Mãos que deixaram o crime

Carine Corrêa

Muitas mãos deixaram o crime em nome de um bem maior: a mudança de vida

As mãos que já seguraram um revólver, trabalharam recentemente na reforma de uma escola. Trata-se de um dos 226 reeducandos do Centro de Ressocialização Masculino (CRM) de Rio Claro envolvidos na pintura da Escola Estadual Nelson Stroili. A oportunidade oferecida pelo governo em todas unidades do Estado reuniu 20 reeducandos da unidade de Rio Claro nesse trabalho.

Foram mais de 30 dias no curso dividido em dois módulos: o teórico (25 horas) e o prático (75 horas), que resultou na escola reformada para receber os alunos no início do ano letivo. Na parte prática, os reeducandos permaneceram na escola de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. “As pessoas que são encaminhadas para o Centro de Ressocialização passam por uma entrevista e, portanto, são pré-selecionadas. No entanto, procuramos dar nesse trabalho a oportunidade para os reeducandos com melhor comportamento”, detalhou o diretor do CRM Márcio Manoel dos Santos.

Diretor da escola Nelson Stroili, Rogério Ruba só teceu elogios aos reeducandos que trabalharam na reforma da escola desde o dia 29 de janeiro. “Foram muito profissionais no que fizeram. Não ficaram só na pintura e ampliaram o serviço para a limpeza geral nas dependências da unidade escolar, além da limpeza no entorno da escola. O muro externo também foi pintado e chamou atenção de toda a comunidade, que está satisfeita”, comentou Ruba. Serão 700 alunos da escola beneficiados pela reforma.

Os reeducandos que participaram da reforma da Escola Nelson Stroili receberão uma bolsa-auxílio de R$ 420. Ao todo, a tarefa foi realizada por 455 reeducandos no Estado que cumprem hoje o regime semiaberto “Para cada três dias de trabalho será menos um dia na pena”, acrescentou o agente de segurança do CRM Marcos Luis Monteiro.

Como foi fazer esse trabalho? Um dos reeducandos envolvidos no projeto do estado concedeu entrevista ao JC, mas no anonimato. Ele ingressou no CRM de Rio Claro no dia 1º de novembro de 2011. O motivo? Um assalto que fez em Piracicaba. Passados mais de 4 anos, ele se diz um novo homem. A justificativa por ter se envolvido no crime, foi a falta de oportunidade e ‘sobrevivência’. “Consegui terminar meus estudos. Eu só tinha até a 6ª série e consegui concluir o Ensino Médio dentro do CRM. Meu objetivo saindo daqui é poder trabalhar. Estou com outra cabeça”, disse à reportagem.

Como funciona a rotina de um reeducando? O diretor Márcio Manoel faz questão de enfatizar o trabalho educativo que ocorre na unidade. “Hoje temos 130 presos que estão estudando à noite e são regularmente matriculados na Escola Estadual Barão de Piracicaba. De segunda a sexta-feira frequentam as aulas dentro do Centro de Ressocialização, como alunos normais”, salienta e finaliza o diretor do CRM Márcio Manoel dos Santos.

Redação JC: