Motorista de ônibus que caiu em ribanceira é indiciado por três crimes

Foi concluído esta semana pela Polícia Civil de Rio Claro o inquérito em torno do acidente ocorrido no dia 18 de julho do ano passado, na Rodovia Washington Luís (Km 184). O caso ganhou repercussão nacional e teve ‘segredos’ descobertos pela investigação que surpreenderam.
Na oportunidade três passageiros morreram (veja lista ao lado), vários ficaram feridos e o motorista fugiu do local.

Diante da gravidade dos fatos, a Polícia Civil trabalhou de maneira complexa desde o dia do acidente e já na ocasião diversas pessoas foram ouvidas. Foi possível apurar que o referido ônibus seguia em direção ao estado do Ceará não possuía cadastro nos órgãos responsáveis para fazer esse tipo de viagem.
Descobriu-se, também, que os passageiros que iam de São Paulo para o Ceará foram captados via agências clandestinas de viagem.

Consta no inquérito que um dos passageiros viu o exato momento em que o motorista e também dono do ônibus conseguiu sair do veículo, fugindo na sequência.

Este motorista se apresentou dois dias depois junto a um advogado na delegacia em Rio Claro confirmou que ônibus não possuía cadastro nos órgãos responsáveis e que, apesar de ser habilitado na categoria “d” estava com a CNH vencida desde o dia 13 de maio de 2019. Com relação à viagem, esclareceu que além de ser dono e motorista, também é agenciador.

No que diz respeito ao estado do ônibus afirmou que o veículo não vinha apresentando problemas mas que um semana antes do acidente levou o veículo para uma revisão em um mecânico de apelido “Treco” mas não passou mais detalhes que pudessem levar a Polícia Civil a localizá-lo.

Laudo Pericial

“O exame do veículo, após o capotamento, revelou fratura em uma das peças do sistema de direção. A peça em questão tratava-se de uma alavanca pertencente ao sistema que transmite os movimentos do volante do veículo às suas rodas. Conhecida como barra de alívio ou ‘steering intermediate arm’, a alavanca prendia-se a um pivô, seu ponto de apoio, e soltou-se por fratura deste pivô. Esse dano provoca a perda de controle de direção do veículo, uma vez que os movimentos do volante deixam de ser transmitidos de maneira adequada às rodas dianteiras.”

Em uma linguagem menos técnica, a barra de direção quebrou, ocasionando o acidente.

Outro ponto importante também foi que o chassi encontrado no veículo pertence a um outro ônibus (ICL 8813) que em 2006 se envolveu em um acidente em Arequipa, sul do Peru, quando levava estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais para um Fórum.

Diante de todas as provas e laudos, a autoridade policial formou sua convicção e disse que de início poderia-se até pensar em uma fatalidade com a quebra da barra de direção mas com a questão do chassi, CNH vencida, falta de registro do veículo nos órgãos de controle e uma agência de viagens clandestinas, o motorista cometeu os seguintes crimes: homicídio culposo na direção de veículo, lesão corporal culposa na direção de veículo e fuga de local do acidente.

Vlada Santis: