JC 81 ANOS: A imprensa dos anos 30 nas eleições

Wagner Gonçalves

Em 1934, o Cidade acompanhou a eleição e duas personalidades foram destaque, dentre elas: Armando de Salles de Oliveira. Fotos: Arquivo Público de Rio Claro

O contexto histórico e cultural dos acontecimentos na década de trinta motivou mudanças em diversos setores do Brasil, em especial no campo político. A Constituição de 1934, consequência da Revolução Constitucionalista de 1932, tinha como objetivo propor melhorias nas condições de vida dos brasileiros, a criação do Tribunal do Trabalho, além de trazer avanços no processo eleitoral, como a inclusão do voto feminino. A imprensa rio-clarense acompanhou esse período de transição, coincidindo com a inauguração do Jornal Cidade.

O Cidade iniciou suas atividades no dia 9 de setembro de 1934, fundado por iniciativa de Humberto Cartolano, um dos cidadãos que lutaram pelo desenvolvimento local, sendo responsável, além do empreendimento jornalístico, pela criação da entidade que precedeu a Associação Industrial e Comercial de Rio Claro (Acirc). Com o final da Revolução, a mudança no panorama político nacional fomentou a reestruturação dos municípios e dos estados, tendo a imprensa importante papel na efetivação da democracia.

Nos meses que antecederam o pleito de 14 de outubro de 1934, as manchetes diziam respeito aos embates políticos dos partidos mais influentes da época. Duas personalidades muito evidentes ganharam notoriedade nas matérias que os jornais publicavam: Armando de Salles de Oliveira e Irineu Penteado. O doutor Ruy Fina, que nasceu no ano de 1933, tomou conhecimento anos mais tarde sobre o importante papel que tais disputas repercutiram no município e no Estado de São Paulo.

Ele comenta que Irineu Penteado, rio-clarense e de família tradicional local, com posicionamento de centro moderado político, tinha grande preocupação com o campo da educação, em especial dos munícipes. “Teve grande influência na criação do grupo escolar que hoje, em homenagem às memórias, leva seu nome”, comenta Fina, ao declamar um poema de Castro Alves que destaca bem a importância do conhecimento e dos livros.

“Oh! Bendito o que semeia/ Livros à mão cheia/ E manda o povo pensar!/ O livro, caindo n’alma/ É germe – que faz a palma,/ É chuva – que faz o mar!”, Castro Alves.

“Ainda chegaremos lá, estamos caminhando para isso”, comenta, dizendo que os passos tomados por Irineu rendem frutos até os dias de hoje.

A personalidade política retratada no impresso da época, Armando de Salles Oliveira, político de direita, também foi destacada, dadas as contribuições para o estado. Um dos grandes méritos de Armando de Salles, dito por ele, foi a fundação da Universidade de São Paulo (USP), visto que na época de criação só havia a universidade do Rio de Janeiro de Olinda, no Pernambuco.

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