que foi correta a posição tomada pelo governo, pois é bom para o país que as coisas se definam”, opinou.

Caso a Câmara aceite o impeachment, o que deve acontecer após 15 sessões, o Planalto já conta os votos, no Senado, para enterrar o pedido de impeachment que avança.

Desde que percebeu que teria que enfrentar o impasse, o Governo começou a monitorar o apoio no Senado – já que é nesta Casa que o impeachment será julgado. As previsões apontam que o Governo teria 43 votos, o que seria suficiente para evitar a interrupção do segundo mandato de Dilma Rousseff, que dependeria de 54 votos.

O voto aberto para decidir a prisão do ex-líder no Senado Delcídio do Amaral serviu para medir o apoio governista e fortalecer o corpo a corpo da articulação política, que tem em Renan Calheiros, presidente do Senado, um aliado. No episódio, a prisão do petista foi acolhida por 59 votos a 13 e uma abstenção, sendo a maioria do PT. O PMDB, dos 18 votos possíveis, apenas três votaram ou se abstiveram de acordo com a orientação do governo.

No entanto, antes de julgar o mérito do pedido de impeachment, a oposição terá que chegar a um acordo para fazer o processo avançar. O primeiro obstáculo era o recesso parlamentar de final de ano. A liderança do PSDB na Câmara, que chegou a pedir a suspensão do recesso, teria mudado de opinião e passado a defender que haja recesso.

Segundo o líder do partido na Casa, deputado Carlos Sampaio, a mudança se deu após percepção de que, ao defender o cancelamento do recesso, o governo estaria querendo desmobilizar os movimentos de rua e, assim, diminuir a pressão popular sobre os deputados para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Se for uma estratégia do governo para inviabilizar o impeachment, somos contra”, comentou.

Já o líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima, admitiu que “o impeachment do Collor nasceu na rua e veio para o Congresso Nacional. Agora o pedido nasce no Congresso e tem que ir para a rua. Só vai ter impeachment se houver rua”.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse, após a reunião extraordinária entre a presidente Dilma Rousseff e 12 ministros na quinta-feira (3), que o governo deseja “celeridade” para decisão sobre o pedido de abertura de impeachment na comissão.

A segunda-feira (7), o Dia D, apontará qual será o desfecho. De acordo com o que apurou o JC, ainda existe a possibilidade do próprio governo “salvar” Eduardo Cunha no processo de quebra de decoro no Conselho de Ética. A serventia de Cunha movida a retribuição da desarticulação do pedido de impeachment é, no momento, a única moeda de troca disponível para o peemedebista, que ganhou rejeição tanto entre aliados quando da oposição.

Em visita a Rio Claro na última semana, o presidente nacional do PSD, Guilherme Campos, chegou a dizer que, se Cunha cair, “o rolo compressor” atingirá a Câmara.

Redação JC: