O vereador Moisés Marques (PL) prestou depoimento nessa terça-feira (14) durante oitiva da Comissão Processante (CP) que apura investigação de suposta quebra de decoro parlamentar por abuso de poder em fiscalizações nas UPAs de Rio Claro e que pode levar à cassação do seu mandato. A denúncia é de Luisa Ceriani, filha de uma paciente que estava internada em um quarto feminino da UPA do Cervezão e que relata suposta invasão cometida pelo vereador Moisés para fins políticos.
Antes do vereador, a última testemunha de defesa indicada por ele também foi ouvida. A técnica de enfermagem Andréa Cristina Algarve Pires do Prado, que atua há mais de duas décadas no poder público, afirmou em depoimento que durante as fiscalizações de Moisés nunca o viu levar pacientes em frente de consultórios dos médicos na UPA, nem nunca o viu na sala de emergência, que segundo ela é restrita. Disse nunca ter se sentido coagida durante as visitas do vereador e que não há como ele ou qualquer outro vereador ‘furar’ a fila de atendimentos. Também disse que não tem interesse na cassação do parlamentar.
Em seguida, o advogado de acusação, Felipe Falcão, comunicou ao presidente da CP, Hernani Leonhardt, que entrará com pedido de suspeição de todas as testemunhas de defesa de Moisés alegando que todos teriam motivos pessoais para com o vereador. “Perguntamos se queriam que a Câmara casse o vereador, todos responderam categoricamente que não. Isso demonstra interesse na causa”, diz, pedindo a desconsideração das testemunhas. Vaias foram presenciadas na plateia e Marcelo Diniz, advogado de Moisés, lembrou que o colega também fez essas perguntas às testemunhas de acusação. A CP vai analisar o pedido em breve.
O QUE DIZ MOISÉS
O advogado de acusação não quis fazer nenhuma pergunta a Moisés. Já o de defesa fez várias. Ao longo do depoimento, o vereador afirmou que não conhecia a denunciante nem sua mãe que estava internada na UPA do Cervezão, que teve conhecimento através da própria denúncia e do acesso ao vídeo anexado na investigação que, segundo ele, foi a própria filha quem gravou. Disse que o local onde estavam não seria área restrita da unidade e que estava lá por que outros pacientes o chamaram.
Disse que não esperava ser filmado pela mulher e que tudo teria sido uma armação. Afirmou que a denunciante é esposa do presidente do sindicato que representa os servidores municipais. Que ela não reclamou com ele diretamente no dia dos fatos, que ela estaria de pijama, não de roupas íntimas.
Sobre as fiscalizações, afirma que somente este ano já fez mais de 130 ofícios à Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro solicitando melhorias no setor. Que já flagrou representantes comerciais de venda de medicamentos dentro dos consultórios médicos da UPA da Av. 29 em horário de atendimento de pacientes. Que alguns dos médicos que testemunharam pela acusação têm cargos comissionados e que os terceirizados seriam de uma empresa não regularizada.
Também que todas as testemunhas de acusação não presenciaram os fatos narrados pela denunciante de que ele teria causado constrangimento à sua mãe e a desacatado. Moisés afirma, por fim, que atuou dentro dos limites do papel fiscalizador de vereador, sem destratar pacientes e funcionários da saúde ou qualquer outra área, e que se trata de uma denúncia mentirosa.