Quase quatro anos após ter sido afastado do cargo de prefeito, João Teixeira Junior, o Juninho da Padaria, deixa de ser investigado por falta de provas de que teria agido criminalmente. O Ministério Público arquivou o inquérito civil que investigava suposta improbidade administrativa na compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) pela Prefeitura de Rio Claro na pandemia da Covid-19. A investigação, instaurada em 2020, apurava indícios de superfaturamento e fraude no contrato firmado por R$ 4 milhões com a empresa Maurício Silva Sousa ME, do litoral paulista, criada poucos meses antes da contratação.
Depois desses anos de diligências, o promotor de Justiça Gustavo Zampronho concluiu que não há provas suficientes para responsabilizar agentes públicos. O inquérito chegou a mencionar o ex-prefeito João Teixeira Junior, o então chefe de gabinete Sílvio Martins, o ex-secretário de Finanças Gilmar Dietrich e o ex-diretor de Compras Valdemar Naidhig Neto, mas a Promotoria entendeu que nenhum deles teve envolvimento direto ou obteve vantagem pessoal com o contrato.
No caso de João Teixeira Junior, conhecido como Juninho, o promotor destacou que o ex-prefeito exerceu apenas a função de gestor político, sem participação técnica na escolha da empresa ou na execução contratual, que foi conduzida pela estrutura administrativa da época. Sílvio Martins, seu chefe de gabinete, também foi afastado de qualquer responsabilidade, já que, segundo o MP, não houve prova de que ele tenha interferido no processo licitatório ou nos pagamentos.
Gilmar Dietrich, então secretário de Finanças, foi incluído inicialmente por ter assinado as ordens de pagamento, mas o Ministério Público considerou que essa era uma função administrativa e obrigatória, vinculada às solicitações formais de outras pastas. Já Valdemar Naidhig Neto, ex-diretor de Compras que chegou a ser preso, foi o responsável técnico pela tramitação do processo, mas o MP entendeu que eventuais falhas no procedimento não configuraram ato de improbidade, tampouco dolo.
O promotor lembrou que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Piracicaba apresentou denúncia criminal contra sete pessoas físicas, entre empresários e intermediários, por fraude e falsidade ideológica na mesma contratação — mas nenhuma delas é agente público, todas são da empresa que vendeu os equipamentos. Assim, com a responsabilização dos particulares já sendo tratada na esfera penal, o Ministério Público entendeu que manter o inquérito civil aberto seria improdutivo.
O despacho de arquivamento, homologado em 7 de outubro de 2025 e publicado nessa semana, na última quarta-feira (15), encerra oficialmente uma das principais investigações sobre contratações emergenciais da pandemia em Rio Claro, isentando ex-integrantes do governo municipal de qualquer acusação de enriquecimento ilícito ou danos ao erário.
Juninho da Padaria, em 2 de dezembro de 2020, durante a operação que investigava a denúncia, chegou a ser detido por porte ilegal de arma – na época alegou que estava com o revólver após sofrer várias ameaças. Ele foi afastado do cargo pela Justiça, deixando de concluir o mandato. Neto Naidhig também chegou a ser preso, mas posteriormente solto.
Na época, a Câmara Municipal já investigava a compra dos R$ 4 milhões através de uma CPI e uma CP – essa última apresentou relatório pedindo a cassação de Juninho em outubro daquele ano, antes da operação do Gaeco. A votação, no entanto, não ocorreu, já que se alegou perda de prazo na ocasião – o que foi contestado pela CP, mas em vão.