Não é o “Leblon”, mas há Helenas por todo lado

Na versão fictícia mais popular do badalado bairro do Rio de Janeiro, o Leblon, com metro quadrado entre os mais caros do mundo, elas se multiplicam, época após época, desde a década de 1980.

Nos dramalhões do novelista global Manoel Carlos, Helena é sempre o nome da heroína – aliás, no momento, uma das mais famosas, a Helena, vivida por Vera Fischer, está no ar novamente, com a reprise de Laços de Família.

Bem longe da zona sul carioca, Rio Claro vê suas Helenas também se multiplicarem. Foi o nome feminino mais escolhido em 2020, segundo a Arpen/SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo). Foram 52 meninas registradas como Helena na cidade.

A auxiliar de ginecologista, Geovana Santiago Ferreira, de 22 anos, moradora do Parque Universitário, deu à luz Helena Santiago Basso, que é pura simpatia, três meses atrás.

“Eu escolhi com o pai o nome Helena por ser simples, de fácil pronúncia, e pelo seu significado de luz. Já tinha afinidade por conhecer uma Helena muito inteligente e cativante. Foi o que me encantou”, disse.

O significado do nome também foi o que inspirou a almoxarife Andreia Arboleas Ruiz, de 39 anos, moradora do Vila Operária. “Não teria outro nome e não vejo a hora da minha Helena nascer”, afirmou ela, que está grávida de seis meses.

Já o primeiro nome masculino mais escolhido do ano passado em Rio Claro foi Miguel – com 41 registros. As razões para as escolhas vão muito além de modismos, e revelam significados, crenças e gostos muito pessoais dos pais.

O filho de Sara Bianca de Godoy, moradora no Jardim América, vai fazer nove meses nesta segunda-feira (15) e se chama Miguel. A criança faz parte dos 41 meninos que também se chamam Miguel – um dos nomes mais registrados em Rio Claro em 2020.

O Miguel de Sara foi uma homenagem ao arcanjo que, segundo a bíblia, é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo. Portanto, um dos grandes príncipes do céu e ministro de Deus.

“Quando descobri a minha gravidez, contei à minha irmã. Ela foi uma das primeiras a saber. No momento, ela chorou e disse: esse vai ser meu Miguelzinho e nós nem sabíamos ainda o sexo ainda. No fim de tantos nomes que cogitamos colocar, foi Miguel que prevaleceu, por conta de ser forte e líder do exército de Deus”, comentou ela.

Sara Bianca de Godoy durante a gestação

Preferência Nacional
Há 10 anos, Miguel é o nome de menino preferido das famílias brasileiras. Para meninas, o nome mais escolhido em 2018, 2019 e 2020 foi Helena.

Os dados são da plataforma BabyCenter, que inclui dados do próprio site, do aplicativo grátis Minha Gravidez e Meu Bebê Hoje, que acompanham a gravidez e o desenvolvimento do bebê até um ano.

O ranking 2020 foi elaborado a partir do cadastro de 350 mil bebês nascidos em 2020 na plataforma. No Brasil, nascem cerca de três milhões de bebês por ano.

Confira os 10 nomes mais escolhidos para as crianças em Rio Claro em 2020
2020 foi um ano bem atípico pela pandemia do coronavírus. No entanto, também foi marcado por muitas gestações na ‘Cidade Azul’, que trouxeram esperanças às famílias que as receberam.

Se você está à espera de seu bebê, conheça os dez nomes mais escolhidos em Rio Claro no último ano: Helena, Miguel, Heloísa, Heitor, Arthur, Theo, Davi, Alice, Laura e Lorena.

“Fico feliz em ver o nome renascendo”, Helena Maria de Moraes

Dona Helena Maria de Moraes comemorou ao saber que nome foi o mais escolhido ano passado


A dona Helena Maria de Moraes, de 76 anos, disse que o pai escolheu esse nome porque a primeira filha do casal morreu aos cinco anos devido ao sarampo e se chamava Maria Helena.

“Hoje fico muito contente em ver esse nome renascer, pois Helena está em muitas histórias e novelas. Era muito conhecida, na época também, pelo romance de Machado de Assis”, disse ela.

Dividido em 28 capítulos, e publicado em 1876, a obra do autor narra a história de Helena, que, considerada uma filha abastarda, é reconhecida e acolhida pela família de seu pai, quando ele morre.

A reportagem do Jornal Cidade perguntou se ela tinha algo engraçado com o nome de registro para contar. E tinha, viu? “Uma vez no meu trabalho tinha uma Maria Helena Moraes, aí o RH (Recursos Humanos) trocou os pagamentos.

Ou seja, recebi o dela, que veio bem mais e sai gastando pelas lojas. Quando o departamento descobriu o erro, expliquei que tinha achado que era uma comissão atrasada. Aí, devolvi a diferença gasta”, contou ela.

“Nos 45 do segundo tempo”

Miguel Henrique Sperber Ribeirão teve nome escolhido no caminho do cartório

A reportagem do Jornal Cidade também foi atrás de um Miguel um pouco mais velho. Encontramos o empresário Miguel Henrique Sperber Ribeirão, de 33 anos, morador no Jardim Luciana, em Santa Gertrudes. Ele disse que lhe colocaram esse nome porque sempre acharam bonito.

“Era bastante conhecido na época e ver esse nome vindo com tudo me deixa numa felicidade imensa. Fora que é uma ótima escolha”, disse ele.
Miguel também tem uma história engraçada para compartilhar. É que seu nome foi escolhido literalmente nos 45 do segundo tempo, no caminho do cartório.

“Meus pais tinham dúvida entre dois nomes e foi no caminho do cartório que se decidiram, segundo relatos de minha mãe”, afirmou ele.

Carla Hummel: